38º ENEPe: Balanço – Um encontro de luta, marcado pelo classismo e combatividade

38º ENEPe: Balanço – Um encontro de luta, marcado pelo classismo e combatividade

Reproduzimos balanço emitido pela Executiva Nacional de Estudantes de Pedagogia em seu portal na internet: exnepe.org


38º ENEPe: um encontro de luta, marcado pelo classismo e combatividade

Realizou-se com sucesso o 38º ENEPe! Diversas delegações de todos os cantos do país, respondendo ao chamado da Executiva Nacional de Estudantes de Pedagogia, mais de 400 estudantes de pedagogia se reuniram em União dos Palmares.

Foi um encontro de luta do início ao fim, visto que várias delegações tiveram que enfrentar tentativas de sabotagem antes mesmo de de virem para Alagoas. Encastelados na burocracia universitária, oportunistas de toda a laia tentaram evitar a vinda dos estudantes combativos, seja cancelando os ônibus em cima da hora ou cobrando taxas altíssimas de “manutenção” dos ônibus. Os estudantes não se intimidaram, e como faz um movimento estudantil independente, se lançaram a luta por garantir com as próprias forças os recursos necessários para a viagem, realizando vigorosas campanhas de finanças. Só na capital paulista, os companheiros levantaram mais de 5 mil reais com uma venda de doces.

Toda essa luta se refletiu na participação no encontro. Os estudantes que tanto lutaram para estar ali, se engajaram ativamente na construção do encontro, engajando-se desde o primeiro dia nas comissões de trabalho, desde a creche, passando pela limpeza, alimentação e até à política de encontro. Aí está o legítimo 38º ENEPe: independente, classista e combativo, cumprindo como deliberações do 37º ENEPe de realizar um ENEPe de luta no estado de Alagoas.

38º ENEPe: Creche 38º ENEPe: Oficina de confecção de cartazes 38º ENEPe: Apresentações culturais, delegação do PR 38º ENEPe: Apresentações culturais, delegação de MG

Da esquerda para a direita: Creche; Oficina de Confecção de cartazes; Apresentações culturais, delegação do PR; apresentações culturais, delegação de MG.

A qualidade dos debates também foi impressionante. Na mesa sobre a Autonomia Universitária, debatemos sobre a necessidade de uma ciência à serviço do povo e a necessidade de defender com unhas e dentes a gratuidades das universidades públicas, que assim como a verdadeira autonomia, podem ser garantidas na medida em que haja democracia dentro das universidades, ou seja, liberdade de pensamento, cátedra e organização. E isto corresponde a luta pelo co-governo estudantil, ou seja, a participação dos estudantes em 50% de cada um dos órgãos e conselhos deliberativos das universidades. Este é o único caminho para manter a universidade gratuita, dar suporte aos estudantes, e garantir que a comunidade tenha acesso ao ambiente acadêmico, para que alunos ouvintes, como o caso da estudante Tarsila, não sejam impedidos de ter acesso a uma sala de aula dentro da universidade.

Debatemos também sobre a luta contra o fechamento das escolas e universidades, e a defesa da gratuidade. Foi denunciado o papel do imperialismo na educação brasileira, que por um lado jogam cada vez mais a educação nas mãos dos tubarões do ensino, e por outro, através do Banco Mundial e do FMI interferem diretamente nos currículos desde a educação básica até a superior . É contra estes projetos que conclamamos:

Enterrar a falsa-regulamentação da profissão do Pedagogo!
Transformar a “Residência Pedagógica” em Resistência Pedagógica!
Derrubar os muros da universidade, servir ao povo no campo e na cidade!

O aspecto cultural também marcou forte presença no 38º ENEPe. Desde a Plenária de Abertura, que se iniciou com uma grande apresentação do grupo da comunidade de remanescentes quilombolas Muquém, valorizando a resistência da cultura popular da região. No 38º ENEPe teve grupos culturais, bandas de rock pop e forró, grupos de rap, de teatro e programas como o samba de coco, capoeira e o Coco de Roda do grupo Flor de Mandacaru, que se apresentou no Centro de Educação da UFAL.

Realização de importantes trabalhos de campo, como uma visita à comunidade remanescente de quilombolas do Muquém, visita à Serra da Barriga, sede do histórico Quilombo dos Palmares, e uma visita à uma área camponesa. No sábado, organizamos uma grande atividade de passeio coletivo e lotamos vários ônibus para levar estudantes de todo o Brasil às mais belas praias alagoanas. Essa foi também uma importante lição de classismo e de coletividade.

38º ENEPe: Noite das Delegações, apresentação do RJ 38º ENEPe: Noite das Delegações: Apresentação do RJ 38º ENEPe: Grupo Flor de Mandacaru 38º ENEPe: Saudação às delegações.

Da esquerda para a direita: Noite das delegações, apresentação do RJ; noite das delegações, apresentação do RJ; Grupo Flor de Mandacaru; Saudação às delegações

Nossa manifestação contundente impactou toda a universidade de Alagoas, com o objetivo de reivindicar uma retratação por parte da reitoria da universidade por sua atitude antidemocrática e autoritária quando da expulsão da companheira Tarsila e da perseguição política à ExNEPe na UFAL. Num clima de grande vitória, após o vigoroso ato, realizando uma “Noite das Delegações” no Centro de Educação da UFAL, com apresentações culturais organizadas por várias delegações do encontro.

Por fim, antes de encerrarmos nosso encontro, elegemos as seguintes sedes para os próximos encontros nacionais da ExNEPe:

23º FoNEPe: UNEB – Juazeiro / Bahia

39º ENEPe: Unifesp – Guarulhos / São Paulo

Além disso, e principalmente, aprovamos um plano plano de lutas conclamando todo o país a derrotar de vez a regulamentação da profissão do pedagogo ainda neste ano! Ao final do 38º ENEPe, homenageamos não apenas os melhores trabalhos apresentamos, como companheiros que trilham o caminho da luta popular em nosso país, dirigentes camponeses e ativistas.

Uma homenageada de honra foi a nossa companheira Remís Carla. Ao final da belíssima e tocante homenagem realizada pelo MFP – Movimento Feminino Popular, ao som do seu nome, centenas de companheiras responderam:  PRESENTE NA LUTA!

Este 38º ENEPe foi uma vitória importante na luta contra o oportunismo, em especial contra o imobilismo e a burocracia universitária. Realizamos um vigoroso encontro, massivo, democrático, classista e combativo! Ao obter este conjunto, com o seu reconhecimento nas mãos, mais de 400 estudantes de pedagogia agora retornam para suas regiões convictos de que uma luta popular, independente, classista e combativa, é o único caminho para o defender do ensino público, gratuito, democrático e serviço do povo!

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