‘A América Latina enfrenta a mais profunda recessão em mais de meio século’, lamenta FMI

‘A América Latina enfrenta a mais profunda recessão em mais de meio século’, lamenta FMI

Alejandro Werner, mais alto representante do FMI na América Latina. Foto: DYN/ Archivo

O maior representante do Fundo Monetário Internacional (FMI) na América Latina afirmou que o momento atual será e já está sendo “a mais profunda recessão em mais de meio século” para a região. A entrevista foi concedida ao monopólio de imprensa El País, no final de março de 2020. Alejandro Werner aponta “para outra década perdida, mesmo que a recuperação econômica seja rápida” para os latinos.

De acordo com Werner, a crise atual, “por ser um choque global, todos os spillovers [o efeito transbordamento] do exterior vão afetar a região simultaneamente: recessão em todos os parceiros comerciais; queda nos termos do intercâmbio; crise no mercado de petróleo, com queda no preço superior ao justificado por menor atividade; queda no turismo; queda nas remessas; saída maior nos fluxos de capital do que na crise financeira mundial. Será a recessão mais profunda em mais de meio século”, diz.

Segundo ele, mesmo que seja rápida em 2021 e continue nos anos seguintes, a década de 2015 a 2025 provavelmente será outra década perdida em termos de produção per capita.

Quando perguntado se, “diferentemente da última crise, a de 2008, a América Latina não tem o salva-vidas das matérias-primas”, o diretor do FMI no departamento do hemisfério ocidental respondeu: “Aquela não foi uma crise de mercados emergentes. A região, em média, vinha de anos muito bons e tinha margem para ação. Além disso, os preços das matérias-primas se recuperaram rapidamente em razão da demanda chinesa. Desta vez é difícil esperar um impulso muito importante do lado das matérias-primas. O impacto na região será muito importante”.

Werner disse que “dificilmente se pode imaginar um choque com essa quantidade de elementos negativos para a região: é de demanda e de oferta, agravado pela queda no preço do petróleo”.

A realidade da crise

No fundo, a crise que assolará profundamente a América Latina é uma crise do imperialismo e do capitalismo burocrático. O imperialismo produz mais mercadorias do que os baixos salários permitem às massas comprar, e mesmo tendo produzido uma riqueza enorme, os trabalhadores são obrigados a passar fome.

Diante disso, os burgueses, que não aumentam os salários porque não quer tomar prejuízo com seus concorrentes e por isso explodem a crise, são obrigados a parar a produção, demitir milhões de operários em todo o mundo, o preço das mercadorias baixam porque ninguém pode comprar e as fábricas são desmontadas e fechadas.

Na América Latina, pelo fato de ser uma região semicolonial, com indústria muito frágil e dominada pelos imperialistas, a “recessão” (palavra usada pelos imperialistas para atenuar a gravidade da crise) será ainda pior, devido ao fato de toda suas finanças dependerem de matérias-primas, que já são de baixo valor e baixam muito o preço devido à paralisação da produção mundial.

A crise, a miséria das massas e a destruição das finanças de todas as nações, especialmente as oprimidas, é culpa do imperialismo e da forma como produz as riquezas, baseada na apropriação individual dos capitalistas, que acumulam fortunas inimagináveis, privando as massas de usufruir da riqueza quem produzem. A crise é resultado disso. Aos poucos, os operários e massas populares vão lutando contra os efeitos do imperialismo, vão tomando consciência disso e entendendo a necessidade da Revolução.

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