O presidente ultrarreacionário do Estados Unidos (EUA), Donald Trump, é reprovado por 43% dos brasileiros, conforme apontado por uma pesquisa de opinião realizada pela Genial/Quaest divulgada nesta terça-feira (08/03). A pesquisa foi realizada entre os dias 27 e 31 de março, dias antes do tarifaço promovido pelo governo ianque contra mais 185 países, incluindo o Brasil – o que significa que a reprovação, hoje, deve ser ainda maior.
O levantamento aponta ainda que o número de pessoas que compreendem que o governo norte-americano é regular, 23%, em comparação com os governos de turno anteriores, é aparentemente superior aos 22% que acreditam que o governo é bom.
Trump é mais rejeitado entre o povo preto
O rechaço é ainda maior entre a população preta (53%), mas ainda é grande entre pessoas pardas (43%) e brancas (40%). Isso provavelmente está relacionado aos discursos racistas e chauvinistas de Donald Trump, seu vínculo com grupos supremacistas brancos – como os Proud Boys e outros que tomaram parte do ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2022 – e ao crescimento da violência policial a pessoas pretas no primeiro mandato trumpista.
Um caso emblemático foi o assassinato de George Floyd, que gerou manifestações antirracistas multitudinárias em rechaço à violência policial contra o povo preto. Na ocasião, os manifestantes enfurecidos chegaram a cercar a Casa Branca e ocupar seu quintal, obrigando Trump a se refugiar em um abrigo subterrâneo.
Evangélicos rechaçam governo
Trump também é reprovado entre a população evangélica: destes, 36% reprovam o governo e 31% aprovam. Esse número é importante, uma vez que inúmeros pastores costumam apresentar os EUA como uma “nação protestante”, muitas vezes promovendo a criação de igrejas (“church”) para os imigrantes brasileiros e hispânicos.
O rechaço desse setor ao governo também tem uma base material, como a permissão, por Trump, de que agentes de imigração invadissem escolas, hospitais e igrejas atrás de imigrantes em situação irregular. Um caso que ganhou repercussão entre a comunidade evangélica foi o caso de Lucas Amaral, marido de Suyanne Boechat Amaral, cantora gospel da igreja Lagoinha que foi preso pela imigração após ser parado em uma blitz. O líder da Lagoinha, pastor André Valadão, chegou a comentar o temor dos fieis falando em tom irônico, dizendo que alguns estavam “com medo até de levantar a mão”.
Mais razões
Há outras razões concretas para o ódio popular ao governo de Trump: a inflação caiu pouco no País (2,8%) e tende a crescer depois do tarifaço do governo ianque. Os juros continuam elevados (4,25%-4,5%) e o Banco Central ianque (FED, na sigla em inglês) disse que vai mantê-los assim eplo menos até junho. Além disso, Trump começou, em janeiro, uma verdadeira “caça às bruxas” contra imigrantes e ativistas pró-Palestina. Entre o dia 20 de janeiro e o dia 5 de fevereiro, Trump deportou 4,7 mil imigrantes latinoamericanos, dentre eles brasileiros que chegaram algemados e venezuelanos deportados para campos de concentração em El Salvador sob a falsa acusação de serem criminosos – a versão do governo foi desmentida até mesmo por policiais norte-americanos. O número de imigrantes presos em 2025 foi o maior dos últimos sete anos. No âmbito da perseguição aos ativistas pró-Palestina, o governo cancelou vistos de mais de 300 estudantes e prendeu alunos como Mahmoud Khalil, mantido em uma masmorra da Agência de Imigração (ICE). As condições na prisões são brutais, com vários casos de tortura e violação de direitos.
Além disso tudo, o governo Trump extinguiu programas universitários e cancelou renovações de bolsas. Os cortes atingiram agências como a Fundação Nacional de Ciência (NSF), os Institutos Nacionais de Saúde (NIH), a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), a Nasa e a Agência de Proteção Ambiental (EPA). Por conta dos cortes, a EPA ameaçou demitir até 75% de seus cientistas e extinguir seu Escritório de Pesquisa e Desenvolvimento, eliminando 1,1 mil empregos, segundo uma reportagem do jornal monopolista ianque The New York Times.
Revolta popular
Esse conjunto de ataques tem gerado uma onda de revolta no EUA: lojas e carros do chefe do Departamento de Gestão Governamental, Elon Musk, foram sabotados pelo país, imigrantes e norte-americanos progressistas condenaram, em manifestações, a deportação em massa e cientistas fizeram uma manifestação em Washington para condenar os cortes à Educação.
É evidente que esse rechaço generalizado se verificaria também nas massas populares brasileiras – que se revoltaram com o tratamento dado aos trabalhadores brasileiros deportados do EUA. A condenação é maior em Trump do que em outros presidentes norte-americanos, também, porque o atual mandatário concentra em si e nos seus ataques às massas populares a essência escancarada do imperialismo norte-americano – o que os “Democratas” do país também fazem, mas de forma dissimulada; o ex-presidente norte-americano, Joseph Biden, por exemplo, deportou 36 brasileiros por semana em seu governo, mas as notícias nunca chegaram às manchetes.