11 mil camponeses tomam terras em Pernambuco

Em Pernambuco, cerca de 2,8 mil famílias (11.200 camponeses) ocuparam terras nas regiões Metropolitana, Zona da Mata, Agreste e no Sertão.

11 mil camponeses tomam terras em Pernambuco

Em Pernambuco, cerca de 2,8 mil famílias (11.200 camponeses) ocuparam terras nas regiões Metropolitana, Zona da Mata, Agreste e no Sertão.
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Em Pernambuco, cerca de 2,8 mil famílias (11.200 camponeses) ocuparam terras nas regiões Metropolitana, Zona da Mata, Agreste e no Sertão. As ocupações ocorrem desde o início de abril e são parte do Abril Vermelho, uma jornada de luta pela terra organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em memória do massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido em 17 de abril de 1996.

As famílias denunciam que as áreas ocupadas são improdutivas e não cumprem a função social da terra. Os camponeses denunciam também a fome que assola o país e afirmam que as tomadas de terra são a solução para o problema no Brasil.

Os camponeses de Pernambuco somam-se aos mais de 20 mil camponeses que tomaram terras desde o início do ano. As ocupações no estado ocorrem pouco mais de um mês após a massiva onda de ocupações na Bahia [link], que mobilizou mais de 10 mil camponeses, e no Pontal do Paranapanema (SP), que mobilizou 5,6 mil camponeses.

As ocupações

Conforme noticiado por AND, as duas primeiras ocupações dessa jornada mobilizaram cerca de 350 famílias e ocorreram no dia 03/04, em Timbaúba (PE). A região ocupada fica entre os engenhos Cumbe, Juliãozinho e Jussara, que pertenciam à Usina Cruangi, foram desapropriadas pelo governo do estado em 2013. Quando somados, os três engenhos totalizam aproximadamente 800 hectares de terra improdutiva.

O MST informa que outro engenho, o Engenho Pinheiro, ligado à falida Usina Bulhões, foi ocupado por cerca de 400 famílias. O movimento afirma que a área possui irregularidades tributárias. Esta situação se repete em Barra do Algodão (no município de Tacaimbó/PE) e Santa Terezinha (no município de Caruaru/PE), onde 330 famílias ocuparam terras que também possuem dívidas e irregularidades com o velho Estado.

Em Glória do Goitá, 200 famílias ocuparam a Fazenda Boa Esperança, área de uma família latifundiária da região, a família Paes. 

No Engenho Barreirinha, na Usina Santa Tereza, em Goiana, 300 famílias ocuparam área que já foi desapropriada no ano de 2013 pelo governo do estado, porém a Usina ainda manteve as terras sob seu controle na última década. 

O MST também informou que cerca de 600 famílias ocuparam, em Petrolina/PE, uma área da Empresa Brasileiro de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa). Já na Fazenda Santa Maria, em Sanharó/PE, 250 famílias tomaram terras. No Engenho Água Branca da Usina Salgado, em Ipojuca/PE, foi ocupado por 200 famílias.

Desesperado, latifúndio se arma contra ‘Abril Vermelho’

Buscando se antecipar às tomadas de terras, vistas como inevitáveis, os latifundiários têm se armado para intensificar os ataques aos camponeses em luta no país. Na Bahia, no mês de março, dezenas deles se articularam para atuar na repressão e no despejo aos camponeses durante o mês de abril. Tudo isto indica o desenvolvimento da pistolagem generalizada no país – desde de 1985, com a União Democrática dos Ruralistas (UDR), iniciativas para armar os latifundiários têm se repetido e ganhado impulso ano após ano, sem qualquer enfrentamento sério por parte dos sucessivos governos (desde FHC até Bolsonaro e, agora, com, Lula).

Além disso, há iniciativas da Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA) que buscam taxar a luta pela terra como “terrorismo”.

Esta situação, em que apenas em um estado se levantaram mais de 11 mil camponeses em luta pela terra, comprova a centralidade da questão agrária no Brasil. Empurrados pela fome, pela miséria e pela luta contra a exploração do latifúndio, as famílias encontram nas ocupações de terra a solução de seu problema fundamental. 

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