A quimera progressista de oportunistas e revisionistas e a guerra de libertação nacional do povo e nação ucranianos

A quimera progressista de oportunistas e revisionistas e a guerra de libertação nacional do povo e nação ucranianos

Desde os palanques dos oportunistas e revisionistas que se propaga há muito, a defesa de governos lacaios ou mesmo potências imperialistas de segunda ordem, como se fosse isso um esforço na luta anti-imperialista.

Sobre a base dessa defesa, nos limitaremos aqui a delinear como revisionismo puro e simples, uma vez que substitui o conceito de luta de classes por geopolítica e considera governos lacaios do imperialismo russo ou do social-imperialismo chinês, como Venezuela, Cuba, etc., como anti-imperialistas, enquanto o povo, especialmente operários e camponeses destes países seguem sendo oprimidos por todos os lados da contenda inter-imperialista. Sobre isso, há inúmeras obras dos clássicos do marxismo, do grande Lenin, Presidente Mao Tsetung ao Presidente Gonzalo, a que devemos recorrer para compreender melhor. A luta teórica aqui não será o foco, no entanto, senão que a demonstração cabal e concreta de alguns fatos que desmontam os argumentos oportunistas de que a guerra civil na Ucrânia e a atual invasão russa naquele país, poderiam ser algo progressista.

Leia também: ‘Morte ao invasor!’: Diante da invasão russa, massas ucranianas combatem

A recente invasão reacendeu o ‘anti-imperialismo’ dos nossos senhores revisionistas, que se viram na obrigação de saírem em defesa da Rússia imperialista em seus nefastos objetivos de repartilha da região. Todavia, esse ‘anti-imperialismo’ que toma lado dos reacionários governos russo ou chinês na contenda com os imperialistas EUA e União Europeia, já tem se acentuado desde 2014, quando o governo lacaio da Ucrânia foi deposto pela coalizão dos EUA e União Europeia.

Sobre a análise correta do conflito atual, que saltou à etapa de guerra de rapina, recomendamos o recente artigo de AND, “Os imperialistas rufam os tambores da guerra que não podem desatar agora, em que se lê O plano do imperialismo ianque, operado há pelo menos 20 anos, além de estacionar tropas em determinadas posições no Leste europeu, é cercar a Rússia com seu sistema de defesa antimísseis, com capacidade de neutralizar o poderio bélico-atômico russo. Desde meados dos anos 2000, os ianques manejam com a União Europeia, através da OTAN, em conluio e pugna, por instalar no continente seu sistema de defesa, rumo ao leste () Como analisou o Presidente Mao Tsetung, nos anos 1960, uma nova guerra mundial, embora inevitável, só ocorrerá quando não houver mais outra forma de prosseguir a repartilha do mundo. Por agora, as disputas entre os imperialistas necessariamente se expressarão como invasões e guerras destes contra as nações oprimidas, agudizando essa que é a contradição principal da época e da atualidade. Porém, devemos voltar aos antecedentes da invasão, especificamente a 2014, para analisarmos alguns pontos chaves que estão na base da atual situação e compreendermos desde suas raízes a guerra de agressão em curso.

Há que se partir da consideração de que há mais de setenta anos se processou a restauração capitalista na ex-URSS, da perda do poder pelo proletariado soviético que levou ao estabelecimento de um regime ultrarreacionário no interno e social-imperialista no externo. Isto é, nas palavras do grande Lenin ao referir-se à posição dos traidores da II Internacional que justificavam a sua defesa dos governos imperialistas, votando os créditos de guerra, quando da I Guerra Mundial, de serem “socialistas em palavras e imperialistas de fato”. Situação que tornou as antes repúblicas socialistas que compunham até então a URSS em meros satélites (semicolônias e esferas de influência) do nascente social-imperialismo russo centrado no chauvinismo czarista de “grande mãe Rússia”, passando pelo colapso de seu capitalismo monopolista estatal atrasado frente a feroz competição a situação do mercado capitalista mundial, para tomar a situação da Rússia das últimas décadas, em que sua burguesia imperialista, através da ascensão ao poder da camarilha de Putin, entrou a lutar por impedir que suas semicolônias passagem ao domínio ianque. E diante da realidade que foi sendo imposta pela ofensiva ianque em arrastar para seu domínio tais países desestabilizando os governos pró-russos e mesmo promovendo ações subversivas, tal como a deposição do governo de Yanucovich em 2014.

O que se viu na sequência desse golpe, foi um processo de repartição do território e início de uma Guerra Civil, principalmente no leste, conhecido como Bacia do Don (Donbass). O fato dessa resistência ter tido inicialmente na sua base, milícias populares com grande sentimento nacionalista com relação à União Soviética e pelo sentimento antifascista em boa parte da população – herdeiros que são da guerra contra o nazifascismo, sob direção do grande Stálin – levou a que uma esquerda infantil e iludida visse no conflito uma quimera progressista, mesmo uma revolução socialista em curso ou, no mínimo, uma guerra anti-imperialista, adotando o discurso oficial do imperialismo russo de que ali se tratava exclusivamente de “combater os nazis” e, generalizando-o, de que o povo ucraniano seria nazista, e justificar assim sua subjugação.

Não obstante, o curso do conflito de 2014, em menos de um ano, demonstrou que sobre a base da da contenda inter-imperialista da Rússia com os EUA e UE, a necessária e possível, ainda que tardia, guerra de libertação nacional do povo ucraniano através da luta contrarrestauracionista pendente desde a restauração capitalista do final dos anos de 1950, o que ocorreu foi a cooptação desse propósito pelos interesses russos, impondo derrotas ao povo e a capitulação da guerra de resistência nacional. Tudo isso amparado majoritariamente em ideologias reacionárias de saudosismo do império russo, no fundamentalismo cristão-ortodoxo, nacionalismo burguês, social-chauvinismo russo e mesmo o nazifascismo, ideologias amplamente difundidas e abrigadas pelo regime russo atual, como forma de combater o “liberalismo ocidental”. Tudo isso aproxima objetivamente esta guerra, que hoje salta à etapa de guerra de agressão e rapina do imperialismo russo, muito mais às guerras civis na Chechênia, Bósnia etc., em defesa das ‘esferas de influência’, do que uma guerra de libertação nacional contra o invasor imperialista, mesmo que dirigida por forças nacionalistas burguesas ou pela burguesia nacional (média), como o que ocorre na Palestina, por exemplo. Vamos aos fatos.

O governo Yanukovich foi um governo lacaio do imperialismo russo

Yanukovich foi um político formado pela reação russa desde o início do século corrente, quando esta já pugnava pela partilha do território do Donbass do resto da Ucrânia, como forma de criar ali uma zona-tampão, ou na pior das hipóteses de sua ‘finlandização’* que pudesse frear o avanço da OTAN, que por sua vez, passou a acelerar a absorver países ex-integrantes da então URSS. Fracassado nos intentos separatistas em meados dos anos 90, lançou-se candidato em meados dos anos 2000 se tornando governador da região. Posteriormente, vitorioso na farsa eleitoral em 2010 para o cargo de Presidente, imediatamente passou a cumprir ordens de Moscou. Decisões que sinalizavam mais autonomia para as províncias do Don, acirraram fortemente a contradição com a burguesia imperialista ligada à UE e também alguns oligarcas russos em pugna e conluio com Vladimir Putin. A gota d’água para estes últimos foi a decisão de vetar o ingresso na União Europeia, visto pelos russos como um passo em direção a adesão à OTAN e pelo imperialismo ianque e da UE, como caminho mais curto para o estrangulamento da Rússia, a neutralização de seu poderio atômico e sua subjugação, situação sem a qual o imperialismo ianque não pode manter sua condição de superpotência hegemônica única, já questionada.

A piora das condições de vida das massas e o agravamento da crise imperialista desde 2008 empurrou massas às ruas aos milhões no início da década passada por todo o globo, o que potencializou as mobilizações populares. As massas ucranianas, sem uma vanguarda revolucionária, foram dirigidas inicialmente para a derrubada de Yanukovich, um já desmoralizado e fraco governante, escancaradamente visto como capacho de Putin e, logo, para a formação de uma junta militar governamental alinhada ao “Ocidente”.

O golpe militar do Euromaidan

No curso das manifestações, houve uma ascensão de forças paramilitares da extrema-direita, armadas e utilizadas como figura de proa no cerco à praça Maidan. Tais forças nazifascistas, das quais lançou mão o imperialismo ianque e da UE para tomarem o poder, ganharam participação no regime instaurado e certa autonomia para levar a cabo sua política nazifascista, eugenista, anti-imigrante, anticomunista e terrorista, para aproveitar e limpar a Ucrânia dos comunistas e toda sorte de minorias étnicas, vistas como pragas a serem extintas, e acabar com qualquer resistência popular. Paulatinamente, no entanto, conforme os russos controlavam seus rebeldes, os ucranianos em Kiev fizeram o mesmo com alguns grupos neonazistas, diminuindo cada vez mais sua participação institucional.

Todavia, pretender que o fascismo nasceu ou morreu aí, ou que seja exclusividade da Ucrânia, é apenas repetição do discurso oficial de Moscou ou de Kiev. A verdade é que como resultado da crise geral do imperialismo, particularmente de seu agravamento e entrada numa nova fase de crise sem precedentes em 2008, grupos neonazistas e radicais nacionalistas de direita pulularam em toda Europa ocidental e oriental, bem como na Rússia, alimentados pelo discurso chauvinista e saudosista da época dos vetustos impérios e, particularmente nesta região, do império czarista e mesmo de um remoto império ucraniano, estimulados pela própria propaganda dos respectivos governos reacionários.

Ascensão do movimento rebelde

O assim chamado movimento rebelde, se fortaleceu justamente nas províncias de Donetsk e Lugansk (fronteiras com a Rússia) logo após o golpe que depôs Yanukovich, como prosseguimento da política de intervenção imperialista russa e dirigido para que seu objetivo final fosse a separação e independência de Donetsk e Lugansk, instalando ali mercenários, espiões e oficiais russos que já haviam combatido na Chechênia, Bosnia, Georgia e outros para liderarem a militarização das frentes de resistência. Como já mencionado, de que era parte do plano do imperialismo russo traçado há décadas atrás e que via agora chance de se concretizar, revelando conluio de Rússia e EUA pela divisão do território. Muito ao contrário da visão inocente e infantil da esquerda oportunista ocidental de que a expulsão dos nazifascistas seria a grande causa. Sendo este parte do discurso que Putin lança mão agora para invadir o território ucraniano. A derrota do exército reacionário ucraniano e criação de um governo popular e reunificação de todo território nacional, com direito à autodeterminação de povos e nações oprimidas que vivam no território, este sim, seria o programa de qualquer revolucionário comunista, mas isso nunca esteve posto concretamente na era pós-socialismo. Tampouco agora, que por falta da vanguarda proletária, não se levanta como corresponde fazer, a frente única revolucionária do povo, que deslinde com o governo Zelensky, conclame ao patriotismo revolucionário aos integrantes das forças armadas e crie o exército guerrilheiro em meio ao combate, para livrar verdadeira guerra de libertação nacional, transformando a resistência em guerra popular de libertação para expulsar o invasor e depor o governo Zelensky, lacaio do imperialismo ianque e da UE.

Logo no início do conflito, Putin se aproveitou do grande sentimento patriótico com relação à extinta URSS e do sentimento antifascista, estimulou isso na população da região, encorajando e armando rebeldes para combaterem os “nazistas ucranianos”. Muitas massas se lançaram no combate brava e heroicamente, como prova do desenvolvimento da situação revolucionária para levar a luta de contrarrestauração como revolução de nova democracia ininterrupta ao socialismo, já que a condição de Ucrânia, com a restauração capitalista da URSS, de semicolônia do social-imperialismo russo e logo do imperialismo russo, retornou o país às condições do atraso econômico-social do período anterior a 1917, contudo nas condições do desenvolvimento do imperialismo da atualidade. Até mesmo brigadas internacionais foram formadas, num arremedo das heroicas brigadas internacionalistas na guerra civil em defesa da república espanhola, quando o sentimento antifascista uniu massas do mundo todo pela revolução naquele país. No entanto, a ausência de uma direção proletária na Ucrânia, com a restauração burguesa, que aplique uma política independente e de classe, dependentes do armamento e dinheiro russos que ficaram revolucionários e antifascistas, a guerra não se desenvolveu como guerra revolucionária, mas sim como guerra por procuração sob o bastão de mando dos imperialistas russos da luta no Donbass e agora dos imperialistas ianques e da UE. A amarga experiência de que quando o proletariado e as massas populares se lançam no combate sob direção da burguesia acabam virando moeda de troca nas mesas de negociação dos imperialistas e acaba invariavelmente com sua derrota, é aqui provada uma vez mais e cabalmente com a invasão russa.

Luta antifascista e antinazifascistas entre os rebeldes

Até mesmo o discurso de “combate aos nazis” e de “revolução popular” começaram a cair por terra quando mesmo do lado dos rebeldes, já em 2014, coalharam de batalhões fascistas. Tais como União da Juventude Eurasiana, Movimento Imperial Russo, União Eslava e o Movimento Contra Imigração Ilegal. Outros também como os batalhões ‘Svarozhich’, ‘Rusich’ e o ‘Ratibor’, que tinham suásticas ou as cores do império russo nos seus símbolos e o ‘Interbrigades’, com membros do grupo abertamente neonazista, o ‘Outra Rússia’. Por fim, o próprio primeiro governador da “República Popular de Donetsk”, Pavel Gubarev, revelou-se ligado ao partido de extrema-direita, o União Nacional Russa, ligado ao Exército Ortodoxo Russo, um grupo separatista.

Impossível negar também a influência no conflito de grupos dirigidos pela chamada “Quarta Teoria Política”, um tipo de fascismo russo, teoria metafísica e idealista criada por Aleksander Dugin, guru ortodoxo candidato a novo Rasputin.

A verdade é que mesmo no início quando houve formação de brigadas de combate mais alinhadas com ideais libertários, sejam de esquerda ou socialistas, dentre estas, as internacionais, estas nunca foram maioria ou sequer chegaram a formar setores importantes politicamente ativos no conflito.

Ao fim e ao cabo, saiu hegemonicamente dominante no leste ucraniano a ideologia imperialista russófila, expressa na simbologia, cultura e política proclamadas pelos governos das ditas repúblicas populares.

Expurgos nas fileiras rebeldes e a FSB

As direções dos rebeldes pouco a pouco foram se revelando como frações da burguesia russa, em pugna interna também ali nos recém-criados territórios. O exemplo maior é o general rebelde Igor Strelkov, entusiasmadamente saudado como líder popular e revolucionário pela esquerda pequeno-burguesa e oportunista, revelou-se posteriormente com documentos vazados por hackers, de que se tratava de um espião russo da FSB (substituta da KGB), que ganhou notoriedade e, após o expurgo promovido no interior das forças rebeldes, voltou para a Rússia, onde se tornou um politiqueiro chefe de um partido saudosista do império russo que busca a anexação de toda a Eurásia.

E na medida em que a Rússia, à época, fechou acordos de armistício com o governo de Kiev, a unificação sob um comando único de todas as milícias fora então exigida, pondo em choque os interesses russos com os chefes locais e senhores da guerra que se formaram e espalharam seu controle e poder, inclusive de territórios inteiros por onde se controlava o mercado negro, ou mesmo com os de comandantes mais idealistas que ainda vislumbravam uma vitória cabal sobre o governo central, reunificando o país.

Um a um destes comandantes rebeldes, considerados irredutíveis ou mesmo alguns que se diziam ‘socialistas’, foram sendo mortos em circunstâncias não de combate, mas de emboscadas, atentados e quase todos dentro das próprias linhas rebeldes, quando o exército ucraniano ou as milícias paramilitares já não tinham nenhuma penetração. Foram os casos de Alexander Bednov, do batalhão ‘Batman’, que de acordo com seus camaradas foi morto a mando de Plotnitsky, que assumiu como presidente da República de Lugansk. Também foram executados comandantes rebeldes bastante populares como Givi (com um míssil teleguiado direto na sua mesa), Mozgovoy (atentado a bomba), Dryomov (do batalhão Cossaco, abertamente opositor do governo de Lugansk, a quem considerava “corrupto” e “pró-oligárquico”, morto num atentado a bomba), Zakharchenko (então presidente da Repúblida de Donetsk, morto num atentado a bomba depois de operar ações militares pós-acordo de Minsk) e Motorola (atentado a bomba). Este último teve conversas de seu celular vazadas posteriormente em que ele dizia ser perseguido pela FSB. Todos estes e muitos outros, com fortes evidências de serem execuções perpetradas pelo serviço secreto russo, como forma de congelar o conflito.

As repúblicas de Donetsk e Lugansk como zonas-tampão

Desde o primeiro momento do golpe militar pró-ianque e UE na Ucrânia, que a sua população étnica e culturalmente russa, na ausência de uma alternativa revolucionária proletária e temendo perseguição e discriminação, se iludiam com uma intervenção militar russa para libertar a Ucrânia. O governo russo teve de se explicar várias vezes publicamente sobre porque não fariam tal coisa, com propaganda nas redes, alegando ser uma irresponsabilidade, enquanto armavam os rebeldes para garantirem a “independência” de Donetsk e Lugansk do governo central de Kiev.

Uma das razões é de que um avanço sobre território ucraniano, deveria ser guardado para o momento em que a Rússia precisasse invadir a Ucrânia de forma “legal”, com o reconhecimento da independência e a consequente “solicitação de ajuda” das Repúblicas de Donetsk e Lugansk ao governo da Rússia, permitindo assim uma entrada em metade do território ucraniano. Até lá, seria usado como chantagem de uma possível invasão. Mais ainda, uma marcha à Kiev deveria ser justificada na medida em que as provocações na fronteira do Donbass com outras capitais provocassem ações contra as “repúblicas independentes”, justificando, portanto, sob o discurso de combater os nazistas, o cerco ao governo central. Isso se comprovou cabalmente com a atual invasão, em que o expediente usado foi exatamente este e a segurança da Rússia ante ao ingresso da Ucrânia na OTAN. A diferença é que a entrada em Donetsk e Lugansk e a marcha à Kiev se deram de maneira quase contínua, de acordo com os cálculos feitos para a situação atual, dentre outras coisas, a necessidade de expandir a fronteira do Donbass e derrubada do regime de Zelensky, negociando um novo governo títere.

Nada disso nega, em absoluto, que, do ponto de vista da contradição inter-imperialista, trata-se de uma movimentação defensiva de Putin. Isso em relação ao cerco da OTAN e do imperialismo ianque. Por sua vez, não nega que do ponto de vista da contradição nações/povos oprimidos e imperialismo, é uma ofensiva imperialista como guerra de agressão, rapina e de repartilha.

Portanto, a única verdade é que a divisão territorial dentro de uma guerra reacionária, é um trauma histórico e um crime contra os povos do mundo. Bem como a sucessão de governos reacionários títeres, tal como acontece diuturnamente no continente africano e com grande frequência na Ásia e América Central; e que agora retornam à Europa, não representam em nenhum dos casos avanços progressistas para a vida das massas e, muito menos, passos rumo ao socialismo. O que se pode extrair de positivo dessa situação toda é que, por se tratar de resultado do aprofundamento da crise geral de decomposição do imperialismo, a contradição entre nações e povos oprimidos contra o imperialismo se agudiza enormemente, o que lançará massas cada vez mais em choques violentos contra a ordem estabelecida e o invasor estrangeiro. As massas, já experimentadas no engano, na traição e na capitulação dos lacaios dos imperialistas assim que prevaleça os acordos de conluios entre esses, saberão distinguir todos seus inimigos e elevarão sua consciência.

Embora o governo de Zelensky tenha apelado ao povo a repelir a invasão do imperialismo russo e, inclusive, ter distribuído armas aos cidadãos dispostos a resistir, joga com as massas como carne de canhão, pois que defende em primeiro lugar não os interesses da nação e povo ucranianos, mas sim os interesses dos imperialistas europeus e ianques. Sem uma vanguarda proletária revolucionária, enquanto resistem à invasão, o povo ucraniano tem necessariamente que trabalhar por organizar essa vanguarda. A tarefa dos patriotas, democratas, revolucionários e comunistas na Ucrânia é a de tomar a correta linha para desenvolver sua resistência e impulsionar a reconstituição do partido comunista militarizado, através de estabelecer a frente única antirrussa e no seio dela, através do manejo da unidade e luta, ampliar a organização da resistência com a construção do seu exército guerrilheiro de libertação nacional antirrusso, deslindar posições com o governo Zelensky lacaio dos imperialistas da União Europeia e EUA, obrigando-o a dispor dos recursos estatais para suprir suas necessidades e criar suas próprias zonas de controle. Chegará inevitavelmente o momento de capitulação do governo através de acordos de subjugação nacional, seja da partilha do seu território separando as “repúblicas populares” do leste da Ucrânia e da desmilitarização mesma, seja outros gravemente lesivos ao povo, seja frente a ampliação do poder bélico, cerco e ocupação das posições vitais do funcionamento do Estado ucraniano, seja por decisão própria do governo ou obrigado pelo conluio interimperialista da ianque/UE com Rússia. Em tal situação os comunistas na Ucrânia devem deslindar posição e agitar as massas e o exército na resistência nacional a rechaçar qualquer acordo de rendição, denunciar os complôs de partilha dos imperialistas ianques/europeus/russos que unidos se voltarão contra a resistência, transformando a guerra de resistência em guerra popular de libertação pela revolução democrática ininterrupta ao socialismo, reunificando seus territórios historicamente formados.


Nota:

* ‘Finlandização’ se refere ao fato da Finlândia, uma das maiores fronteiras com a Rússia, depois da derrota para os soviéticos na 2a Guerra Mundial, em que lutou ao lado dos nazistas, se tornou um país ‘neutro’, num acordo entre Rússia e potências ocidentais de não aderir à OTAN.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
Agora, mais do que nunca, AND precisa do seu apoio. Assine o nosso Catarse, de acordo com sua possibilidade, e receba em troca recompensas e vantagens exclusivas.

Quero apoiar mensalmente!

Temas relacionados:

Matérias recentes: