Nova grande Greve Geral sacode o Equador: ‘A rebelião se justifica!’

Nova grande Greve Geral sacode o Equador: ‘A rebelião se justifica!’

Manifestantes disparam explosivo contra as forças da repressão do velho Estado. Foto: El País

No dia 9 de outubro, aconteceu uma nova Grande Greve Geral no Equador conclamada por movimentos indígenas, de trabalhadores e revolucionários contra as “medidas de fome” do presidente Lenín Moreno, que precarizam ainda mais a vida do povo. A nova Grande Greve Geral contou com grande combatividade dos povos indígenas, que enfrentaram as forças repressivas e defenderam seu direito de lutar em diversas cidades do país. Apenas em Quito, as atividades contaram com 50 mil indígenas que chegaram na cidade em marcha.

Ao longo do dia, centenas de manifestantes foram presos e dois foram mortos, devido à brutal repressão policial. Ao todo, 86 policiais foram feridos e 360 manifestantes precisaram de atendimento médico. Até a tarde de 10 de outubro, o número de mortos já chegava a cinco em uma semana de protestos. 


Manifestantes carregam pneu em chamas para formar barricada. Foto: El País

Saqueios foram realizados em algumas regiões, como Guayaquil, pela população achacada pela miséria. Um dos locais saqueados foi a fábrica de leite da Parmalat. Em todo o país, 70% da produção petrolífera deixou de circular, afetando profundamente o funcionamento do capitalismo burocrático. Todas as instituições públicas ficaram fechadas e paralisadas, tais como a Assembleia Nacional, a promotoria, os tribunais e todas as entidades governamentais e estatais. O serviço de transporte também não funcionou.

O Equador segue submetido ao estado de exceção, que suspende o direito à liberdade de associação e reunião, liberdade de ir e vir, e dá ao governo direito à censura, dentre outros absurdos. Em resposta, as comunidades indígenas “decretaram” estado de exceção em seus territórios e passaram a impedir a presença de militares, polícias ou grupos armados do velho Estado. Nos bairros populares de Quito, também as massas começam a organizar comitês de segurança.

Manifestantes enfrentam a polícia. Foto: EFE/José Jácome

Na capital Quito, os manifestantes, em sua maioria indígenas, se reuniram no Parque El Arbolito, perto da Assembleia Nacional. A partir daí começaram a marcha em direção ao Centro Histórico, com 50 mil pessoas. Os milhares de manifestantes concentraram-se na avenida 10 de Agosto, onde queimaram pneus e bloquearam a estrada. Exigimos que o Decreto 883 seja eliminado! Abaixo o pacotaço!, entoaram em voz alta.

Em outro ato que acontecia em Quito, organizada por sindicatos, centenas de trabalhadores marcharam contra a eliminação dos subsídios para gasolina e diesel, e também as reformas trabalhistas anunciadas pelo governo. Este protesto também enfrentou a repressão da polícia que lançou de bombas de gás lacrimogêneo. Os manifestantes lançaram palavras de ordem como Nossa bandeira é vermelha como o sangue da classe operária!


Manifestantes interceptam veículo blindado em meio à Greve Geral em Quito, no dia 9 de outubro

Durante a noite do dia 09/10, policiais atacaram covardemente a Universidade Católica e a igreja El Girón com bombas de gás. Lá, acampavam homens, mulheres, idosos e crianças indígenas que haviam marchado até a capital, e que já haviam sido violentamente desalojados pela polícia do Parque El Arbolito, no dia 8. Os povos indígenas tiveram que evacuar o local.

Por sua vez, na cidade de Guayaquil, manifestantes realizaram o fechamento de trechos de uma ponte que liga a Durán, uma das principais vias da cidade considerada o centro econômico do país. No parque Centenário da cidade, também se reuniram estudantes, indígenas e trabalhadores para protestar contra o pacotaço de Lenín, e a manifestação também foi reprimida com gás lacrimogêneo pela polícia.


População denuncia subserviência do governo ao FMI e rechaça a polícia. Foto: Juan Diego Montenegro/DPA

Em áreas da cidade de Cuenca, outra das principais cidades do Equador, manifestantes bloquearam algumas estradas contra o aumento do preço do combustível.

A Frente de Defesa de Lutas do Povo (FDLP) também divulgou que, durante a Greve Geral, “a comunidade de Aláquez, na província de Cotopaxi, e a comunidade de Paragachi, na província de Imbabura, bloquearam as rotas de abastecimento de alimentos, combustível e trânsito de pessoas para as grandes cidades. Eles cercaram as cidades pelo campo”, informou. A FDLP apontou que os camponeses equatorianos fortaleceram a Greve Geral.

Já o Comitê de Camponeses Pobres do Equador confeccionou inúmeros cartazes afirmando que A rebelião se justifica!


Camponeses conclamam ‘A rebelião se justifica’. Cartaz do Comitê de Camponeses Pobres do Equador

Na noite do dia 8 de outubro (ainda antes da greve), na província de Cotopaxi, indígenas e camponeses da região detiveram 47 soldados da Brigada de Forças Especiais da Pátria e três caminhões a caminho das instalações da Explocen S.A. A fábrica está localizada na estrada Sanquisilí-Poaló e pertence às Forças Armadas reacionárias. 

Também no dia 8 de outubro, em Quito, cerca de 10 mil indígenas tomaram o prédio da Assembleia Nacional depois que Moreno transferiu a sede do governo para Guayaquil temendo a revolta popular. Horas depois de os policiais retirarem os manifestantes do local, Lenín Moreno decretou toque de recolher noturno em áreas ao redor de prédios públicos.

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