Acionistas elevam dólar e forçam alta no juros como forma de exigir mais corte de direitos do povo

Alta do dólar funciona como tática do mercado financeiro de desvalorizar o real para pressionar o governo de Luiz Inácio a aprofundar a política de austeridade fiscal já aplicada. Luiz Inácio e sua equipe econômica e a turma do Banco Central atuam como bons mordomos do imperialismo.
Roberto Campos Netto (esq), Fernando Haddad (centro) e Gabriel Galípolo (dir.) trabalham para atender interesses do imperialismo. Foto: Reprodução

Acionistas elevam dólar e forçam alta no juros como forma de exigir mais corte de direitos do povo

Alta do dólar funciona como tática do mercado financeiro de desvalorizar o real para pressionar o governo de Luiz Inácio a aprofundar a política de austeridade fiscal já aplicada. Luiz Inácio e sua equipe econômica e a turma do Banco Central atuam como bons mordomos do imperialismo.

O dólar atingiu o nível recorde de R$ 6,20 ontem (17/12) após altas sucessivas da moeda em relação ao real, como resultado de uma tática do mercado financeiro de desvalorizar o real para pressionar o governo de Luiz Inácio a aprofundar a política de austeridade fiscal já aplicada. A pressão cresceu após a apresentação do pacote fiscal pelo governo que, apesar de limitar o salário mínimo e cortar direitos e benefícios, foi tido pelos imperialistas como “insuficiente”. Em consequência, o Banco Central (BC) elevou a taxa de juros no país e leiloou, nos dias 16/12 e 17/12, um montante somado de mais de 7 bilhões de dólares (R$ 43,4 bilhões) para acionistas no país, na tentativa de reduzir o preço da moeda.

O chamado “mercado”, nome escolhido pelo monopólio de imprensa para referir-se ao conglomerado de grande burgueses e imperialistas, tem utilizado do crescimento recorde do valor do dólar e a consequente desvalorização do real como coação pela aprovação de mais medidas fiscais de austeridade, leia-se, corte de gastos públicos. 

O pacote fiscal apresentado pelo Ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT) e que corre contra o tempo para aprovação na Câmara não agradou suficientemente os donos do mercado financeiro, que querem cortes dos direitos populares ainda mais agressivos. A intenção dos cortes é diminuir os gastos públicos e direcionar o dinheiro para o pagamento de juros e amortizações da dívida pública, pagos a acionistas estrangeiros.

Atualmente estima-se que a dívida pública externa do Brasil esteja no preço de R$ 307,34 bilhões, um valor herdado dos empréstimos em massa feitos na época do regime militar e nunca revisados. Economistas como a professora Maria Lúcia Fattorelli afirmam, contudo, que o valor já foi quitado, e que o pagamento poderia ser encerrado pela revisão dos documentos. 

O “mercado” estima que se não houver um maior corte de gastos no investimento público não será possível pagar de acordo com seus interesses os juros da dívida nos próximos anos. Para os sanguessugas, é necessário desmontar a previdência social, reajustar os benefícios de acordo com a limitação do aumento do salário mínimo e reduzir os pisos de investimento em saúde e educação.

Alta dos juros e leilões de dólar: Governo e BC atuam como lacaios 

No Brasil, Luiz Inácio e sua equipe econômica e a turma do Banco Central atuam como bons mordomos do imperialismo: o governo segue na política de conciliação, buscando elevar a arrecadação pelos cortes de direitos, mas de forma que não comprometa demais a própria popularidade – atualmente em queda, como registrado nas pesquisas do Datafolha e Genial/Quaest. O Banco Central, mais subserviente, aumentou a taxa básica de juros (Selic) e anunciou leilões de dólares para atender aos interesses do imperialismo às custas do sofrimento das milhões de famílias brasileiras endividadas e das reservas de dólares do País.

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O BC elevou a taxa Selic em um ponto percentual, de 11,25% (valor já muito elevado) para 12,25% ao ano. Através de ata do Comitê de Política Monetária (Copom) anunciada na quarta-feira, dia 11, o BC avaliou negativamente a situação econômica, expressando a opinião do mercado. Segundo as indicações do Copom, estão sinalizados novos aumentos de 1 ponto percentual nas próximas reuniões, em janeiro e março de 2025. Se aprovados, os valores projetados da taxa de juros atingirão 14,25% ao ano, marcas registradas em 2015 e 2016.  

A taxa de juros foi elevada porque o imperialismo disse estar preocupado com a alta da inflação, e os juros são usados pelo BC para tentar esfriar o ritmo econômico e conter a alta dos preços. A lógica é falha, uma vez que os preços são definidos por cartéis monopolistas, e não pela simples lógica da oferta e procura. E também porque, a longo prazo, os juros encarecem a produção e esse aumento se reverte aos preços, elevando a inflação. 

O BC realizou dois leilões de dólares à vista nesta terça-feira, o primeiro no valor de 1,2 bilhão de dólares e o segundo de 2,02 bilhões de dólares. O total leiloado atinge o montante de mais de 3 bilhões de dólares. Já é o segundo dia seguido em que o BC vende os ativos de reservas estrangeiras sob a justificativa de reduzir a desvalorização do real. No primeiro dia já havia vendido um total de 4,6 bilhões de dólares.

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Os leilões funcionam da seguinte forma: o Banco Central anuncia a venda do montante aos banqueiros imperialistas. Os bancos avisam quanto querem comprar (por exemplo, 500 milhões de dólares) e o valor da cotação (R$ 5 por dólar, em vez de R$ 6,20, por exemplo). Por fim, o BC decide quanto vai vender e qual oferta é a melhor. Os bancos lucram com a compra de dólares, movimentam seu capital e o Brasil perde as reservas de dólar. A lógica por trás disso tudo é que, com a compra dos dólares pelos bancos, haverá mais dólar no País e o preço da moeda estrangeira vai cair. Além de representar o nível de subjugação da economia brasileira aos ditames do imperialismo, não há garantia de funcionamento, uma vez que os dólares comprados pelos bancos imperialistas podem ser aplicados no mercado estrangeiro. Não à toa, não houve nenhuma redução no preço do dólar depois dos leilões.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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