109 anos de Pedro Pomar: Pelo caminho de Pedro Pomar

109 anos de Pedro Pomar: Pelo caminho de Pedro Pomar

Nota da redação: No dia 23 de setembro foram celebrados os 109 anos do natalício do grande dirigente comunista Pedro Pomar. Como parte das homenagens a este grandioso revolucionário brasileiro, o jornal A Nova Democracia republica artigo do professor Fausto Arruda.

O centenário do nascimento de Pedro Pomar foi comemorado pela Frente Revolucionaria de Defesa dos Direitos do Povo (FRDDP). Foi uma solenidade marcada pelo compromisso ideológico expresso nas colocações de velhos quadros comunistas, pela emoção e, também, pela juventude, pelos camponeses, pelos operários, pelas mulheres e pelos professores, todos representando organizações classistas de luta. Não foi sem razão que a maioria das intervenções apontou no sentido de seguir o caminho de Pedro Pomar.

O Partido Comunista do Brasil em suas várias fases, até ser liquidado enquanto partido revolucionário no final dos anos de 1970 pela camarilha revisionista de João Amazonas, produziu uma grande quantidade de quadros dirigentes que se destacaram nas lutas revolucionárias, seja como teóricos, seja como dirigentes práticos ou como detentores das duas qualidades.

Em correspondência com as oscilações ideológicas do partido, a maioria destes quadros dirigentes não sustentou a coerência e firmeza que Pedro Pomar manteve desde quando ingressou no Partido, em 1932, até o final da vida, em 1976. Pomar foi brutalmente assassinado com mais de 50 perfurações de tiros de diferentes calibres, na conhecida “Chacina da Lapa”, executada pelos órgãos de repressão do regime militar, ação terrorista realizada pelo comando do II Exército, Operação Bandeirantes-OBAN e DOPS de São Paulo.

Em defesa do Partido e da Revolução

Consciente e com apurado espírito de vanguarda, Pedro Pomar esteve diretamente envolvido em todas as questões importantes da vida do partido, empenhando-se sobremaneira por assimilar e dominar a ciência do proletariado revolucionário em seu desenvolvimento, o marxismo-leninismo e o pensamento Mao Tsetung (como ainda se concebia o maoísmo na época). E foi à luz deste esforço que se desdobrou nos estudos para sintetizar a realidade do país nas formulações programáticas, em suas grandes linhas de estratégia e tática, bem como nas questões específicas da linha de massas para o movimento sindical, camponês, estudantil e da intelectualidade, das questões mundiais e dos problemas do movimento comunista internacional, dos problemas de organização, logística e de segurança da estrutura partidária ao problema militar da revolução brasileira.

Produziu vasta literatura. Boa parte circulou nas páginas da imprensa legal do partido, na qual desempenhou papel dirigente, e nas páginas do clandestino Órgão Central do partido, A Classe Operária, consubstanciando em inúmeros artigos e ensaios sobre os diferentes problemas nacionais, da nossa revolução e da revolução proletária mundial.

Partidário da luta interna como método de defesa dos princípios da ideologia proletária e desenvolvimento da linha revolucionária, Pomar, desde seu ingresso no PCB, participa dos principais momentos de auge revolucionário na vida do partido em sua linha de frente, assim como dos terríveis momentos de baixa. Nestes, quando a capitulação invade as fileiras comunistas, Pomar teve a firmeza inabalável na defesa do partido e da revolução.

Foi assim que, como iniciante na militância comunista, participou do Levante Popular de 1935 e nos anos que se seguiram fez sempre sua defesa, tal como em sua maturidade de militante comunista, quando os revisionistas atacavam aquela experiência revolucionária, destacando mais seus erros do que a importância da ANL e do Levante. Escreveu A gloriosa bandeira de 35, pondo em destaque a luta antifascista tanto a nível nacional como internacional e a luta armada revolucionária como caminho para a libertação nacional e social do povo brasileiro.

Compreendendo, como poucos, a necessidade da existência do partido revolucionário do proletariado como partido de quadros e de caráter de massas, empenhou-se em sua reorganização, em 1943, participando da Comissão Nacional de Organização Provisória – CNOP e da histórica Conferência da Mantiqueira.

Depois de combater as concepções revisionistas de Prestes expressas na “Declaração de Março de 58” e nas teses do V Congresso de 1960, refutando-as em defesa do marxismo-leninismo, Pomar tomou parte destacada da comissão de reconstrução do Partido Comunista do Brasil com a adoção da sigla de PCdoB, para diferenciar-se da usurpada PCB, com que o grupo de Prestes denominou seu revisionista Partido Comunista Brasileiro.

Erguendo bem alto a bandeira vermelha do marxismo-leninismo e logo marchando para se acercar do Pensamento Mao Tsetung, ideia que, ao contrário de muitos que apenas formalmente a ela aderiram, Pomar lutou para aprofundar sua compreensão e assimilação, bem como difundi-la em todo partido. Tal esforço ficou expresso na elaboração do documento Guerra popular o caminho da luta armada no Brasil, com o qual o PCdoB buscou desencadear a luta armada revolucionária no campo que resultou na Guerrilha do Araguaia e na defesa da Grande Revolução Cultural Proletária com Grandes êxitos na Revolução Cultural.

Pomar e o internacionalismo

Dando mostra de seu indissociável internacionalismo proletário, hipotecou solidariedade ao Partido do Trabalho da Albânia (PTA), confrontando no Congresso do Partido Comunista da Romênia o próprio Kruschov, quando este destilou sua ira revisionista contra o PTA, partido que, ao lado do Partido Comunista da China, fazia a defesa do marxismo-leninismo, de Stalin, da ditadura do proletariado, da revolução mundial, da luta anti-imperialista revolucionária e do partido comunista como partido de classe do proletariado.

O fato de estar no olho do furacão da maior batalha ideológica no seio do movimento comunista internacional deu-lhe uma visão privilegiada sobre o papel de vanguarda que desempenhava o Presidente Mao Tsetung. Compreendeu o tormentoso combate que o marxismo travava contra o novo revisionismo moderno e do grande salto que representava a Grande Revolução Cultural Proletária como luta onímoda para levar a luta de classes nas condições do socialismo, assegurar o poder da ditadura do proletariado firmemente nas mãos da classe, superar as velhas ideias e a herança de privilégios da sociedade de classes baseada na exploração e avançar na construção do socialismo rumo ao comunismo. Isto Pomar deixou muito bem demarcado em seu já referido artigo Grandes êxitos da Revolução Cultural publicado no A Classe Operária.

Em seu esforço por assimilar profundamente o significado das contribuições do Pensamento Mao Tsetung ao marxismo-leninismo, ao contrário dos que já as renegavam na prática, Pomar mais que nunca primou pelo irredutível rigor científico ao fazer o balanço da experiência do Araguaia.

Empunhou com serenidade o método da luta de duas linhas e com a sagacidade de quem luta para estabelecer a unidade do partido em nova e mais elevada unidade, sem deixar de destacar o heroísmo e a decisão dos que se sacrificaram no Araguaia tentando abrir caminho à revolução brasileira. Apontou com firmeza os erros e suas causas sem quaisquer concessões de princípios.

Demonstrou como a causa do fracasso daquela experiência não podia estar em fatores circunstanciais, específicos e muito menos técnicos, a despeito de suas existências. Revelou o erro de concepção sobre a Guerra Popular que a prática na região do Araguaia expressara. Este debate não pôde prosseguir até ao fundo, pois o brutal assassinato de Pomar, Arroyo e Drumond, partidários que eram da guerra popular – embora com avalições diferentes – desequilibrara a correlação de forças desfavoravelmente à linha revolucionária do partido. E, consequentemente, o Partido Comunista do Brasil foi liquidado pela camarilha de João Amazonas e Renato Rabelo, que soterraram o tema junto com o partido e seus herois, transformados por eles em ícones sem vida.

O partido que o Brasil precisa

Partindo dos ensinamentos deixados por Pedro Pomar e examinando o caminho por ele percorrido, não podemos deixar de destacar como necessidade iniludível para dar continuidade à luta pela revolução brasileira, o que os revolucionários maoístas têm defendido no país, a da reconstituição do Partido Comunista do Brasil enquanto partido comunista marxista-leninista-maoísta. Ou seja, a reconstituição do Partido Comunista do Brasil fundado em 1922, reorganizado em 1962 (na verdade em 1962 o partido foi verdadeiramente constituído enquanto partido marxista-leninista pelo que lutara desde sua fundação sem lográ-lo de fato) e que fora liquidado no final dos anos de 1970.

Reconstituição pautada pelos atributos que marcaram a teoria e a prática revolucionária segundo as contribuições de Marx, Engels, Lenin, Stalin e Mao Tsetung, sinteticamente expressas como três etapas distintas e destas como unidade, o marxismo-leninismo-maoísmo. Partido que esteja ancorado no Manifesto do Partido Comunista escrito por Marx e Engels em 1848, cuja marcante atualidade o torna o programa básico para os que, como Marx e Engels, pleiteiam a existência de um partido diferente e oposto aos partidos até então existentes. Um partido de novo tipo como defendia Lenin ao defender o partido para fazer a revolução e atacava os partidos social-democratas da II Internacional apodrecidos no parlamento. Um partido, como ensinava Stalin, que seja a vanguarda do proletariado e do povo, seu Estado-maior, seu chefe político e militar, para estabelecer e manter a ditadura do proletariado. Um partido para promover necessárias revoluções culturais proletárias para impulsionar a construção do socialismo, conjurar as inevitáveis tentativas de restauração burguesa e assegurar sua transição ao glorioso e luminoso comunismo, como bem asseverou o Presidente Mao Tsetung.

A experiência histórica quanto à reconstituição e reorganização de um partido revolucionário é tarefa que demanda não só tempo como grande esforço e dedicação dos que se empenham em tão grandiosa tarefa. Não se trata de reunir uma dúzia ou mais de estudantes e professores ou de grevistas, como alertava Lenin. Como tem estabelecido o marxismo-leninismo-maoísmo, o partido revolucionário do proletariado deve ter muito clara a sua ideologia, seu programa e sua linha política geral com sua estratégia e táticas, enfim, sua base de unidade partidária e toda sua metodologia assentada na linha de massas.

Ao final de seu lúcido e brilhante balanço da experiência do Araguaia, Pomar afirmou “A bandeira da luta armada, que empunharam tão heroicamente e pela qual se sacrificaram os camaradas do Araguaia, deve ser erguida ainda mais alto. Se conseguirmos de fato nos ligar às grandes massas do campo e das cidades e ganhá-las para a orientação do Partido, não importa qual seja a ferocidade do inimigo, com toda certeza a vitória será nossa”. Suas palavras seguem atuais como nunca, cobrando dos revolucionários brasileiros encarná-las com decisão. A conduta exemplar de Pedro Pomar nos indica seguir este caminho.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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