Começou hoje (21/10), em Londres, o julgamento do crime cometido pela empresa Samarco, da multinacional BHP (anglo-australiana) e da Vale, em Mariana no dia 5 de novembro de 2015.
O caso era para ter sido julgado em fevereiro, mas na época o judiciário britânico adiou o início das audiências por um pedido da grande mineradora Vale.
Familiares das 19 vítimas do rompimento da barragem, que levou ao vazamento de 44 milhões metros cúbicos de lama tóxica, se reuniram em frente a um prédio da Corte britânica para exigir punição à BHP.
Eles estão acompanhados de representantes de comunidades indígenas e quilombolas que foram atingidas pelo rompimento da barragem e de movimentos de apoio aos afetados.
Ao todo, o processo contabiliza cerca de 620 mil vítimas, dentre eles 23 mil membros de comunidades tradicionais quilombolas e indígenas.
As pessoas afetadas são de 46 municípios. A extensão é tão grande porque a lama percorreu 675 km, atingiu o rio Doce e chegou até o oceano Atlântico. Além de Minas Gerais, o Espírito Santo e Sul da Bahia foram afetados.
As faixas mostram rostos das pessoas que foram assassinadas pela Samarco com o questionamento, em inglês, Essas são as vítimas do Desastre da Barragem de Mariana. Quando elas terão justiça?.
“A gente não vai desistir, estaremos aqui de cabeça erguida. A gente não está aqui pelo dinheiro, estamos aqui para ver justiça. Tiraram 19 vidas e isso não pode ficar assim”, comentou Pamela, que perdeu a filha no crime, à uma reportagem do jornal monopolista Folha de São Paulo.
Os protestos são importantes porque as grandes mineradoras frequentemente tentam evadir das punições. Os judiciários, por sua vez, comprados pelos magnatas, também beneficiam as grandes mineradoras e, mesmo nos casos das penas, não obrigam as indenizações a serem pagas.
Em 2023, um levantamento do jornal monopolista O Globo mostrou que nenhuma indenização foi paga integralmente às famílias afetadas pelos rompimentos de barragem de Mariana e de Brumadinho (2018).
Além disso, a legislação brasileira para fiscalização, controle e segurança das barragens não mudou de forma significativa depois dos crimes.