Uma série de manifestantes e jornalistas presos em diferentes episódios de luta popular continuam alvo da repressão na Turquia. São ao menos 69 manifestantes que foram presos por participarem de manifestações no dia 1° de maio, na Praça Taksim, e no dia 20 de maio, data de comemoração da vida do chefe comunista turco Ibrahim Kaypakkaya.
Os manifestantes foram presos nas ruas e em casa. No dia 21 de maio, vinte e sete ativistas e jornalistas sofreram batidas policiais. Três deles, Öyküm Bozbay, Batuham Yanar e o jornalista da Gazeta de Patia, Ali Kadir Güler, foram liberados no dia 29/05, mas os outros seguem encarcerados. Não há justificativas sólidas para a prisão, apesar de casos assim serem recorrentes na Turquia. Em outros casos similares, órgãos da imprensa democrática turca ou os próprios manifestantes já afirmaram que esse nível de repressão expressa o desespero do Estado turco e do atual presidente, Recep Tayyp Erdogan, bem como das classes dominantes do país, frente à mobilização popular e à Revolução Turca.
A situação também segue grave para os presos do 1° de maio: dezessete leitores do jornal da organização revolucionária Partizan que foram presos na data, seis dos quais ainda estão atrás das grades, foram convocados a depor frente ao juiz, acusados de “fazer propaganda para uma organização terrorista” e “louvar o crime e os criminosos”. O chefe do escritório do Ministério Público da Turquia tem agido com gravíssima arbitrariedade, e exigiu, para outros 42 manifestantes, penas que somam 567 anos de prisão. Ele chegou a montar dois casos para os manifestantes: um atinge 30 deles com exigência de 13 anos e 6 meses de prisão para cada um, enquanto outro mira 12 manifestantes e soma 162 anos de pena. Eles são acusados de “violar a lei de encontros e protestos”, “resistir para impedir o cumprimento do dever”, “lesão intencional” e “dano ao patrimônio público”.
Também no final de maio, o judiciário turco decidiu por manter presas 8 pessoas, dentre as quais estavam revolucionários da Revolução Turca e leitores do Partizan. Um dos acusados, o revolucionário turco Nihat Konak, perseguido desde o final da década de 1990 e que foi agora processado com base em textos políticos publicados, afirmou que há uma grave campanha de perseguição, na qual está envolvida a “polícia, as prisões, a imprensa e o sistema judiciário”.