Imagem de uma explosão durante ataque aéreo lançado por Israel no leste da Síria, 13/01/2021. Foto: Reprodução.
Na madrugada do dia 13 de janeiro, aviões israelenses bombardearam massivamente uma região no leste da Síria, supostamente atingindo 15 alvos ligados ao Irã. Um representante da Inteligência do Estados Unidos (USA) declarou à Associated Press que os ataques utilizaram informações fornecidas pelo USA, deixando evidente a colaboração entre a superpotência hegemônica única e seu lacaio no Oriente Médio (Israel).
De acordo com o funcionário, que pediu anonimato, o secretário de Estado ianque, Mike Pompeo, se encontrou pessoalmente com Yossi Cohen, chefe da agência de espionagem israelense (Mossad) no dia 11/01, no restaurante Café Milano, em Washington. Lá, eles discutiram os ataques aéreos de dois dias depois.
Ainda segundo ele, as incursões noturnas de Israel no país vizinho só foram possíveis por meio do fornecimento de inteligência pelo imperialismo ianque. Pelo menos 15 alvos teriam sido alvejados, sendo eles depósitos perto da fronteira com o Iraque usados por grupos apoiados pelo Irã para, supostamente, armazenar e produzir armas.
A agência de notícias oficial da Síria (SANA) afirmou que os ataques atingiram as áreas de Boukamal e Deir Ezzor, no leste do país. O monopólio de imprensa israelense Times of Israel afirma que ataques como esse, distantes da fronteira de Israel com a Síria, são incomuns, embora não inéditos, o que indica um planejamento mais elaborado.
Este foi o quarto ataque relatado por Israel contra alvos na Síria ligados ao Irã nas últimas duas semanas e meia, um aumento significativo do número usual de agressões contra a nação vizinha.
Os ataques aéreos ocorreram apenas horas depois que o ministro da Defesa israelense Benny Gantz visitou a fronteira com a Síria, onde proferiu que Israel continuaria a agir contra seus inimigos “próximos e distantes”.
REPETIDAS AMEAÇAS AO IRÃ
Embora na Síria, este ataque israelense mais recente conta com evidências palpáveis de ter sido orquestrado pelo imperialismo ianque. Embora tenha ocorrido em território sírio, ele demonstra ter como principal objetivo atacar diretamente o Irã e seus aliados.
Ele também ocorre no contexto de repetidas ameaças ao país persa, proferidas pelo secretário de Estado ianque. A mais recente delas ocorreu no dia 12/01, após Pompeo ter se encontrado com Yossi Cohen, quando afirmou em uma coletiva de imprensa em Washington que “os líderes da Al Qaeda estabeleceram uma nova ‘base doméstica’ no Irã”. Ele não apresentou provas ou evidências, todavia.
Em seus últimos dias no cargo, a acusação de Pompeo foi interpretada como uma tentativa de causar o máximo de estrago possível e de possivelmente criar um casus belli que permitiria um ataque ao Irã – a legislação de 2002 do USA permite que o governo tome medidas militares contra a Al Qaeda sem que haja aprovação do Congresso.
Entre 2017 e 2018, após a eleição do arquirreacionário Donald Trump, Pompeo foi nomeado para a direção da Agência Central de Inteligência (CIA). Com esta ação, se tornou o principal responsável pelas ações de terrorismo cometidas pelo imperialismo ianque na história. Em abril de 2019, Pompeo admitiu, enquanto participava de uma discussão de perguntas e respostas na Texas A&M University: “Eu era o diretor da CIA. Mentimos, trapaceamos, roubamos. Era como se tivéssemos cursos de treinamento inteiros”.