Acordo do Mercosul com União Europeia impulsionará o latifúndio e prejudicará os camponeses

Organizações camponesas da América Latina têm denunciado os possíveis efeitos do acordo de livre comércio entre os países do Mercosul e da União Europeia, defendido pelo governo brasileiro e demais governos oportunistas da América Latina.
Luiz Inácio buscou concretizar acordos de livre comércio com países imperialistas Foto: EFE/EPA/Sedat Suna

Acordo do Mercosul com União Europeia impulsionará o latifúndio e prejudicará os camponeses

Organizações camponesas da América Latina têm denunciado os possíveis efeitos do acordo de livre comércio entre os países do Mercosul e da União Europeia, defendido pelo governo brasileiro e demais governos oportunistas da América Latina.

Organizações camponesas da América Latina têm denunciado os possíveis efeitos do acordo de livre comércio entre os países do Mercosul e da União Europeia (UE), defendido pelo governo brasileiro e demais governos oportunistas da América Latina. O presidente brasileiro Luiz Inácio tem encabeçado parte ds intentos em estabelecer os acordos, criticados por por apontar para um maior impulsionamento do latifúndio e para o aumento da miséria para os camponeses médios e pobres.

De acordo com as organizações, o acordo estimulará ainda mais na América Latina o latifúndio (“agronegócio”) e o modelo de agroexportação de produtos de baixo valor agregado ao fomentar, com subsídios, isenções (mais do que já existem) e novos contratos, a exportação. Por outro lado, as mesmas isenções e subsídios às importações de produtos alimentícios da Europa oferecem graves riscos a pequena e média economia camponesa já arruinada da América Latina.

Sobre isso, Diego Montón, representante do Movimento Camponês Somos Terra, da Argentina, afirmou ao veículo Brasil de Fato que “alguns setores concentrados, exportadores, se beneficiariam desse tipo de acordo. Na Argentina, esse setor está representado pelo agronegócio, sobretudo produtores de cereais que têm uma grande competitividade externa por conta da fertilidade do solo e da proximidade do porto, pois toda infraestrutura instalada já está voltada para a exportação. Esse é o único setor que seria muito beneficiado, os outros não.”

O acordo tem sido comparado com os intentos da derrotada Área de Livre Comércio das Américas (Alca), proposta levantada pelo imperialismo ianque, que também pretendia eliminar as barreiras alfandegárias sobre as exportações dos países do Mercosul para o USA. 

Sobre seus possíveis efeitos sobre os camponeses do Paraguai, a representante da Organização de Mulheres Camponesas e Indígenas (Conamuri), Perla Alvarez, denuncia o brutal domínio do latifúndio agroexportador sob o território nacional, afirmando que “o retorno que isso [agronegócio] deixa ao país é pequeno perto dos enormes lucros que as empresas levam para fora, com fuga de divisas.” O Paraguai hoje é o terceiro maior exportador de soja do mundo, tendo 80% de suas terras cultiváveis nas mãos do latifúndio que sufoca cada vez mais a produção camponesa.

O fato é que um acordo dessa magnitude aprofundaria ainda mais a dominação do latifúndio nos países da América Latina em decorrência do capitalismo burocrático que se desenvolve nestes países, gerando um novo impulso nas fronteiras agrícolas que ocorre baseado em roubos de terras públicas, e seria impulsionado também a importação de produtos da UE que competiriam com a produção camponesa nacional.

Histórico dos acordos

A negociação para o estabelecimento desses acordos ocorre há pelo menos 20 anos, e teve significativo impulso em 2019 durante o governo de Jair Bolsonaro, ano em que definiram-se os termos do acordo. 

Luiz Inácio, após assumir a presidência, passou a ter como uma das prioridades em sua política econômica externa a aprovação do acordo. O presidente realizou diversas viagens no mês de dezembro onde buscou o apoio de imperialistas da União Europeia. “Enquanto eu puder acreditar que é possível fazer esse acordo, vou lutar para fazer”. 

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