A verdade entre escombros: o papel do monopólio de imprensa no empreendimento genocida sionista

Novo artigo do colaborador Marconne Oliveira destaca o papel do monopólio de imprensa no empreendimento genocida do Estado sionista de Israel
Sede da CNN foi alvo de protestos no dia 18 de dezembro contra sua cobertura mentirosa acerca do genocídio contra o povo palestino. Foto: Reprodução

A verdade entre escombros: o papel do monopólio de imprensa no empreendimento genocida sionista

Novo artigo do colaborador Marconne Oliveira destaca o papel do monopólio de imprensa no empreendimento genocida do Estado sionista de Israel

Os monopólios de imprensa do mundo parecem querer fazer justiça à máxima de Ésquilo: “Na guerra, a verdade é a primeira vítima”. Enquanto o povo palestino, hoje especialmente em Gaza, em meio aos destroços e à privação de comida e água, resiste bravamente e demonstra perante nós o que é a heroicidade, faz reavivar no peito de todos a compreensão de que a vitória dos oprimidos é inevitável, causando medo nos reacionários e dando esperança às massas, a imprensa subserviente ao capital financeiro desempenha, admitamos, muito bem seu papel também, atuando como sustentáculo e promotora ideológica de tudo que há de mais podre, de toda patranha suja imperialista e do próprio sionismo.

Genocídio criminoso, cobertura mentirosa

O jornal The Intercept, no dia 04 de janeiro, publicou um artigo expondo as relações entre o monopólio de imprensa ianque CNN e o sionismo na cobertura da guerra em Gaza. O escritório da CNN na Al-Quds ocupada (“Jerusalém”), mesmo antes da guerra, já atuava sob as regras da censura oficial das Forças de Ocupação do Estado sionista de Israel, aceita de bom grado pelos magnatas do jornal monopolista. Agora, quando os sionistas já não podem mais esconder suas intenções genocidas e de deslocamento forçado dos palestinos, a submissão à máquina de propaganda militar tende a se aprofundar.

As normas de censura oficial na Palestina ocupada são implementadas pelo chefe-censor, apontado pelo Ministério da Defesa, e incidem não apenas sobre a CNN, mas sobre todos os monopólios de imprensa que atuam no território em concordância com a censura sionista. O cargo de chefe-censor, desde agosto de 2005, é ocupado pelo coronel sionista Sima Vaknin. Em qualquer país oprimido, Vaknin e todo o Estado sionista seriam denunciados amplamente pela canalha jornalista do monopólio de imprensa por implementarem um “sistema orwelliano” – ou coisa do tipo – contra a chamada “imprensa livre”. O porta-voz do monopólio de imprensa entrevistado pelo The Intercept, porém, pareceu muito pouco preocupado com a “liberdade de imprensa” na Palestina ocupada, inclusive justificando todos os ataques à verdade promovidos pelas Forças de Ocupação.

A posição oficial da CNN sobre o assunto é que a censura garante “acurácia” nos relatos sobre “um assunto polarizador”. Além de submeter-se às diretrizes das Forças de Ocupação, que exige mesmo que filmagens em Gaza sejam submetidas ao aparato militar antes de serem publicadas, a imprensa ianque emitiu um “dicionário” de termos a serem usados ou evitados na cobertura da guerra e, também, contratou uma ex-soldado da Unidade Porta-Voz israelense para fazer reportagens e escrever artigos que refletem posições das Forças de Ocupação. A Unidade Porta-Voz das Forças de Ocupação é a mesma unidade que foi condenada por conduzir uma psyops, isto é, uma operação psicológica, contra os cidadãos de Israel no ano passado. 

Algumas das diretivas pró-sionistas aos jornalistas incluem a classificação de todas as estatísticas e informações saídas do Ministério da Saúde, seja em Gaza ou na Cisjordânia ocupada, como “controladas pelo Hamas” (fato óbvio, nada surpreendente e muito menos condenável, uma vez que o Hamas é o partido que governa de forma legítima a Faixa de Gaza), a tipificação do Hamas como iniciador da guerra e como culpado por ela (ambas mentiras deslavadas, que ignoram o histórico de ocupação sionista na Palestina e os números de palestinos assassinados anualmente pelos israelenses) e a “contextualização” de todas as declarações do Hamas dentro desses limites. A CNN ainda inaugurou o Jerusalem SecondEyes, que, não passando de um órgão do próprio monopólio, está apinhado de supostos especialistas que atuam para abafar qualquer possibilidade da denúncia do genocídio do povo palestino e dos crimes de guerra de Israel e para admitir rapidamente qualquer declaração das Forças de Ocupação e atrasar ou negar a publicação de qualquer declaração da Resistência Nacional Palestina. 

Um porta-voz da CNN disse ao jornal The Intercept que a censura militar justifica-se pelas “nuances regionais”, desvencilhando-se de uma reposta sobre as relações diretas entre o monopólio de imprensa e as Forças de Ocupação e sobre a revisão sistemática dos artigos para favorecer a narrativa sionista; outro entrevistado, porém, disse que cada linha dita sobre a guerra em Gaza é revisada pelo escritório na Al-Quds ocupada, o qual, por sua vez, está submetido às regras do chefe-censor, admitindo também que a única “nuance” que de fato importa é a da reprodução das mentiras sionistas. 

Costumeiramente, já há mais de sete décadas, jornalistas na Palestina passam por auto-censura para não entrar em conflito com as diretivas da censura oficial, uma vez que estão sujeitos a perderem credenciais e a serem forçados a pedir desculpas publicamente caso desafiem as mentiras sionistas. Apesar de alguns monopólios de imprensa negarem tê-lo feito ou não comentarem, é uma norma cogente para se adquirir uma credencial de jornalista no território palestino ocupado que um documento seja assinado sujeitando o requerente ao censor, bem como são normais negociatas informais para a censura, as quais mitigam o aspecto autocrático da entidade que gosta de se vender como a “maior democracia do Oriente Médio”. 

No desenrolar da guerra, em dezembro, o censor-chefe baixou um decreto, publicado em inglês, proibindo a menção à oito tópicos por jornais, quais sejam: a situação dos reféns tomados pelo Hamas, detalhes de operações e vídeos das operações das Forças de Ocupação, relatórios sobre a inteligência e capacidades da Resistência Nacional Palestina, relatórios sobre armas das Forças de Ocupação capturadas pela Resistência Nacional Palestina, relatórios sobre ataques com mísseis da Resistência Nacional Palestina e sobre os danos infraestruturais causados por eles, relatórios sobre ataques cibernéticos contra o Estado sionista, relatórios sobre visitas de oficiais e quaisquer relatórios sobre discussões do gabinete de “segurança”. Desde o dia 07 de setembro até dezembro do ano passado, 6.500 documentos haviam sido total ou parcialmente censurados pelo censor das Forças de Ocupação. 

Houve sobre isso algum pio da CNN ou de qualquer outro monopólio de imprensa? De forma alguma! A verdade é que o monopólio de imprensa CNN jamais poderia considerar qualquer ação da censura sionista como absurda, uma vez que não apenas encoberta o genocídio e os crimes de guerra mais variados das Forças de Ocupação, mas também, como representante do capital financeiro, em geral, e da hegemonia ianque, em particular, coaduna completamente com ele. Quanto aos demais, o mesmo se aplica, no geral.

Não à toa, portanto, vemos recentes artigos do New York Times que escondem como podem até mesmo os logros da luta anti-sionista no Oriente Médio Ampliado. O movimento anti-imperialista libanês Hezbollah, no dia 6 de janeiro, atacou 90 assentamentos e a base aérea de Meron com mais de 60 mísseis, considerada estratégica pelas Forças de Ocupação, respondendo diretamente ao assassinato criminoso, cometido pelo Estado sionista de Israel, do vice-líder do Hamas e comandante fundador das Brigadas Al-Qassam, Saleh al-Arouri em Beirute, Líbano. Apesar disso, porém, o monopólio de imprensa considerou o ataque apenas uma operação “simbólica”. Além de minimizar o impacto do ataque, o monopólio nega que ele aponta para uma já quase pleonástica regionalização do conflito. Mais incrível ainda isto se torna quando a própria imprensa sionista, por meio do jornal monopolista Haaretz, entre outros, noticiou no mesmo dia e no dia seguinte os danos devastadores à base e foi obrigada a admitir que o ataque demonstra um conhecimento profundo dos combatentes anti-imperialistas e anti-sionistas nos países árabes sobre o sistema de defesa e as posições estratégicas do Estado sionista. 

Uma breve passada de olho pelos artigos do New York Times sobre a guerra em Gaza, de fato, é o suficiente para mostrar sem sombra de dúvidas a pérfida linha editorial que tem seguido: alguns artigos sentimentaloides sobre casos isolados de palestinos deslocados pela guerra, para fingir uma parcialidade e não ser ainda mais rechaçado pelos leitores pró-palestina que acompanham o jornal, muitos quase ufanos sobre as “vitórias” sionistas, outros tantos descrevendo os colonos, no geral violentos e militarizados, como simples fazendeiros e vítimas sem culpa de uma guerra que não lhes diz respeito, outros que buscam isentar de culpa o imperialismo ianque e alça-lo à posição de “mediador racional” da guerra, e, claro, alguns que não têm outro objetivo senão assassinar reputações de supostos “antissemitas”, como no caso de uma peça inteira escrita sobre a recém-exonerada presidenta de Harvard, Claudine Gay, acusada de plágio e também de não responder de forma “enérgica” o suficiente ao “antissemitismo” na universidade, ou outra, ainda, sobre a presidenta atual do MIT, também acusada de não lidar corretamente com o “antissemitismo”. Tudo isto é feito sob as mesmas diretivas da CNN, aparentemente, sendo presença constante nos artigos a “contextualização” sobre a precipitação da guerra pelo ataque do Hamas no dia 07 de outubro – que de fato é só uma das formas de tentar expurgar a culpa de um genocídio já quase secular perpetuado pelo Estado sionista e alimentado pelo imperialismo ianque.

As mentiras da imprensa monopolista imperialista não encontram um caminho desimpedido, porém, e são denunciadas e criticadas de várias formas. A editora do The New York Times e poetisa Anne Boyer, pouco tempo após o 07 de outubro, demitiu-se acusando o jornal de “mentiras belicistas” pró-sionistas. Jornalistas da imprensa progressista do USA, como Abby Martin, do Empire Files, denunciam em suas redes sociais a tentativa de silenciar a verdade e fabricar mentiras sobre o povo palestino e sobre a atual guerra empreendida pela imprensa monopolista ianque e buscam quebrar o cerco denunciando a agressão sionista. Martin, em março de 2018, já havia sido proibida pelo Estado sionista de entrar em Gaza, sendo tachada de propagandista, para gravar o documentário Gaza Fights for Freedom, publicado em 2019, sobre os protestos da Grande Marcha do Retorno, nos quais Israel cometeu massacres indizíveis contra palestinos, atirando em crianças e adultos indiscriminadamente com rifles de precisão. As imagens do documentário, obtidas por meio de contato com uma equipe de jornalistas em Gaza, são hoje fortíssimo e revoltante testemunho da covardia sionista. 

Ainda temos casos como o do jornalista palestino Ramzy Baroud, editor do Palestine Chronicle, que recentemente concedeu importante entrevista ao programa À Propósito, do jornal AND, os quais escrevem de forma especializada sobre a guerra em Gaza e sobre a Resistência Nacional Palestina, mostrando com clareza a intrepidez do povo palestino e as derrotas humilhantes do Estado sionista. Mais importante ainda é o completo desprezo das massas pelas falsidades pró-sionistas da imprensa monopolista. Parafraseando Baroud: a imprensa monopolista não tem mais qualquer autoridade moral sobre as massas.

O velho Estado brasileiro na linha de frente da perseguição contra jornalistas democráticos e as mentiras dos monopólios de imprensa por aqui

A situação em Gaza para os jornalistas é grave. Mais de 100 jornalistas já foram mortos em ataques no território, muitos perderam familiares e se demonstra com clareza que nada disso é feito aleatoriamente. Organizações políticas como o Hamas e a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) e organizações militares, como a Saraya Al-Quds, expressaram recentemente sua condenação aos ataques criminosos contra jornalistas na Faixa de Gaza e expressaram suas condolências aos familiares dos mortos. Organizações de direitos humanos, se não fazem muito no concreto, ao menos têm emitido reiteradas notas e relatórios sobre a preocupação quanto à situação da imprensa na Palestina, devidamente ignoradas por aqueles que são seus promotores diretos na falida Organização das Nações Unidas (ONU). 

Aqui, se não podem matar com tanta facilidade no momento, perseguem. O velho Estado brasileiro, submisso ao imperialismo ianque, vem se provando grande auxiliar do sionismo e ataca a liberdade de imprensa no país sem ao menos corar – como se já não bastasse a continuação das relações diplomáticas com um Estado que promove o genocídio e é comparável ao Estado nazi-fascista alemão. Junto a ele, a imprensa monopolista atuante no Brasil, que se empanturrou com as falcatruas dos fascistas e assassinos do governo militar e hoje ganha gordos subsídios do governo oportunista de Luís Inácio, não se furta a mentir descaradamente, como está bem acostumada, em prol dos genocidas. O conluio entre reacionários, claro, não para por aí, uma vez que as pressões do lobby sionista, das instituições sionistas presentes em nosso território e a repressão extra-oficial da canalha sionista no país também promovem criminosamente e sob a proteção e anuência das instituições podres campanhas contra todos os democratas que levantam sua voz pelo povo palestino.

Em casos recentes, Sayid Marcos Tenório, ativista da Aliança Palestina, foi demitido e politicamente perseguido por defender a Resistência Nacional Palestina, ativistas e jornalistas do Partido da Causa Operária (PCO) foram ameaçados de morte por defenderem a Palestina, Tiago Pires, militante do PCO, e William Rodrigo Stin, do Comitê de Luta da cidade de Araraquara, foram presos pela Guarda Municipal por ato em defesa da Palestina e Breno Altman, jornalista do Opera Mundi, tornou-se alvo de inquérito da Polícia Federal (PF) a pedido do Ministério Público Federal (MPF) por sua defesa do povo palestino e denúncia do sionismo. Além disso, no dia 03 de novembro de 2023, a prefeitura do Rio de Janeiro aderiu à definição farsesca do que seria “antissemitismo”, promovida pela organização sionista Aliança Internacional pela Recordação do Holocausto (IHRA) e a PF já havia prendido em duas ocasiões, em operações fajutas e em subserviência à Mossad, agência de “inteligência” sionista, supostos “membros do Hezbollah” e “terroristas”. O Jornal AND vem também denunciando todas essas ações ilegais e solidarizando-se com os jornalistas e ativistas democráticos perseguidos.

Como denunciado em outro artigo, a imprensa monopolista no Brasil não tem poupado esforços para intimidar até mesmo o debate acadêmico sobre a causa palestina e sobre os crimes sionistas, com artigo do jornal Estadão praticamente conclamando a censura a um debate na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) que exporia as relações entre o velho Estado e o Estado sionista de Israel na repressão de jovens favelados. 

O G1, em matéria republicada da BCC, afirma descaradamente que o iniciador do genocídio foi o Hamas, com as mortes de “civis” sionistas, “esquecendo-se”, claro, que as próprias asininas e incapazes Forças de Ocupação foram responsáveis por muitas mortes dos seus civis no dia 07 de outubro e continuam sendo, nos bombardeios indiscriminados contra Gaza, que esses “civis” não são nada mais que militares de reserva, colonos, armados em grande parte e que a guerra contra o povo palestino ocorre há quase 80 anos, com períodos de suposta baixa intensidade e de genocídio escancarado. 

A insensata e criminosamente mentirosa afirmação de que o Hamas teria iniciado qualquer genocídio, repetida em praticamente todos os artigos sobre a guerra, parte da cartilha normal dos monopólios de imprensa por todo o mundo, e é promovida junto a definição da organização, que é uma organização política legítima mesmo de acordo com os padrões da ONU, como terrorista. O G1 também adere fielmente à promoção da desinformação sobre os números oficiais do genocídio em Gaza, muitas vezes utilizando o subterfúgio (não menos mentiroso) de que o Ministério da Saúde é controlado pelo Hamas. Alardeia, ainda, as propostas de “normalização” do governo genocida de Netanyahu como a solução para a guerra. Por fim, não ficaria claro se por incompetência ou intencionalmente, não fosse o fato do artigo estar no ar dias depois sem qualquer alteração, inventa uma suposta participação do Irã em um ataque das Brigadas Al-Qassam, em conjunto com as Brigadas da Saraya Al-Quds, da Jihad Islâmica Palestina (JIP), substanciando a afirmação apenas na coincidência do nome “Al-Quds” (local sagrado do mundo islâmico), que também é usado em uma organização de elite da Guarda Revolucionária iraniana. Mais cômico ainda é que o artigo foi escrito pela própria redação do jornal, como também foi destacado em recente cobertura do programa À Propósito.

Que dizer, então, da reprodução pelo monopólio de imprensa O Globo das mentiras sionistas divulgadas na AFP sobre um suposto “desmantelamento” do Hamas no norte da Faixa de Gaza? Ora, os sionistas já “desmantelaram” tantas coisas que a guerra deveria estar vencida agora. Contudo, a mentira é apenas mais uma daquelas, como as já denunciadas até por fontes sionistas, contadas para dar ares de vitória ao exército mais derrotado do mundo, que, no dia 07 de janeiro, sofreu grandes baixas em mortos e feridos em uma operação com explosivos da Resistência Nacional Palestina e buscou de todas as formas esconder suas verdadeiras baixas, como denunciado pela Saraya Al-Quds, que divulgou vídeo comprovando a escala do ataque. Quanto a este ataque, porém, nem Estadão, nem G1 e nem O Globo disseram qualquer coisa. Sobre a escala do ataque do Hezbollah do dia 06, nada também foi dito. Sobre todas as vergonhosas derrotas no campo de batalha e políticas do Estado sionista, nada. 

De fato, perante uma grande maioria que já não se deixa enganar de forma alguma pelos monopólios de imprensa, tais práticas revelam muito ao tentarem esconder tudo que não convém ao Estado sionista e ao capital financeiro. Revelam, sobretudo, que o sionismo é fraco e que toda sua força bélica não conseguiu dobrar, de qualquer forma, um povo que luta por sua liberdade, que ele precisa recorrer à espetáculos de fumaça e espelhos mesmo com toda a sua sanha genocida já sendo protegida hermeticamente pelo imperialismo ianque. Perante os jornalistas e ativistas democráticos do país, apresenta-se sim um desafio, mas muito mais uma oportunidade. O desafio, mais do que desmascarar uma já descreditada imprensa velhaca, é o de tomar em suas próprias mãos o dever de propagar amplamente a verdade, arma importante na luta contra a reação e seus quarteis ideológicos, que só se apoiam na falsificação, de apoiar, de todas as formas possíveis, aqueles que se dispõem a dizê-la hoje, de divulgar a luta do povo palestino sem reservas e condenar vigorosamente os crimes sionistas. A oportunidade é a de jogar, por esse meio, mais uma, e decisiva, pá de terra sobre o caixão da imprensa lixo.

Uma derrota anunciada

Como destacado pelo professor emérito em Linguística no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) Noam Chomsky em artigo publicado em 1997 na revista ZMagazine, um dos pioneiros da propaganda imperialista, Edward Bernays, advento da Comissão Creel, de 1916, foi quem formulou melhor, naquela época e para os interesses que defendia, a relação pretendida entre a propaganda e a violência imperialista. Bernays dizia, em 1925, ser possível “arregimentar a mente do público tanto quanto um exército arregimenta seus corpos”. A síntese, por reacionária que seja, é valiosa. Demonstra bem tanto a militarização promovida na época do capitalismo monopolista quanto o papel da imprensa monopolista em meio à constante guerra contra o povo. 

Não coincidentemente, também destaca Chomsky, Adolph Hitler acompanhou de perto os logros da Comissão Creel, que foi responsável por criar a disposição pública para a entrada do USA na Primeira Guerra Mundial imperialista, e aprendeu com ela para criar sua própria máquina de mentiras nazista. Também não coincidentemente Bernays continuaria à serviço do império, participando ativamente das “relações públicas” do golpe de Estado de 1956 na Guatemala, promovido pelo governo ianque e por sua Agência Central de “Inteligência” (CIA).

Hoje, mais de um século após a Primeira Guerra Mundial imperialista e quase um século após a publicação do livro de Bernays, Propaganda, no qual se encontra a citação destacada acima, os monopólios de imprensa, aplicando, claro, as novas tecnologias e com novos meios de comunicação para manipular, tentam cumprir o mesmo papel de “arregimentação” ideológica. A cobertura feita do empreendimento genocida sionista, bem como aquela da Heroica Resistência Nacional Palestina, encabeçada pelas diversas organizações políticas e militares nos territórios de Gaza e da Palestina ocupada, e da luta anti-imperialista e anti-sionista no Oriente Médio Ampliado, porém, mostra que, além de colocar-se à disposição do capital financeiro para justificar e fomentar toda violência contra os povos oprimidos do mundo, para toda sorte de atividade fraudulenta em favor do capitalismo agonizante, esta putrefata imprensa dispõe-se também, mesmo que ainda não o saiba ou admita, a sepultar-se no atoleiro de criação de seus próprios amos. A guerra, pela qual o imperialismo é tão afeito, foi levada no dia 7 de outubro de 2023 à porta dos belicistas e, mediante tão grandiosa e transcendente iniciativa, as máscaras da corte de carniceiros caem mais uma vez, mostrando sua decrepitude nua, enquanto a Morte Rubra ronda e respira já bem próxima dos pescoços adornados de riquezas espoliadas.

A derrota está anunciada em todos os campos de batalha, mas um tigre, mesmo de papel, quando encurralado, não aceitará tornar-se presa e mostrará suas garras de aço. Às mentiras da imprensa monopolista, portanto, se somam também as ações criminosas do velho Estado, nos países imperialistas e oprimidos, na tentativa de silenciar a verdade e de perseguir os que a dizem. Ações desesperadas são justificáveis, uma vez que os imperialistas, seus cães vende-pátria e suas gralhas bem alimentadas da CNN, New York Times, Globo etc. têm tudo a perder, enquanto as massas apenas têm um mundo a ganhar.

Marx questionou, em uma ocasião, em artigo da Gazeta Renana: “Certa vez, as pessoas foram ordenadas a acreditar que a Terra não girava em torno do Sol. Galileu foi refutado por isso?”. A história, que não é feita de conjecturas ou de prescrições, aponta para a queda iminente do imperialismo e os mentirosos de plantão, acostumados que estejam com produções hollywoodianas e novelas, logo descobrirão que nenhuma quantidade de maquiagem pode reanimar um cadáver.


O artigo reflete a opinião do autor

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