Análise – Os Fuzis: entre o novo e o ressentimento

Tribuna de debates sobre arte e cultura promovidos no âmbito do Coletivo Cultural do AND, que conta com atividades semanais de promoção da cultura popular.
Ruy Guerra, diretor de "Os Fuzis".

Análise – Os Fuzis: entre o novo e o ressentimento

Tribuna de debates sobre arte e cultura promovidos no âmbito do Coletivo Cultural do AND, que conta com atividades semanais de promoção da cultura popular.

Publicamos, aqui, resenha do apoiador do Coletivo Cultural AND, Ayinde Bakari de Oliveira Garcia*, sobre o filme Os Fuzis, que será assistido e discutido no cine-debate promovido pelo Coletivo Cultural em 18 de julho.

A princípio parecendo se tratar de uma dicotomia entre a figura do Gaúcho e dos soldados logo é apontado o quão similar eles na verdade são entre si. Difusa é a linha que os separa. Ao mesmo tempo que a câmera no filme nos faça lembrar o quão opressiva a figura daqueles de farda é ali, e a do Gaúcho é mais ampla e preocupada com o coletivo, logo nos é apresentado o quão talvez ter servido tanto tempo ao lado uns dos outros os faça mais parecidos entre si do que uma primeira olhada contaria. Sustentado tanto por humanizar quanto culpabilizar os militares por todo o mal que fazem à população, uma vez que mesmo quando o Gaúcho se compadece do falecimento de uma criança, filha de um camponês, ele também culpa a vítima por supostamente ter deixado a criança morrer. Se colocando também como um alguém superior uma vez que ele cai atirando, não “morrendo atoa” como o mesmo coloca. Os Fuzis acaba por ser um filme muito interessante nas possibilidades imagéticas que traz, como a cena de amor entre Luísa e Mário que tem seu som substituído pelos cantos do sertão nordestino; criando assim um contraste entre a resistência e a melancolia que ela apresenta num primeiro momento resistindo à investida dele, como uma forma de representar o que caracteriza o que sobrou do povo daquela cidade, fome e ressentimento.


*Ayinde Bakari de Oliveira Garcia, filho de Valéria Monã (atriz, bailarina, animadora cultural, diretora de movimento e preparadora de elenco) e Carlos Renato Garcia Padilha (mestre Renato da Capoeira Angola), sobrinho de Vânia Massari e neto de Wanda Ferreira da Baixada. Estudante de Cinema e Audiovisual da FACHA, Botafogo.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
Agora, mais do que nunca, AND precisa do seu apoio. Assine o nosso Catarse, de acordo com sua possibilidade, e receba em troca recompensas e vantagens exclusivas.

Quero apoiar mensalmente!

Temas relacionados:

Matérias recentes: