A cada dez salas de aula no Brasil, sete não são climatizadas, revela Inep

Uma recente pesquisa realizada pelo Inep revelou que a cada dez salas de aula no Brasil, sete não são climatizadas. Situação revela grau de precarização da educação pública no país.
Estudantes exigem ar-condicionado em salas de aula. Foto: Banco de Dados/AND

A cada dez salas de aula no Brasil, sete não são climatizadas, revela Inep

Uma recente pesquisa realizada pelo Inep revelou que a cada dez salas de aula no Brasil, sete não são climatizadas. Situação revela grau de precarização da educação pública no país.

De acordo com dados do estudo realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), o Brasil conta com um baixíssimo número de salas de aula climatizadas na rede pública de educação: a cada dez salas de aula, somente três contam com sistema de climatização. Essa situação ocorre em um período de crescentes cortes orçamentários na educação pública do país.

O estudo aponta também que cerca de 764 cidades do país não possuem nenhuma sala de aula com ar-condicionado, considerando redes escolares municipais e estaduais. O sucateamento é tão grave que existem estados que a ínfima minoria das escolas contam com climatização, como é o caso de Minas Gerais. Lá, apenas 8% das salas de aula da rede estadual são climatizadas.

Esse cenário se mostra presente inclusive em capitais e regiões metropolitanas. Das sete principais capitais brasileiras, somente três contam com mais da metade das salas de aula climatizadas. A cidade de Diadema, na Região Metropolitana de São Paulo, não possui nenhuma sala de aula climatizada, apesar de existirem mais de 15 mil salas de aula na cidade.

Essa situação é recorrentemente denunciada por estudantes de todo o País. Recentemente, alunos de diferentes escolas da rede pública de Manaus realizaram contundentes denúncias contra a situação da precarização das escolas e a falta de climatização. Em meio ao calor amazônico com média de 37ºC, diversas escolas não contavam com nenhuma climatização. Em entrevista ao Comitê de Apoio ao AND – Manaus, um estudante revelou, dentre outras denúncias, que diversos alunos deixaram de ir à escola por conta dessa situação.

Em meio ao calor, estudante leva ventilador para escola em Manaus. Foto: Banco de Dados/AND

É inegável que a situação de insalubridade das escolas em um período particularmente quente do ano é um fator que prejudica significativamente o aprendizado dos alunos, como também se apresenta como condições de trabalho inadequadas aos professores. O pesquisador Caio Marçal, da Faculdade de Educação da USP, afirmou ao monopólio de imprensa O Globo que “a situação de desconforto faz com que o corpo não mantenha o foco do que está sendo passado na sala de aula. Se tira o aluno da zona de bem-estar, os níveis de atenção fatalmente decaem” 

Os cortes orçamentários e a farra dos monopólios da educação

A situação precária das escolas públicas do país é de responsabilidade direta dos cortes orçamentários crescentes realizados pelo velho Estado contra a educação no país. Desde o ano de 2019, o governo não cumpriu nenhuma meta de orçamento estipulada pelo Plano Nacional de Educação (PNE), que exige que até 2024, 10% do PIB esteja sendo destinado à educação. A porcentagem do PIB com essa destinação durante todos esses anos não passou de 5,6%.

A mesma tendência tem sido seguida pelo atual governo. No último dia 28 de julho, Luiz Inácio realizou um corte de R$ 332 milhões na educação pública, tanto básica quanto superior. Já em setembro, o governo iniciou planos, tanto pelos ministérios quanto pelo Senado, para não pagar o piso mínimo da Educação no ano de 2024. Por outro lado, a iniciativa privada – e seus planos privatistas de “conectividade”, distantes dos interesses dos estudantes que carecem de infraestrutura básica nas escolas –, foi agraciada com R$ 6,6 bilhões no final de setembro. 

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