5 pessoas são assassinadas na Ladeira dos Tajabaras em chacina policial

Agentes da Core arrastaram um cadáver de um homem morto pela favela e atravessaram o caminho de uma criança. A mãe foi obrigada a cobrir os olhos da filha para ela não ver o morto. 
Policiais passam com cadáver em frente a criança voltando da escola. Foto: Márcia Foletto/Agência O Globo

5 pessoas são assassinadas na Ladeira dos Tajabaras em chacina policial

Agentes da Core arrastaram um cadáver de um homem morto pela favela e atravessaram o caminho de uma criança. A mãe foi obrigada a cobrir os olhos da filha para ela não ver o morto. 

Cinco pessoas foram chacinadas durante uma operação da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil ontem (15/04)  na Ladeira dos Tabajaras, zona sul do Rio de Janeiro. 

A operação está sendo marcada pelo máximo de brutalidade das tropas policiais. Em uma ocasião, agentes da Core arrastaram um cadáver de um homem morto pela favela e atravessaram o caminho de uma criança. A mãe foi obrigada a cobrir os olhos da filha para ela não ver o morto. 

Essa é a primeira grande operação policial no Rio de Janeiro com saldo de várias mortes após a aprovação da ADPF 635, a ADPF das “Favelas” no Supremo Tribunal Federal. A ADPF abriu caminho para operações mais sanguinárias ao tirar restrições ao uso de helicópteros e permitir operações perto de escolas, hospitais e clínicas de saúde sem aviso prévio aos diretores e médicos responsáveis.

Se antes os policiais já não respeitavam as restrições, agora eles estão livres para abusar: na operação no Tabajaras, os moradores filmaram um helicóptero dando voos rasantes por mais de 30 minutos pela favela. “O helicóptero passa em cima da minha varanda dando volta. Dá pra ver ele fazendo rasante na Tabajaras enquanto se ouve uma fuzilaria tremenda. Já tem uma meia hora direto. Há muito tempo que não acontece isso. Não tem ninguém na rua”, contou um advogado, morador do Bairro Peixoto, ao Tempo Real RJ.

Operações de vingança

A operação da Core segue a estratégia policial de implementar o terror contra o povo nas favelas através do máximo de violência. Isso é ainda mais verdade em operações de vingança, como é a atual, deflagrada depois da morte de um policial alvejado ao reagir a um assalto. 

De acordo com o levantamento “Estado Letal”, do Instituto Fogo Cruzado, feito em 2023, as polícias do Rio realizam, em média, três chacinas por dia na região metropolitana do estado. do total, 18 aconteceram depois que um policial foi morto ou ferido, deixando 117 pessoas assassinadas. Segundo os dados, operações policiais motivadas por vingança são 70% mais letais do que as demais. 

Algumas das maiores chacinas do Rio foram executadas para fins vingativos. Em 2021, um ano após o Supremo Tribunal Federal (STF) exigir o fim das operações policiais em favelas, a Polícia Civil executou ao menos 29 pessoas com tiros de arma de fogo e a facadas. Segundo relatos, a operação ficou mais violenta após um policial ser alvejado em confronto. 

Também em 2021, policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) executaram a tiros e facadas ao menos 13 moradores do Complexo do Salgueiro. Na ocasião, os militares invadiram a casa, fizeram churrasco e depois levaram malas com dinheiro da população. Na ocasião, mais de 1.500 tiros foram efetuados contra os moradores do Salgueiro.

Aumento da violência policial em 2025

Em 2025, durante os primeiros 75 dias do ano, houve um aumento de 58% de vítimas de bala perdida. Destes, 66% foram atingidos como resultado direto de operações policiais, totalizando 27 casos, dos quais sete terminaram com a morte das vítimas.

A Polícia Civil chegou a invadir o campus da Fiocruz, no bairro de Manguinhos, durante uma operação policial no dia 8 de janeiro. Na ocasião, quatro pessoas foram mortas e o segurança da Fiocruz foi arbitrariamente preso enquanto tentava evacuar o pátio, que continha crianças, idosos e pacientes médicos. O laboratório de vacinas Bio Manguinhos teve as janelas quebradas por uma bala disparada de um fuzil policial e uma trabalhadora ficou ferida com os estilhaços. 

De acordo com um levantamento divulgado pelo monopólio de imprensa O Globo, 147 pessoas morreram em confrontos provocados pela polícia entre os meses de janeiro e fevereiro de 2025 no estado do Rio de Janeiro, apresentando um aumento de 27% de mortes em relação ao mesmo período de 2024. 

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