O resultado do segundo turno das eleições ao parlamento francês deu vitória para a Nova Frente Popular, que obteve o maior número de assentos na Assembleia Nacional. Contudo, a coalizão não obteve maioria. A extrema-direita do Reunião Nacional não conseguiu garantir a vitória que se desenhava no primeiro turno. A líder ultrarreacionária Marine Le Pen, em entrevista, afirmou que “a vitória foi apenas adiada”. O Juntos, de Emannuel Macron, ficou em segundo lugar, sendo a coalizão que mais perdeu cadeiras em relação à última eleição parlamentar ocorrida em 2022. A que mais ganhou foi a extrema-direita (Reunião Nacional, com 143 cadeiras, 55 a mais), seguida pela Nova Frente Popular (182 cadeiras, com 33 a mais).
Logo após o primeiro turno, a coalizão da falsa esquerda se uniu à direita imperialista de Emmanuel Macron. A estratégia, batizada como “cordão sanitário” contra a extrema-direita, foi anunciada após o Reunião Nacional ter conquistado 33% dos votos na primeira edição da farsa eleitoral francesa.
A falsa esqueda, porém, desde o início da disputa eleitoral fez constar, em seu programa eleitoral, uma série de posições direitistas. Dentre elas críticas aos “massacres terroristas do Hamas” e seu “projeto teocrático”, num autodeclarado “apoio” ambíguo à causa palestina que reverbera concepções veiculadas pelo sionismo.
Ainda que o líder da “França Insubmissa” Jean Luc Mélenchon tenha afirmado que “a Nova Frente Popular está pronta para governar a França” e tenha destacado seu “programa ecológico e social”, sua coalizão não obteve os 189 assentos para formar a maioria necessária para indicar o primeiro-ministro.
Enquanto o acordo de Macron com a Nova Frente Popular é esperado, novas crises políticas já dão os seus primeiros sinais: o primeiro-ministro Gabriel Attal, do Juntos, colocou o cargo à disposição. Macron, porém, pediu para Attal permanecer no cargo “em prol da estabilidade do país”.
Dentro desta nova situação, ainda que a extrema-direita não tenha conseguido seu objetivo no pleito atual, questões sensíveis para os trabalhadores franceses estão longe de estarem decididas. A maioria do novo parlamento é favorável, por exemplo, à contrarreforma da previdência, que, ao ser anunciada pelo governo Macron, em 2023, levou milhões de franceses às ruas.