Uma recente pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que, em 2022, 22% dos jovens brasileiros não estudavam e nem trabalhavam. A situação piora conforme a renda da família é menor: nos lares que representam os 10% domicílios mais pobres do Brasil, 49,3% dos moradores da faixa etária entre 15 e 29 anos não estudavam nem trabalhavam. Tal cenário é sintoma do sucateamento sistemático da Educação pública em diversas escalas, desde a fundamental até a superior e técnica, e da profunda crise econômica que se encontra o capitalismo burocrático no Brasil, com índices galopantes de desemprego e informalidade.
A mesma pesquisa apontou que esse número representava, em 2012, 41,9% dos jovens, o que aponta que em 10 anos o número cresceu em 7,4%. Os números acompanham o aumento do desemprego, que em 2012 estava em 6,9% e em 2022 chegou a 9,3%. Isso, claro, nas classificações de desemprego um tanto restritas do IBGE, que levam à subestimação dos dados pela divisão em “desempregados” e “desocupados”, por exemplo, e sem contar o índice de informalidade de 39,6%.
Entre os 10% mais ricos do país, a situação se inverte. A pesquisa aponta que nesses domicílios apenas 7,1% dos jovens não estudam e trabalham, número que diminuiu em relação a anos anteriores. São as consequências diretas do próprio desenvolvimento da crise, com consequências brutais principalmente para o povo e as demais massas populares, lançando milhões de jovens ao desemprego e que não afetam em praticamente nada os 10% mais ricos. Do total de 10,9 milhões de jovens que não estudavam ou trabalhavam em 2022, 61,2% eram pobres.
Destaca-se ainda que a pesquisa foi feita em um dos primeiros anos após o período de pandemia no Brasil, usado pelo governo para promover o genocídio do povo pobre e durante o qual a crise já instaurada se agravou e o sucateamento do Ensino público tomou novos vultos, com a generalização do Ensino à Distância (EaD). Ambos os fatores desempenharam papel central em aumentar o nível de desemprego e informalidade, bem como em distanciar os jovens das escolas. Nesse cenário de aprofundamento da crise geral, generaliza-se também a falta de perspectiva na juventude, que perde as esperanças da busca por emprego ou de qualificação profissional. Uma outra pesquisa divulgada pelo IBGE nesse ano também corroborou com esse cenário ao revelar que, no ano de 2023, o número de estudantes da rede pública que prestaram provas para o Enem teve uma queda de 50%.