A fúria quéchua de Celina Malqui e os negócios do esquecimento

A fúria quéchua de Celina Malqui e os negócios do esquecimento

O capataz é a vergonha da colheita.
Os Sinchis, a miséria que se reparte.
Eles trazem a cara roxa das batatas fora de hora.
Eles trazem as bochechas frias do milho já passado.
Eles são a praga na ilusão da boa safra.
A afronta de que pode os sinchis ecoa no altiplano:

Descargan los balazos a los nadie, a los Juan Pérez

1

Magallanes faz o que pode para alcançar o sustento de sua vida precária. Metade do dia, é taxista na ronda interminável pela região central de Lima e arredores; noutra metade, é espécie de ajudante de ordens, se travestindo de acompanhante da família Rivera; é que o patriarca Avelino está consumido em senilidade, já não lembra de nada do que fora a sua vida – se estivera casado, se enviuvara, se viajara ao exterior, se gastara os seus anos de mocidade entre jogatina e goles de pisco, ou se se consumira nos modos arcaicos da província. Do filho Augusto, afamado advogado, Avelino sequer percebe que ele fora de vento em popa, galgando postos, deslocando peças e obstáculos, erguendo empresa, ocupando espaço às colunas sociais e na trata de negócios com os quais costuma atender aos interesses de afortunados que, tal como ele, em Peru e algures, têm por hábito esticar os pés e engendrar patranhas nas redes institucionais do velho Estado liberal burguês. Mas Avelino não lembra de nada. Não lembra do filho crescido se o olha cara à cara, não lhe lança no colo um reclame modorrento, não lhe celebra os feitos, não lhe evoca os termos da infância. Avelino está engatado em silêncio, e de seus olhos a examinar o horizonte o que se percebe é apenas o beco soturno que prenuncia o fim. Mas se morre Avelino, para onde evolará o que ele segreda? Morrerá com ele a memória dos fatos de que ele protagonizara? Onde acessar a réstia indiscreta que persiste apesar do olor avinagrado da tragédia? Ou não esteve a ela, Avelino, o coronel de patentes às emboscadas? Será Avelino, de fato, a nadificação do que ficara para trás a um passado remoto? Será se estende seu mutismo mesmo com relação ao que se dispuser à frente? Será a sua senilidade o signo sintoma de uma condenatória ao instante presente no que está confinado e se deixando consumir? Mas lhe é de boa sentença a sina do tudo esquecer – como se nele os sentidos de que dispõem estivessem sob o lacre benfazejo da incomunicação… 

Magallanes, dissemos, é quem lhe assegura o passeio diuturno e aprazível que ameniza os dissabores acumulados ao longo dos anos. Sob fino trato e precisão pontual, Magallanes contorna a cidade como se desfiasse uma tessitura – forjando a si os buracos da cabeça: olhos, narinas, ouvidos de perscrutar e a carne da palavra que lhe escapasse da boca no intento de nomear o de que escapa a Avelino. 

Magallanes conhece a senha dos silêncios – ele guarda consigo retratos, postais, registros, documentos. Talvez que ele ouse acessar a esta senha de ingresso àquele portal encerrado; talvez Magallanes resolva juntar os cacos soltos de um tempo despedaçado – tempo apagado sob os rigores dos operativos de limpeza, tempos de fornos e de fossas comuns, mas Magallanes é, de algum modo, a existência inquilina de Avelino, como se, ainda agora, estivesse a uma missão militar plasmada pelo oficial superior, e Magallanes, o soldado, fosse mero aparato mecânico de execução, seu artefato, peça e instrumento, dispostos ao servilismo da disciplina militar. 

Todavia, se Avelino é puro esquecimento do que não sabe evocar, Magallanes é o fio da memória temporã, embora calcinada ela própria pela gravidade do vivido e pelo compromisso funcional do silêncio. Sim, o silêncio do que fora, o silêncio do que se há de esquecer, o silêncio do que não se deve ousar nomear. Certa hora do filme A Passageira de Salvador del Solar, Magallenes dirá a Augusto e ao comissário de polícia, diante da mirada esvaziada de Avelino: Sobre o que ocorreu em Ayacucho nos mantemos em silêncio. 

Estranha quadratura esta, a da impossibilidade do narrar – é que se não se pode contar e fazer o registro do que não se lembra (Avelino), tampouco se pode enumerar os fatos concatenados no cárcere da lembrança submetida aos códigos severos da conduta e ao pacto dos vencedores – de que Magallanes é a ponta mais frágil, o recruta convocado à revelia para formar as hostes da contra insurgência, a chusma a que se preparará para os combates nas serras e nas zonas rurais, os Sinchis

E eis que a esta toada, vai girando a moenda dos fatos, tem girado de há muito o círculo vicioso do não-dito, do que se recalca, do que se interdita, do que se esfacela e do que se destina ao esquecimento.

Até que Celina…

2

Celina Malqui está sob contínua, e num crescendo, ameaça de agiotas. Não tardará que seus capangas metam os pés na porta de seu barraco, em uma das comunidades desérticas dos arredores de Lima. Talvez que seja em Carabayllo onde as gentes racionam a água que lhes chega em caminhões pipa e divide de forma comunal uma dieta de lentilhas, arroz e saladas de um dos refeitórios comunitários que lhes garante que a fome não precipite ao óbito a parcela considerável dos trabalhadores. É que, no Peru, a superexploração da força de trabalho se assenta não apenas na opressão de classe, mas que se super intensifica no recorte étnico racial. Na escala decrescente, a base mais larga e oprimida está conformada pelos povos originários de maioria quéchua, assim como pelos seus descendentes miscigenados, os cholos

Celina traz no corpo os traços marcados de seu tronco étnico quéchua – o que lhe confere os signos corporais de seu alijamento. Nunca lhe será vedado o insulto cotidiano que atende à pecha de mestiça – seus olhos de amêndoa repuxados, os cabelos lisos grossos e pretos, a baixa estatura na que não se percebe o acentuado curvilíneo aos quadris. Eis a estampa estigma que a sitia e involucra. Os seus dias, ela os divide entre o salão de cabelereiro de uma periferia arruinada pelo saqueio neoliberal, ou ao auditório da igreja na que a homilia proferida pelo pastor e ecoada por um séquito de funcionários e serviçais faz crer que a sorte de todos, e a de Celina entre estes, depende apenas e tão somente da confiança, cega e surda, de cada qual. Para isto é mister que se exorcize os demônios malfazejos do derrotismo, da apatia e da preguiça – afinal se ao caminho da sorte e da prosperidade parece bastar a eloquência e o vozerio do pensamento positivo; por outro lado, a desgraça e o infortúnio é a chaga de que padece os fracos e incapazes, ou os que não querem nada por preguiça e prevaricação o que os torna merecedor da miséria de que envergam. É que a gravidade da opressão econômica e política não vem desacompanhada do aculturamento que lhe apartando de sua cosmogonia originária, a intoxica pelo pacote tecno-litúrgico da teologia da prosperidade de matriz neopentecostal estadunidense. Celina Malqui está a esta roleta de aflições e injúrias. Celina Malqui está condicionada a este balcão de negócios na que a fé e a credulidade têm seu esteio farto na miséria social que lhe traga e tritura as forças e a dignidade humana. Como se de seus gestos de esforço o que sobressaísse fosse a frivolidade oca e vazia nas que ecoa o tonel de palavras chulas dos agiotas e sacerdotes. Tudo somado, parece que o que resta a Celina é a condenação atroz que a prejulga e culpabiliza. Seu rosto é a superfície de inscrição desta sentença.

É que ela sabe, nós sabemos, não bastam as horas redobradas entre o salão e os biscates nos que Celina faz comércio de bugigangas e quinquilharias, o dinheiro que se levanta é incapaz de se esticar para a trata do filho excepcional, o aluguel da meia-água, as despesas com alimentação, transporte, medicamentos, e os juros de abutre que lhe joga na cara os agiotas. O saldo da conta que não fecha dá as pistas em contra de Celina. Mais dia, menos dia, lhe chegarão os chacais que, em verdade, nunca a abandonaram por um só instante.

E eis que Celina é ‘tornada’ espécie de bomba relógio mal equilibrada sob o corpo-autômato tal como se lhe restasse, em moto contínuo, fazer girar um feixe de funções tangidas pela precariedade. Em Celina, o tempo não se dilui entre o que lhe fora (os acúmulos) e o que virá (sonhos, desejos, projetos), ela parece condenada a um presente contínuo, vergado e retorcido, tempo subsumido pela trava afiada dos suplícios de que há muito a fizeram refém, e que a seus olhos na certa que remete ao que já não pode lembrar, e a um só tempo, ao que não consegue esquecer.

A seu modo, Celina Malqui não destila memória, não evoca o já vivido, é puro e contumaz apagamento. Seus passos parecem conduzi-la ao que lhe precipita como que a um descarrilamento na que a locomotiva da história de seu povo, inscrita desde a superfície profunda da pele, se desatasse dos vagões e seguisse sem rumo, sem prumo, sem destinação elaborada em comunhão ritualística ou elo linguístico. E Celina Malqui se vai costurando nas pregas e buracos do esquecimento. Talvez como Avelino. Mas na certa que não.

Até que Magallanes… 

3

O que estava por detrás do silêncio pactuado de Avelino e Magallanes? Porque não se poderia elucidar de uma vez o que se dera em Ayacucho? Será do mesmo metal o liame que compõe os silêncios de Avelino, Magallanes e Celina? É que em sua superfície rugosa o manto de esquecimento, que adultera e obscurece os fatos no que a história se inscreve e se efetiva, parece supor o alinhavo de uma trama cujos pontos em patchwork avançam por progressões sucessivas que se retroalimentam. Afinal o esquecimento, herdeiro deste silenciar, não lhes depositaria a uma comunidade de afetos e interesses? Adiantamos que não. Todavia sigamos por partes. 

O filme de Salvador del Solar apenas alude de forma vaga e discreta ao recorte temporal que se estende entre 1980-92. Salvador del Solar não se dispôs a contar o entramado da guerra popular que atravessou de extremo a outro o território peruano. Seu filme evoca a condição traumática que se negocia de forma absolutamente distinta e irredutível conforme o lugar que se ocupe na luta de classes e no recorte étnico-racial – como se a trama narrativa que perpassa o filme, por uma discreta linguagem de sinais, se inquerisse em qual fileira se estava (os seus personagens) quando a guerra corria pelos campos e cerros. E, neste sentido, haveria de se dispor em separado a Avelino e Magallanes por um lado, e Celina a outro. Ainda que Magallanes passe os dias nas giras de seu taxi e nos préstimos de ajudante de ordens do Coronel. Ainda que Magallanes também esteja sitiado ao desértico da periferia e que tramite de trampo em trampo para conseguir o seu sustento diário. Ainda que Magallanes grite ou se conforme com a miséria a que está colocado. Entre Magallanes e Celina há um fosso, uma fenda, um abismo no que a travessia não acena com reconciliações protocolares e políticas de Estado. Quando muito, afirmamos apenas que é essa sua condição ‘bastarda’ (a de elo mais fraco) o que confere a Magallanes as senhas de uma revelação possível, afinal ele – como Avelino e Celina – estavam àquela Ayacucho na que o que se viu e viveu não pode se configurar em palavra. E mesmo que se esforce Magallanes a fazer revelar o que está submerso, o filme de Salvador del Solar não se debruçará sobre o véu diáfano da (re)conciliação – o que destacamos ser um de seus pontos de força.

Outro ponto que destacamos acerca do filme de Salvador del Solar é que, se ele não toma a si a tarefa de historiar o conflito, por outro lado, ele tampouco reproduz o lugar-comum e monopólico dos relatos acerca da guerra popular iniciada em 1980 da qual não escapa o relatório gerado pela Comissão da Verdade e Reconciliação peruana. Relatório este que, textualmente, responsabiliza ao PCP-Sendero Luminoso como agente protagonista e causal do conflito que desencadeou a guerra popular. Forma de arrancar da história em sua materialidade concreta e conjuntural as razões que temperaram a conformação dos diferentes estágios e etapas até que fizera declarada a guerra. A este Informe, fica explicitada a sua extração ideológica de defesa da democracia em abstrato e do Estado de direito burguês, no qual a luta de classes, a inconciliável opressão imperialista na forma das corporações monopólicas internacionais e locais, simplesmente não tem lugar. Ou o que é ainda mais grave, quando caracteriza o arsenal prático-conceitual do marxismo como principal instrumento científico de interpretação das contradições e axiomas da sociedade capitalista de forma estigmatizada e desqualificadora. Claro está que em nada que tal alusão nos possa parecer surpreendente.

Dentre as pérolas narrativas do Informe, é curioso o esforço empregado em uma espécie de ‘contorção interpretativa’ que remete a um certo despreparo dos Sinchis no trato com a população rural campesina. É que, apesar do preparo deste destacamento especializado da Guarda Civil na luta contra subversiva, se atribuirá os ‘seus excessos’ no que tange a opressão das comunidades camponesas ao fato de que os Sinchis não foram capazes de separar o joio do trigo. É que, segundo o Informe, como os senderistas se faziam passar por gente comum camponesa de origem quéchua, a violência dos Sinchis teria perdido a mão e qualificado como suspeitosa a toda gente dos povoados. E então, o que se pode aferir foram os excessos que acabariam por gerar o estereótipo de agente de abusos, torturas e violência sexual, o que, segundo o próprio relatório e em seguida, ressaltará que tal pecha se fundamentava em feitos reais. Um destes excessos ou abusos, o Infome descreve em seguida, é o relato de Georgina Gamboa que teria 17 anos em janeiro de 1981:

Me surraram, me bateram e depois começou a me abusar, a me violentarem, me violaram toda, durante a noite; eu gritava, pedia auxílio, me enfiaram um lenço na boca e eu continuava a pedir auxílio, eles me batiam. Estava totalmente machucada, essa, essa noite me violentaram sete, eram sete, sete militares, ou seja, os sete sinchis me violaram. Um saía, outro entrava, outro saía, um terceiro entrava. Eu estava totalmente morta, eu sentia que eu não estava normal. Depois, no dia seguinte, amanheceu, e como quando amanheceu eu parecia uma morta, uma carniça, me jogaram para fora do caminhão, me levaram, me levaram a Cangallo, em Cangallo estive presa também.

Este excesso se revela também em um outro depoimento de uma mulher que fora vítima de violação sexual por parte de outros sete Sinchis no dia 28 de outubro de 1981. Tinha 14 anos quando se deu o fato que se descreve a seguir: invadiram a sua casa, a puseram em um automóvel, a violentaram sexualmente, e a levaram em um helicóptero do qual a balançavam no ar com uma corda amarrada aos seus pés, para que confessasse sua suposta participação no assalto ao posto policial de Tambo

Tal sorte não teria sido a que coubera a Celina Malqui, a personagem do filme de Salvador del Solar? É que, aos 14 anos recém completos, teria sido sequestrada de seu povoado e levada para o Departamento de Polícia de Ayacucho, cujo comandante era o Coronel Avelino. Magallanes acabará revelando o que não poderia romper o referido tapume de silêncio. Avelino a escolhera para si. Era conhecida como a virgem. Ficou enclausurada aos serviços do Coronel Avelino por longos 11 meses, sendo violentada todos os dias. Fora Magallanes, que enamorado por Celina, facilitara a sua fuga. Eis a metade da estória de nossa personagem. A força da evocação a este passado enterrado em fossa comum seria a condição de sua redenção? Não estaria Magallanes rompendo o pacto de silêncio, fazendo emergir (condição de evolar-se) aos arcaicos fantasmas de outro tempo, um tempo de exceção, de excessos e de guerra? Magallanes quer se aproximar de Celina. Seus caminhos para tal são tamanho tortuosos como os que ele terá que percorrer no trânsito desta revelação. É que, a princípio, procurará chantagear a família do Coronel Avelino em troca de uma quantidade de prata que lhe arrancasse do fosso a que está destinado por sua condição de classe sob as baquetas opressoras da burguesia exportadora peruana. Em um segundo instante, resolve entregar o montante de dinheiro a Celina Malqui – que o recusa peremptoriamente. 

O dinheiro não seria a contrafação simulada na direção do resgate de uma dívida até então não resgatada para com Celina? É que ficaremos sabendo pela voz de Celina que fora o mesmo Magallanes quem a tomara de assalto em seu povoado, levando-a ao departamento de polícia. Mas estava-se sob ordens, Magallanes era soldado, um Sinchi, qual seria o seu raio de ação livre? E fora ele quem a soltara. E de Celina virá a outra metade: não sem antes me violentar também. Como condição imposta. Eram tempos de excessos, tempos de exceção, nos que a guerra grassava pelos campos e cerros. Entretanto, ali ao cárcere os humores seriam os mesmos para com os indefesos? Celina recusa o dinheiro, mais do que isto, o devolverá. E eis que agora, será o afamado advogado, quem escolherá doar a vultuosa quantia a Celina Malqui afim de sanar em parte com os danos morais que lhe causara a violação contínua da menina pelo Coronel Avelino, seu pai.

Será em quéchua as palavras de rechaço e não reconciliação proferidas por Celina e diante de todos os seus agentes violadores, os de ontem e os de hoje, os de nome registro civil, ou os agentes institucionais, todos estes seus inimigos, todos estes cúmplices responsáveis pela sua impossível libertação mesmo quando liberada do cárcere de outrora. É que para Celina Malqui libertar-se era voltar aos seus, era dar a volta na gira do tempo que caminha em círculos e retorna até onde se estava e sempre se esteve. Ao chegar a seu povoado, onde que o povoado? Estavam todos mortos, dizimados pela fúria cega dos chacais da Guarda Civil, os Sinchis – àqueles mesmos aos quais o Informe da Comissión de Verdad y Reconciliación peruano afirmou ter sofrido a pecha de estereótipos provenientes do labirinto de simulacros que os senderistas lhes teriam aprontado.

Celina Malqui estará condenada a ser esta corredeira, esta turbulência, esta vazante que corre em círculos que estão condenados a não se fecharem. Por isto, não há como garantir, sob a pleura diáfana e translúcida da palavra uma ação comum, uma comunicação que resgate de sua condição abismal qualquer reconciliação. Porque é da condição trágica, a que Celina Malqui não tergiversa, o não se poder forjar equilíbrio ordeiro e social onde o que há é conflito e guerra prolongada e contínua. A sua fúria proferida em sua língua originária faz lembrar certo canto das mulheres quéchuas no romance Todas las sangres, de José María Arguedas:

Ah á á á…! Uh ú ú ú…!
mamallanri  wak’amk’as
kay chiri sonk’o runamanta.
Ama mamallay llakiychu
k’anchu kark’ anki sonk’ on chirichik’
k’anchu kark’ anki yawarnin pok’ chik.

Yurak’ kuru
Allpa mikuk’
Wañusk a yawar upiak’,
llak’taymanta
tipisunki phuyu
yaku, kausay, wak’ay.
Ah á á á…! Uh ú ú ú…!

Nos dizem que sua mãe chorará
por este homem de coração gelado
Óh mãe! Não te entristeças;
Não fostes quem gelou seu coração;
Não fostes quem converteu em ácido o seu sangue.

Minhoca branca
que come terra,
que bebe sangue morto,
do meu povo te separam
a noite,
a água, a vida, as lágrimas.


Esse texto expressa a opinião do autor.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
Agora, mais do que nunca, AND precisa do seu apoio. Assine o nosso Catarse, de acordo com sua possibilidade, e receba em troca recompensas e vantagens exclusivas.

Quero apoiar mensalmente!

Temas relacionados:

Matérias recentes: