A data do 7 de outubro é, inquestionavelmente, uma data histórica. Marca o dia em que a Resistência Palestina reverteu o cenário de censura de sua causa no mundo pelos imperialistas e impôs a libertação do povo palestino como uma pauta urgente da agenda mundial.
Desde que milhares de palestinos atravessaram a cerca que marca o apartheid da Faixa de Gaza para realizar uma epopeica operação patriótica no território ocupado pelo Estado de Israel, a causa palestina tornou-se uma pauta obrigatória em qualquer mobilização progressista, democrática e revolucionária no mundo. Das ocupações estudantis no EUA até tomadas de terras camponesas no Brasil. E em nenhum lugar isso foi mais forte do que no Oriente Médio.
Antes do lançamento da Operação Dilúvio de Al-Aqsa, o Oriente Médio não era o grande palco da luta anti-imperialista mundial observado hoje. O movimento Ansarallah, do Iêmen, operava basicamente contra a coalizão liderada pela Arábia Saudita (e dirigida, de fato, pelo Estados Unidos) que atua em parte do país. O Hezbollah, do Líbano, trocou alguns disparos com o Estado sionista em abril e julho de 2023, sem grandes desenvolvimentos. A Resistência no Iraque era pouco falada. A única frente em desenvolvimento era, basicamente a Resistência na Palestina na Cisjordânia, que desenvolveu suas operações e formou novos grupos ao longo dos últimos anos.
Então, no dia 7 de outubro, os palestinos lançaram o novo capítulo de sua epopeica luta armada por libertação. O Dilúvio de Al-Aqsa deu provas do que pode fazer um povo que constrói Poder político, cria suas próprias forças armadas e mobiliza as massas para a guerra. Os palestinos, o povo árabe mais cercado e agredido pelo Estado sionista de Israel, ao atingir o sionismo em seu núcleo, forçou todos os povos árabes resistentes a se posicionar contra o regime nazisionista de Netanyahu. Se os palestinos, nas condições que vivem, conseguiram fazer aquele ataque, os outros povos também podiam se levantar.
No dia 8 de outubro, o Hezbollah lançou a sua poderosa campanha de apoio ao povo palestino. Abriu uma frente que se tornaria, nos próximos meses, o principal apoio militar à Gaza, a ponto do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu lançar, pouco menos de um ano depois, uma guerra contra o Líbano, na tentativa de disfarçar seu fracasso em Gaza e desatar uma guerra total no Oriente Médio, atraindo ainda mais apoio do imperialismo norte-americano.
Doze dias depois, o movimento Ansrallah, no Iêmen, lançou um vídeo que chocou o mundo: a operação militar de seus combatentes contra um navio israelense no Mar Vermelho. A bandeira da Palestina foi hasteada no mastro da embarcação, que foi conduzida até o porto do Iêmen. Nos próximos meses, o movimento continuou a bloquear embarcações na região. Barcos de outros países com destino ao território ocupado por Israel também passaram a ser bloqueados, em uma sanção ao genocídio que segue até hoje. Os iemenitas não recuaram de suas operações nem mesmo quando seu próprio país passou a ser bombardeado por Israel, EUA e Reino Unido.
Ainda em outubro de 2023, a Resistência Iraquiana mirou foguetes contra as bases do imperialismo norte-americano no país. Solidariedade com Gaza era o mote das operações. Apesar dos ianques terem reforçado a presença de tropas, porta-aviões e aeronaves no Oriente Médio, os patriotas do Iraque nunca recuaram. Na semana passada, eles mataram, pela primeira vez desde 1973, soldados israelenses. A operação com drones ocorreu no Golã Sírio ocupado.
Momentos sublimes de 2024 foram as Operações Verdadeira Promessa 1 e 2, pelo Irã. Lançadas contra a violação da soberania nacional iraniana (primeiro, pela explosão da Embaixada iraniana em Beirute, e depois pelo assassinato de Ismail Haniyeh em Teerã), essas respostas da República Islâmica não teriam ocorrido em momento diferente daquele aberto pelo 7 de outubro. Israel já havia matado importantes líderes do Irã antes, como o general Qassem Soleimani, sem sofrer uma resposta dura. Foi o cenário de luta anti-imperialista e antissionista aberta pela Resistência Palestina que permitiu ao Irã agir. E a resposta favoreceu, acima de tudo, a própria luta palestina.
Isso tudo impulsionou e foi impulsionado, em um movimento de retroalimentação, pela mobilização das massas populares em todo mundo, mas principalmente no Oriente Médio. Enquanto as organizações militares, formadas pelos povos desses países, principalmente camponeses, coordenavam operações contra o sionismo e o imperialismo, o povo se mobilizou, desde em outubro, em manifestações que tomaram as ruas do Irã, Iraque, Jordânia, Iêmen e Cisjordânia (Palestina), para citar só alguns exemplos do Oriente Médio. Muitos protestos ocorreram na frente das Embaixadas ianque ou sionista dos países.
Um movimento que forçou os Estados desses países, até mesmo aqueles mais alinhados ao EUA, a repensarem suas posições. A Arábia Saudita, por exemplo, fiel lacaio do imperialismo norte-americano na região, passou a defender um cessar-fogo com termos aceitos pelo povo palestino. Em 2024, o príncipe do país, Mohammed Bin-Salman, disse que estava com medo de ser morto pela juventude do país, fortemente mobilizada pelo sentimento pró-palestina e condenatória das posições do governo saudita.
Um ano depois do lançamento da Operação Dilúvio de Al-Aqsa, não há sinais de reversão nessa tendência. Com o aumento da luta anti-imperialista regional, que atinge novos vultos com a invasão sionista no Líbano, a Resistência Palestina só pode se fortalecer, necessariamente enfraquecendo o inimigo sionista. Essa é somente mais uma das capacidades, comprovadas em 12 meses pela Resistência Palestina, de uma guerra justa.