Durante o segundo dia de atividades do 38º Encontro Nacional dos Estudantes de Pedagogia (ENEPe), realizado em União dos Palmares (Alagoas), foram realizados importantes debates sobre a autonomia universitária e uma educação que sirva ao povo e não aos monopólios, no dia 12 de julho.
A primeira mesa do dia teve como tema Autonomia Universitária sob ataque! Democracia universitária e participação estudantil nas universidades!.
O primeiro palestrante da mesa, o professor Batista (Escola Popular) começou sua explanação saudando o centenário da Revolta de Córdoba, episódio histórico de rebelião estudantil por uma reforma democrática nas universidades. Ele expôs que este tipo de reforma nunca ocorreu nas universidades do Brasil, sendo essa instituição ainda a serviço de três grandes estruturas – o latifúndio, o imperialismo e a grande burguesia. O professor foi enfático no que deve ser o papel das universidades: “Uma universidade que sirva às classes populares. Uma universidade nacional, científica e de massas. Uma universidade de novo tipo”.
O professor ressaltou a importância da defesa do co-governo estudantil, ou seja, uma direção composta metade por estudantes e metade pelos trabalhadores em educação, defendendo os estudantes na linha de frente do gerenciamento de suas universidades. “Devemos seguir o exemplo dos estudantes combatentes da Uerj com o Ocupa Bandejão, seguir o exemplo da juventude combatente do Chile, seguir o exemplo do espírito indomável da Juventude Palestina e transformar as universidades em verdadeiras trincheiras de combate!”.
Taina, membra da Executiva Nacional de Estudantes de Pedagogia, reforçou em suas falas a pauta do co-governo, como principal luta para a autonomia das universidades.
Para exemplificar a fragilidade da democracia e autonomia dentro das universidades, denunciou as práticas fascistas da Universidade Federal de Alagoas pela expulsão e perseguição política da estudante Tarsila.
A universitária havia ingressado na UFAL para o primeiro semestre de 2018 no curso de pedagogia, mas passou a frequentar as aulas como ouvinte no fim de 2017, com a total permissão e ciência dos professores. A estudante foi expulsa pela reitoria em uma das aulas, com a UFAL negando seu direito como aluna ouvinte na universidade, e cancelou sua matrícula.
Ao fim da palestra, foi entoada pelos estudantes de pedagogia a palavra de ordem: Derrubar os muros da universidade, servir ao povo no campo e na cidade!
Também esteve presente no evento a professora, escritora e doutora em educação Marilsa Miranda de Souza. A professora veio ao evento expor sobre o tema 200 anos de Karl Marx – Marxismo e Educação, e pela divulgação de seu livro e tese de doutorado Imperialismo e educação no campo.
Em sua palestra, explanou sobre a perspectiva marxista sobre a educação, contrapondo as teorias subjetivistas e pós-modernistas que focam apenas no indivíduo e seu crescimento pessoal e negam a principalidade da educação política e a forja da prática social.
Com a palavra, aponta o que Marx pensava como essencial para uma educação com caráter de classe e a serviço do povo: “Um ensino que una a instrução intelectual, a educação física e a introdução tecnológica” e ressaltou a importância da “união do trabalho manual com o trabalho intelectual em nossas escolas”. Porém, sem ilusões com esse velho Estado burguês-latifundiário, Marilsa afirma: “Nenhuma proposta de educação verdadeiramente popular e democrática pode ser implementada sem, antes, a classe operária se apropriar dos meios de produção. O principal é a tomada do poder. Para construir a educação socialista é preciso primeiro alcançar o socialismo”.
A exposição foi aplaudida de pé pelos estudantes presentes.
Ao fim do segundo dia de atividades (12 de julho), os estudantes de pedagogia se dividiram em três grupos de debate. Foram iniciadas as discussões sobre propostas para a conformação do Plano de Lutas para a pedagogia, que será votado ao final do evento, no domingo.