Soldados australianos na cidade de Tarin Kowt, Afeganistão, 16/08/2008. Foto: John Collins
No dia 19 de novembro, as Forças de Defesa da Austrália trouxeram a público um relatório sobre crimes de guerra cometidos por tropas de elite. Ele inclui evidências de que 25 soldados australianos executaram “ilegalmente” 39 afegãos, entre eles prisioneiros de guerra, camponeses e civis, dentre outras atrocidades cometidas durante o envolvimento da Austrália na guerra de agressão imperialista contra o Afeganistão, dirigida pelo imperialismo ianque desde 2001.
Segundo o general Angus Campbell, chefe da Força de Defesa australiana, essas execuções sumárias começaram em 2009, e a maioria ocorreu em 2012 e 2013. No total, recomendou-se que 19 soldados fossem indiciados e investigados por diversas acusações, incluindo assassinato.
Além dos 39 homicídios, o relatório apresenta duas denúncias de “tratamento cruel” (eufemismo para tortura), e aponta que nenhum dos crimes foi cometido durante momentos de batalha.
A investigação que levou à produção do relatório envolveu mais de 400 testemunhas interrogadas e a revisão de milhares de páginas de documentos. Apenas algumas partes foram tornadas públicas: os nomes dos assassinos, por exemplo, foram ocultados, e só é mencionado que um total de 25 soldados atuais ou ex-soldados estiveram envolvidos como perpetradores ou cúmplices em 23 incidentes separados, com alguns envolvidos apenas uma vez e outros várias vezes.
Segundo a Associated Press, uma das coisas que foi trazida a luz pelo relatório é a prática comum de bleeding (“sangramento”), uma espécie de ritual de iniciação em que novos membros da patrulha atiravam em um prisioneiro para conseguir sua primeira morte.
O relatório evidencia também que os soldados plantavam armas e rádios para corroborar as mentiras do imperialismo de que os prisioneiros eram inimigos mortos em ação, e não covardemente massacrados. Seria de praxe dos soldados australianos carregar regularmente flagrantes como pistolas, rádios e granadas para serem colocadas junto aos mortos, a fim de incriminar civis afegãos como combatentes da Resistência.
O relatório diz que a maioria dos supostos crimes foram cometidos e ocultados em nível de comandante de patrulha por cabos e sargentos, e que, embora comandantes de tropas e esquadrões de alto escalão tivessem que assumir alguma responsabilidade pelos eventos que aconteciam sob seu comando, eles jamais eram culpados.
“Aqueles que quiseram falar foram supostamente desencorajados, intimidados e desacreditados”, disse Campbell, expondo o já sabido legado de terror da intervenção imperialista. Além da Austrália, Inglaterra e Canadá também enviaram tropas para apoiar a invasão do imperialismo ianque.
O ENVOLVIMENTO SANGRENTO DA AUSTRÁLIA NO AFEGANISTÃO
A participação australiana na guerra de agressão imperialista lançada contra o Afeganistão ficou conhecida como Operação “Slipper”, iniciada em 2001, mas que em 2015 passou a ser chamada pelo codinome de Operação “Highroad”, e dura até hoje. No entanto, suas ações militares na região do Oriente Médio ampliado também se concentraram no Golfo Pérsico, por meio das Operações “Manitou” e “Acordeão”.
O país integrou a Missão de Apoio Resoluto, da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), com mais de 26 mil funcionários australianos destacados para servir no Afeganistão.
A resolução para essa questão, todavia, não se trata apenas de identificar alguns criminosos da guerra imperialista e puni-los pelos ínfimos casos de barbárie que se consegue comprovar nos tribunais da “justiça” burguesa. Enquanto as tropas estrangeiras não forem expulsas do Afeganistão até o último soldado e agente de Estado, o volume de atrocidades cometidas contra os civis, camponeses e moradores das cidades, crianças e idosos, continuará crescente.