30 anos da Chacina de Vigário Geral: o terrorismo de Estado continua

No dia 29 de agosto completou-se 30 anos da "Chacina de Vigário Geral", quando no ano de 1993, 21 trabalhadores foram assassinados na favela em uma expedição punitiva da Polícia Militar (PM), após a morte de quatro policiais.
Imagem dos trabalhadores assassinados na chacina de Vigário Geral. Foto: Marcia Foletto/ Foto de arquivo
Imagem dos trabalhadores assassinados na chacina de Vigário Geral. Foto: Marcia Foletto/ Foto de arquivo
Imagem dos trabalhadores assassinados na chacina de Vigário Geral. Foto: Marcia Foletto/ Foto de arquivo

30 anos da Chacina de Vigário Geral: o terrorismo de Estado continua

No dia 29 de agosto completou-se 30 anos da "Chacina de Vigário Geral", quando no ano de 1993, 21 trabalhadores foram assassinados na favela em uma expedição punitiva da Polícia Militar (PM), após a morte de quatro policiais.

No dia 29 de agosto completou-se 30 anos da “Chacina de Vigário Geral”, quando no ano de 1993, 21 trabalhadores foram assassinados na favela em uma expedição punitiva da Polícia Militar (PM), após a morte de quatro policiais.

Um dia após a morte dos policiais, em 28/08, mais de 30 PMs encapuzados invadiram a comunidade e conduziram o massacre deliberado dos trabalhadores. Hoje, na comunidade, uma placa rememora os assassinados e suas profissões: morreram operários, estudantes, ambulantes, enfermeiros, entre outros trabalhadores que, no dia, se encontravam em massa na rua para comemorar um jogo do Brasil nas eliminatórias para a Copa do Mundo.

O Massacre ficou marcado, assim como outros episódios de chacina cometidos pelo velho Estado brasileiro contra o povo, pela impunidade. De 52 pessoas denunciadas (dentre eles policiais militares, policiais civis e informantes da polícia) pelos 21 assassinatos, 45 foram absolvidas. Sete foram condenados no primeiro julgamento, e, por terem penas acima de 20 anos, um novo julgamento realizado absolveu três deles.

Dos apenas quatro condenados, um faleceu antes de sofrer qualquer punição. Outros receberam liberdade condicional e tiveram a pena extinta. O único PM que continua preso, assim está por ter sido pego em flagrante roubando uma agência bancária enquanto estava foragido, e não pela chacina.

Trinta anos depois, os familiares dos trabalhadores assassinados pela polícia ainda sofrem com as consequências da chacina e pela continuação da guerra reacionária contra o povo. Em entrevista ao monopólio de imprensa reacionário G1, a trabalhadora Iracilda Toledo, que perdeu seu marido, o ferroviário Adalberto de Souza, denuncia que: “Todo dia você vê na televisão que matou um, morreu um”, concluindo com a denuncia: “Eles [PMs] mataram por atacado, e hoje é varejo”.

A brutalidade da chacina

A chacina de Vigário Geral foi denunciada amplamente no Brasil e no mundo pela sua brutalidade absurda.

A operação foi iniciada à noite, com sequências de tiros de metralhadoras disparados por policiais encapuzados contra trailers de comerciantes ambulantes em uma praça da favela. Jovens e trabalhadores foram assassinados logo no início da operação. Um bar onde moradores comemoravam a vitória da Seleção durante um jogo do Brasil na Copa foi alvejado por uma bomba e depois metralhado.

Depois disso, os assassinos cruzaram uma rua e chacinaram uma família inteira. Foram assassinados o vigia Gilberto Cardoso dos Santos, sua esposa, Jane, e seus cinco filhos, de 15 a 33 anos, além da nora do casal, de 18 anos. A chacina contra a família foi considerada por investigações como “queima de arquivo”, uma vez que um policial teria invadido a residência sem capuz. Outras execuções foram realizadas entre becos e vielas da favela.

Chacinas contra o povo prosseguem mais frequentes que nunca

As policiais brasileiras, tanto no Rio quanto no Brasil, seguem com as chacinas e operações policiais como um dos métodos mais utilizados para impor choque de ordem, controle e cerco aos bolsões de miséria espalhados pelo país.

No Rio de Janeiro, três das maiores chacinas ocorridas durante operações policiais ocorreram nos desde 2020, sob o governo do reacionário Cláudio Castro. A maior delas foi a “Chacina do Jacarezinho”, onde as vidas de 29 jovens foram ceifadas em uma operação comandada pela Polícia Civil e integrada pela PM. A repressão insuportável das massas não parou na chacina, continuando com a ocupação militar da favela com o programa “Cidade Integrada”, como medida de contenção à rebelião popular.

Prosseguem, ainda, as operações de vingança: em SP, a operação policial genocida no Guarujá, intitulada “Escudo”, segue após um mês e já acumula 23 assassinatos de moradores de diferentes favelas da cidade, além de diversos casos de tortura. A chacina foi realizada após a morte de um policial da Rota. 

Trata-se de uma política demarcada do velho Estado brasileiro contra o povo, buscando mantê-lo submetido à completa falta de direitos e à miséria, sem chances de se defender.

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