Uma pesquisa revelada no último dia 4 de dezembro pela Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (IPEC), revelou que a cada 10 brasileiros, 7 já vivenciaram algum evento climático extremo (alagamentos, inundações, apagões, ciclones, queimadas, entre outros). A pesquisa revelou também que os mais pobres são os mais afetados por tais eventos.
Os eventos climáticos que mais afetaram a população, de acordo com a pesquisa, foram: chuvas fortes (20%), seca e escassez de água (20%), alagamentos, inundações e enchentes (18%), temperaturas extremas (10%), apagão de energia (7%), ciclones e tempestades de vento (6%), queimadas e incêndios (5%). Vale destacar que a pesquisa foi realizada no mês de julho de 2023, quando ainda não havia tido a ocorrência dos ciclones na região Sul.
Os mais pobres são os mais afetados
Além de ter indicado quais são os eventos climáticos que mais afetam o povo, a pesquisa estipulou quais parcelas da população são mais afetadas. Para isso, a avaliação utilizou as divisões artificiais e superficiais de “classes sociais” em A, B, C, D e E. De acordo com a pesquisa, alagamentos, inundações e enchentes preocupam em média 23% de todos os brasileiro. Entretanto, 25% dos mais pobres (que a pesquisa chama de classes D e E) se preocupam com esse tipo de evento climático extremo, 19% das pessoas de classes mais abastadas (que a pesquisa chama de classes A e B) compartilham a preocupação.
O valor elevadíssimo de brasileiros afetados pelos efeitos dos eventos climáticos extremos revela o quadro de completa falta de estrutura fornecida pelo velho Estado para a prevenção e contenção desses desastres. Nesse quadro generalizado de falta de estrutura, é evidente que os mais pobres, sem condições de financiar mecanismos de prevenção ou contenção por conta própria, são as maiores vítimas.
Nas recentes enchentes e ciclone extratropical no Sul, por exemplo, o campesinato mais pobre sofreu gravemente pelo arrasamento de sua produção. Os efeitos poderiam ter sido contidos com abrigos de emergência ou mesmo migração temporária dos animais de criação para outros locais, por exemplo. Apesar de uma definição não tão clara de classes sociais, é possível a partir desses dados ter um panorama claro de que as classes mais afetadas pelos eventos climáticos extremos são os mais pobres, inclusive o campesinato.
Além do exemplo dos ciclones, a pesquisa trata ainda dos “apagões de energia” enquanto eventos climáticos extremos. Contudo a ocorrência constante de apagões de energia nos últimos tempos decorrem principalmente de uma insuficiente estrutura energética que também leva uma grande parte das classes populares a sofrerem com os blecautes, como ocorreu em São Gonçalo e na Rocinha, no Rio de Janeiro, onde centenas de milhares de pessoas, principalmente massas populares empobrecidas, passaram dias sem energia elétrica.