A vaia dos enfermeiros a Lula e aos tubarões da saúde privada

No dia 22 de março, na cidade de Recife (PE), centenas de enfermeiros vaiaram o presidente Luiz Inácio (PT), a governadora Raquel Lyra (PSDB) e o prefeito João Campos (PSB) em um evento no estádio Geraldão.
Enfermeiros vaiam e viram de costas para Luiz Inácio, a governadora de Pernambuco e o prefeito da capital. Foto: Arnaldo Sete/MZ Conteúdo

A vaia dos enfermeiros a Lula e aos tubarões da saúde privada

No dia 22 de março, na cidade de Recife (PE), centenas de enfermeiros vaiaram o presidente Luiz Inácio (PT), a governadora Raquel Lyra (PSDB) e o prefeito João Campos (PSB) em um evento no estádio Geraldão.

No dia 22 de março, na cidade de Recife (PE), centenas de enfermeiros vaiaram o presidente Luiz Inácio (PT), a governadora Raquel Lyra (PSDB) e o prefeito João Campos (PSB) em um evento no estádio Geraldão. Os profissionais da saúde bradaram a palavra de ordem Respeite a enfermagem! e viraram de costas aos gerentes do velho Estado, indicando que pretendem conquistar o seu direito ao piso apesar dos governos reacionários e com independência, classismo e combatividade. Isto é o que têm feito desde setembro do ano passado, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu o piso, e mesmo desde muito antes, com décadas de luta pelo direito de ter um piso salarial que permita à categoria viver com um mínimo de dignidade.

Em furor antipovo, os políticos profissionais e oportunistas de plantão presentes no evento da campanha de reeleição do prefeito do Recife taxaram os profissionais da saúde de golpistas.  Acusaram-lhes de “não ter vaiado o governo Bolsonaro” e começaram a puxar desesperados “vivas” à “democracia”. Representantes da direção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) tentaram, ainda, puxar uma artificial salva de palmas, mas foram soterrados pelas vaias, unânimes entre a massa de enfermeiros em luta.

Após o evento, já na saída do Geraldão, o presidente do Sindicato Profissional dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem em Pernambuco (Satenpe), Francis Herbert, afirmou: “O presidente foi eleito com os votos dos trabalhadores, mas hoje ele ficou contra o trabalhador, ficando ao lado da governadora que não negocia com a enfermagem. Se as coisas chegaram a esse ponto, é culpa do presidente”, disse.

Já no Rio de Janeiro os profissionais conquistaram mais uma vitória em sua mobilização quando derrubaram uma liminar antigreve requerida pelo governo do estado e as empresas privadas ao Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro (TRT-RJ) de limitar a greve. Sob uma grande manifestação de enfermeiros de todo estado, o TRT se viu obrigado a reverter a decisão que permitia que apenas 20% dos profissionais participassem das mobilizações.

Enquadrados como “direitistas” e “inimigos da democracia” no evento no Recife, e como “criminosos” pelo judiciário fluminense, os enfermeiros (junto com técnicos e auxiliares) contabilizam 2,5 milhões de profissionais de saúde no Brasil. Em jornadas extenuantes, são obrigados a trabalhar em múltiplos lugares, realizando plantões diariamente – tudo isto para, no fim, ganhar salários de miséria, sem a garantia de um piso. Mas não aceitam que siga sendo assim. 

Como gerente, hoje, é Luiz Início quem cumpre este papel de representar um entrave aos interesses desses trabalhadores.

Lula e os tubarões da saúde privada

Lula é o mesmo que em campanha de eleição almoçou e jantou por diversas vezes com  Jorge Moll e Paulo Moll, donos da Rede D’or (maior rede de hospitais privados), e cujo primeiro está entre os quatro homens mais ricos do País. Óbvio, ambos são ferrenhos opositores do piso salarial dos enfermeiros.

Não obstante almoços e jantares com os donos da D’or, viajou ao Egito em novembro do ano passado no jatinho de José Seripieri Filho, o Junior, dono da Qsaúde, que tentou comprar toda a estrutura da Amil (tanto a parte de hospitais quanto o plano de saúde), atualmente a maior rede de plano de saúde privada do Brasil e cuja venda estava estimada em R$ 20 bilhões. Isso é o quanto Luiz Inácio está comprometido em ouvir as demandas dos tubarões da Saúde. 

A única coisa que fez este governo foi prometer: “Resolveremos isso”, disse Luiz Inácio, há seis dias – quando a luta já completa sete meses e seu governo, quatro. Ele, obviamente, se refere apenas ao piso salarial, que é apenas a ponta do iceberg. Mas seu governo sequer pode tocar na superfície da questão. Ao dar rédeas soltas ao processo de privatização da saúde – através das Organizações Sociais – e generalizar nessa prestação de serviço a lógica do lucro, fortalecerá esses mesmos monopólios monstruosos que controlam a Saúde. O resultado será o agravamento da situação dos enfermeiros, que pagarão por isso com a extensão das jornadas e precarização ainda maior de sua atividade. Isso é o que demonstram as últimas duas décadas.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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