5 anos das Jornadas de Junho de 2013 – Massas se rebelaram contra exploração e opressão

5 anos das Jornadas de Junho de 2013 – Massas se rebelaram contra exploração e opressão

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Reproduzimos, por ocasião dos 5 anos das Jornadas de Junho de 2013, uma série de matérias a recordar o que foi este marco da luta popular de nosso país, onde abriu-se um novo ciclo da luta de classes.


O povo se levanta em todo o país. Viva a rebelião da juventude!

Centenas de milhares de jovens se levantam e ocupam as ruas em todo o país em combativas jornadas de lutas.

Primeiro foram os protestos contra o aumento das tarifas do transporte público em Porto Alegre e Goiânia. Logo desataram massivas manifestações em São Paulo que desembocaram em enfrentamentos entre a juventude e as forças de repressão do velho Estado. Foram vários dias de combates nas ruas. Povo versus bombas, gás de pimenta e balas de borracha.

A selvageria das forças policiais foi respondida com ainda mais massas nas ruas e aumento da combatividade. O ódio represado por décadas de oportunismo eleitoreiro e 12 anos de gerência do oportunismo do PT/pecedobê/PSB, da roubalheira desenfreada, da corrupção, dos ataques aos direitos do povo, rompeu os diques da contrapropaganda do gerenciamento oportunista Lula/Dilma arrastando torrentes de massas para a luta. Ao mesmo tempo em que surgiam manifestações de solidariedade em outros países, novos e massivos protestos eclodiram em várias capitais e outras cidades brasileiras. A juventude se levanta e os reacionários tremem!

No início de maio, os estudantes de Porto Alegre viveram mais uma vigorosa lufada de lutas que já vinham ocorrendo nos anos anteriores. Milhares de jovens tomaram as ruas e enfrentaram as forças policiais.

Logo a onda de manifestações chegou em Goiânia. Estudantes das principais escolas e universidades ingressaram decididamente na luta. Cinco combativos protestos que contaram com crescente adesão de estudantes e trabalhadores, responderam com firmeza aos ataques policiais, bloquearam as principais vias da cidade e ocuparam os terminais do transporte público. Os protestos convocados pela Frente Contra o Aumento deram mostras de robustez e crescente organização. Os manifestantes atravessaram cordas no trajeto dos protestos para impedir o avanço da cavalaria, montaram barricadas, picharam ônibus com palavras de ordem contra o aumento das passagens e forçaram o gerenciamento municipal a recuar e suspender o aumento das tarifas.

Rebelião nas grandes cidades

Foi uma questão de tempo para o exemplo dos primeiros combates da juventude elevarem a temperatura das mobilizações em todo o país.

Em 6 de junho, ocorreu o primeiro dia nacional de luta contra o aumento das passagens. Além dos estados já mobilizados, milhares de jovens tomaram as ruas de São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. Ocorreram escaramuças entre manifestantes e policiais em todos os protestos, prisões, estudantes e policiais feridos.

Em São Paulo e no Rio de Janeiro a adesão das massas cresce a cada dia. Grandes manifestações concentram-se nas áreas centrais da cidade e se voltam contra órgãos da gerência do velho Estado, bancos e representações das máfias dos transportes e forças de repressão. Se no princípio as manifestações expressavam falta de organização, resultando em ataques desordenados, na medida em que avançaram os protestos vão aumentando as ações mais combativas e organizadas.

E os protestos se espalharam como rastilho de pólvora. Maceió, Vitória, Salvador, Belém, Curitiba, Recife, Porto Alegre, etc, totalizando 12 capitais e pelo menos 16 outras cidades (até o fechamento dessa edição de AND, 18 de junho). No dia 17 de junho os protestos atingiram o auge de mais de 300 mil manifestantes nas ruas, sendo mais de cem mil no Rio de Janeiro, 80 mil em São Paulo, 20 mil em Belo Horizonte, 15 mil em Porto Alegre, 13 mil em Belém, dez mil em Brasília e Curitiba, cinco mil em Fortaleza, cinco mil em Vitória, quatro mil em Salvador, dois mil em Alagoas, etc. A onda de protestos se alastra rapidamente chegando também às cidades do interior.

Os de cima não podem agir como antes

E frente ao crescente protesto popular, as classes reacionárias expõem suas podres entranhas. Em Paris, o gerente estadual de SP, Geraldo Alckmin (PSDB), exaltou a repressão e tachou os manifestantes de “baderneiros”. Já o prefeito Haddad afirmou que nos três primeiros protestos a repressão “foi exemplar”, mas que no quarto dia de protestos, em que mais de 200 manifestantes foram detidos, a coisa “não ficou bem” para a polícia, mas que manteria o aumento das tarifas.

No Rio de Janeiro um atordoado Sérgio Cabral Filho surgiu diante das câmeras, buscando desqualificar e desconhecer a dimensão dos protestos que cresciam a olhos vistos.

O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho; o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo; e gente da “situação” e da “oposição” no Partido Único das classes dominantes, todos foram forçados a defender essa democracia de fancaria e justificar a repressão apregoando que “protestar tudo bem”, contando que não interrompa o trânsito, que não seja contra a farra da Fifa, que não seja contra as imposições da grande burguesia, do latifúndio e do imperialismo.

Um protesto contra a Copa das Confederações em Brasília trouxe a tona esquemas de espionagem e intrigas entre as próprias forças governistas, dando a entender que as pugnas no seio do PT e da gerência do velho Estado vão muito além do que revelam.

Apalermados com a dimensão do protesto popular, os gerentes do velho Estado em todas as esferas atiram para todo lado.

Assim, o senador Paulo Paim, do PT, quando da ocupação do Congresso pelos manifestantes, não perdeu a pose, elogiou o movimento “pacífico”, condenou os “vândalos” e colocou a culpa do aumento dos preços “nos empresários”. Chegou a dizer que os esforços da “presidenta Dilma” para desonerar a cesta básica e as tarifas de transporte não foram acompanhados pelo empresariado, que mesmo assim aumentaram os preços. É mesmo é?

Já no dia seguinte, 18 de junho, Dilma manobrou para tentar ganhar alguma simpatia do movimento e disse em discurso que: “O Brasil hoje acordou mais forte. A grandeza das manifestações de ontem comprovam a energia da nossa democracia. A força da voz da rua e o civismo da nossa população. É bom ver tantos jovens e adultos, o neto, o pai, o avô juntos com a bandeira do Brasil cantando o Hino Nacional, dizendo com orgulho eu sou brasileiro e defendendo um país melhor. O Brasil tem orgulho deles”.

Não fosse isso uma característica do oportunismo mais rasteiro, poderia ser caracterizado como moléstia mental.

Os de baixo não aceitam seguir como antes

O levantamento da juventude em curso também é uma enorme lição para grande setor das massas que ainda mantinham ilusões com o oportunismo eleitoreiro, sobretudo com o oportunismo do PT/pecedobê/PSB, que se lambuzou até fartar da gerência semicolonial e tendo comemorado o auge de sua popularidade, vê surgir enormes fissuras em seu gigante de pés de barro. Tanto o oportunismo na gerência do velho Estado como as demais frações do Partido Único têm direta responsabilidade pela brutal repressão desencadeada contra os protestos.

O mesmo se pode dizer das ilusões pacifistas. Enquanto UNE e outros grupos menores radicais de boca e eleitoreiros de fato, ofereciam flores à PM, centenas de milhares de jovens rompem as barreiras policiais, enfrentam as bombas e balas de borracha (e até munição letal), cercam prédios e instituições do velho Estado e desenvolvem, em meio a luta, sua organização e formas de resistência classistas e combativas.

Em 17 de junho, além de derrotar mais uma vez as bombas e balas de borracha, de enfrentar tiros de fuzis e encurralar as forças policiais no Rio de Janeiro em vários combates nas ruas, os manifestantes cercaram as sedes das gerências do velho Estado na capital fluminense, em São Paulo e Brasília. No Rio, centenas de manifestantes enfrentaram a polícia e atacaram o prédio da Assembleia Legislativa, que tantas vezes aprovou leis antipovo e o aumento da repressão contra as favelas. Em São Paulo, milhares cercaram o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo, e por pouco não arrombaram seus portões. Em Brasília, a multidão ocupou o Congresso Nacional. Os manifestantes não queriam audiências ou protocolar suas reivindicações, e sim dar um recado em alto e bom som gritado em uníssono em todo o país: “o povo acordou!”.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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