Produziu um verdadeiro frenesi no monopólio de imprensa e no governo oportunista a notícia de que o Brasil está sendo considerado um melhor credor internacional. Foi o que afirmou a Fitch Ratings (uma das três maiores agências de classificação de risco de crédito do mundo), no dia 26 de julho. Segundo seus cálculos, agora o Brasil está com a nota de crédito “BB”, e não mais “BB-”.
A agência afirmou em nota que “a atualização do Brasil reflete um desempenho macroeconômico e fiscal melhor do que o esperado em meio a sucessivos choques nos últimos anos, políticas proativas e reformas que apoiaram isso e a expectativa da Fitch de que o novo governo trabalhará para melhorias adicionais”.
A nota de crédito do Brasil foi rebaixada pela agência em 2018, antes da pandemia de Covid-19, por conta do escalonamento da crise econômica e das dificuldades do governo de turno de Bolsonaro em aprovar contrarreformas reacionárias, como a “reforma da previdência”, “reforma tributária” etc. a o novo teto de gastos intitulado demagogicamente de “arcabouço fiscal”. Não à toa, a Fitch Ratings vê com grande otimismo o “avanço das reformas econômicas” realizadas neste primeiro semestre do governo de Luiz Inácio, demonstrando a satisfação da oligarquia financeira internacional para com o novo governo de turno do oportunismo. Como perspectiva, a agência pontua que vê como grande progresso a aprovação das reformas e a atual estabilidade de governabilidade. A Fitch destaca ainda como “ponto positivo” a queda da inflação de 11,9% para 3,2% e a estabilidade da taxa Selic em 13,75% ao ano. Além disso, projeta que o PIB tenha um crescimento de 0,7% para 2,3%.
Os elogios de uma agência a serviço da oligarquia financeira internacional ao governo de Luiz Inácio só comprovam uma coisa: ele está a serviço dos grandes magnatas do sistema imperialista mundial.
O Ministério da Fazenda, afirmou nesta quarta-feira, após a elevação da classificação de crédito, que está comprometido com a agenda das contrarreformas reacionárias em curso e que tal medida “contribuirá não apenas para o melhor balanço fiscal do governo, mas também levará à redução das taxas de juros e à melhoria das condições de crédito, ao mesmo tempo em que assegurará a estabilidade dos preços”. Mas a que custo? Ao custo de aplicar a mesma agenda proposta por Paulo Guedes, durante o governo Bolsonaro. Triste e lamentável, mas é a verdade.
Crescimento de qual economia?
O governo e todos os ideólogos da reação estão comemorando que isso produzirá um avanço da economia, e citam as expectativas de crescimento do PIB para 2,1%, segundo o FMI. Todavia, a verdade é que esse crescimento é artificial, e não significa um crescimento efetivo da economia real. Em primeiro lugar, o crescimento meramente formal deve-se a que o agronegócio crescerá 8% nesse ano. Seu crescimento, no entanto, ao contrário de ajudar na recuperação da economia, se realiza através de isenções fiscais, não pagamento de impostos e baixa produção de empregos. O latifúndio, por exemplo, não é taxado na exportação de grãos, cujo ramo produtivo é um dos maiores da cadeia do agronegócio; assim como, os latifundiários têm acesso a juros subsidiados, como demonstra o Plano Safra, que cedeu mais de R$ 330 bilhões para encher as burras do “agro”. Em segundo lugar, contribui para esse crescimento artificial o fluxo de dólares para especulação financeira, graças aos juros exorbitantes que sugam a economia nacional sem produzir um emprego sequer.
Em suma, o que podemos concluir? Em primeiro lugar, Luiz Inácio, para garantir sua estabilidade no governo e evitar o escalonamento da crise política e econômica, garantirá as medidas reacionárias pautadas pelo establishment das classes dominantes locais e o “centrão”, principalmente quando são bem vistas pelos magnatas do capital financeiro internacional. Em segundo, tais projeções da Fitch impulsionam a propaganda reacionária do governo em relação ao “agronegócio” e à oligarquia financeira, o que significa destinar cada vez mais benefícios e políticas em prol do latifúndio e do imperialismo.
Em contrapartida, ao passo que Luiz Inácio se desmascara ao entregar tudo às classes dominantes do país e do capital imperialista, a luta das massas populares necessariamente atingirá novos patamares para garantir seus direitos.