No dia 13 de julho, dezenas de manifestantes se reuniram às 11 horas da manhã na Praça da Cruz Vermelha, Centro do Rio de Janeiro, para denunciar os 12 anos da desativação e demolição do Hospital Central do Iaserj pelo ex-governo Sérgio Cabral e exigir melhores condições de vida para os moradores da região.
A manifestação, que ocorre anualmente há mais de uma década, foi organizada pelo Movimento de Moradores e Usuário em Defesa do IASERJ/SUS (MUDI/SUS) e pela Associação de Moradoras(es), Amigas(os), Trabalhadoras(es) Estudantes e Pacientes do Centro, Lapa e Adjacências (AMATRE/RJ).
O clima chuvoso não desanimou os manifestantes, que montaram uma tenda e estenderam faixas. O Iaserj tinha capacidade para atender mais de 450 leitos. A instituição foi demolida com a justificativa de que o governo construiria uma nova unidade do Inca, proposta que na época foi rechaçada pela possibilidade de construir a unidade em outro terreno. Mesmo assim, o governo demoliu o prédio e nunca construiu o novo prédio do Inca.
Os manifestantes realizaram também a distribuição de panfletos, onde denunciaram a crescente entrega da saúde pública do Rio de Janeiro à iniciativa privada, como por exemplo, com a recente entrega do Hospital Municipal Souza Aguiar a uma empresa por meio da chamada Parceria Público Privado (PPP) sem a consulta dos conselhos de saúde.
A AMATRE/RJ denunciou o projeto REVIVER CENTRO do prefeito reacionário Eduardo Paes, que promove a entrega cada vez maior da região central para os grandes empresários, como a transformação da tradicional Rua da Carioca em “Rua das Cervejarias”, uma glamourização que promete render R$ 900 mil aos magnatas.
O povo exigiu o cumprimento de outras promessas, como a de obras na Clínica da Família (Posto Oswaldo Cruz), projetos de inclusão social da População em Situação de Rua, reconstrução de unidades de saúde fechadas, construção de novas saídas de metrô e o julgamento e prisão urgente dos recursos no STF e STJ de Sérgio Cabral, para não haver prescrição dos crimes contra o povo e pacientes do IASERJ.
Os manifestantes receberam apoio dos trabalhadores e debateram sobre os problemas da região central e da necessidade de expandir os serviços de saúde e barrar as privatizações. Ao final do ato, os manifestantes prometeram expandir a luta pela saúde pública e por uma região central que sirva aos interesses do povo.
A destruição do Iaserj ocorreu com uma batalha entre o povo e policiais enviados pelo governo para expulsar médicos e pacientes, inclusive aqueles internados no CTI, que foram transferidos sem a autorização dos médicos do IASERJ para o Hospital Getúlio Vargas, onde cerca de 15 pacientes em estado grave vieram a óbito poucos dias depois. Na ocasião, a transferência dos pacientes foi assinada por médicos externos comandados pelo então Secretário Estadual de Saúde Sérgio Côrtes.
O correspondente local de AND esteve presente na época cobrindo a resistência
popular em defesa do hospital público. A luta foi toda coberta pelo jornal A Nova Democracia.