Guerrilheiros talibãs, que empreendem há 17 anos a guerra de resistência nacional. Imagem ilustrativa. Crédito: AFP
Pelo menos 14 soldados do Exército afegão (hoje utilizado como tropa a favor da ocupação do USA) foram mortos por um ataque militar, na província de Herat, segundo noticiado pela imprensa no dia 7 de dezembro. Os combatentes da Resistência Nacional (vinculados ao Talibã) empreenderam a ação. Outros 21 soldados do Exército afegão foram capturados como prisioneiros de guerra.
O membro do conselho provincial de Herat, Najibullah Mohebi, disse que os combatentes do Talibã sitiaram ainda dois postos fortificados do Exército no distrito de Shindand. Os combates duraram seis horas e os combatentes da Resistência só se retiraram quando reforços chegaram ao distrito.
No fim do mês de novembro, os talibãs realizaram também outros ataques. O complexo de uma empresa britânica formadora de exércitos mercenários foi atacado na capital Cabul, matando pelo menos dez pessoas e ferindo 19. O ataque ocorreu horas após o “presidente” do Afeganistão, Ashraf Ghani, anunciar início de conversas de paz com o Talibã.
O ataque foi realizado com um carro-bomba. “Vários atacantes entraram no complexo G4S (da empresa) logo após a explosão do carro-bomba.”, disse o porta-voz do Ministério do Interior, Najib Danish.
A ação foi considerada expressiva, pois, em tese, complexos como estes são alvos improváveis e de alto risco, o que demonstra o poder de fogo das forças que exigem a retirada imediata das tropas estrangeiras (cuja organização de maior expressão é o Talibã). “É desagradável [a ação do Talibã], e eventos como este reforçam nossa decisão pela paz.”, disse o assessor de Segurança Nacional do Afeganistão, Hamdullah Mohib, comprovando a derrota do plano de ocupação ianque.
Dias antes (27 de novembro) uma ação armada talibã na cidade de Ghazni deixou três soldados ianques mortos.
Mais uma derrota a se amargar
Os ataques do Talibã ocorrem em meio das conversas de paz convocadas pelo imperialismo ianque com o Talibã. As conversas de paz foram exigidas pelos talibãs, com uma condição: a completa retirada de todas as tropas estrangeiras que hoje ocupam o território afegão, negando autodeterminação e soberania a esta nação. Isto representa mais uma guerra na qual o USA é derrotado.
O Afeganistão é ocupado por tropas estrangeiras, sob o comando do USA, desde 2001. O plano do imperialismo ianque, quando invadiram o país, era obter completo controle sobre as riquezas e a política afegãs, sendo obstaculizados pelo Talibã, que estava na gerência do país e não servia aos ianques do modo como demandavam os ianques.
Retirados da cabeça do velho Estado, o Talibã e outras forças então reacionárias, sobretudo de origem feudal, passaram a resistir através da luta armada contra o invasor, aglutinando em torno de si amplos setores da nação dispostos a expulsar as tropas estrangeiras agressoras.
No mês de fevereiro deste ano, os talibãs lançaram uma carta convocando o povo norte-americano a pressionar o arquirreacionário Donald Trump. Na carta, o Talibã recordou que a guerra de resistência nacional levada a cabo pela Resistência já aniquilou, nos últimos anos, mais de 3,5 mil soldados invasores de diversas nacionalidades. Em outros pontos, os combatentes afirmam que não há possibilidade de vitória aos ianques e que a melhor saída é abandonar seu projeto de dominação colonial.
Quando os ianques enviaram mais tropas para o país, em agosto deste ano, os talibãs foram enfáticos. “Se o USA não retirar suas tropas, o Afeganistão se tornará em breve um cemitério para esta superpotência do século XXI”, afirmou em comunicado o porta-voz, Zabiullah Mujahid, em agosto. “Simplesmente estão desperdiçando soldados ianques. Sabemos como defender o nosso país.”, ressaltou o comandante, que exigiu a retirada das tropas ianques do Iraque.
O porta-voz afirmou também que “enquanto houver um soldado do USA em nossa terra impondo-nos a guerra”, o Talibã seguirá respondendo com a guerra de resistência.
Assim, a retirada das tropas ianques do Afeganistão, independente da circunstância e dos meios com que se consumasse, significaria a derrota de sua guerra de dominação e reconhecimento de sua incapacidade de dominar, por meio da guerra, a nação afegã.