Afeganistão: Talibã rechaça decisão do USA em atrasar a retirada de suas tropas

Afeganistão: Talibã rechaça decisão do USA em atrasar a retirada de suas tropas

Bandeira do imperialismo fincada na base de Bostick utilizada por forças do USA, na província de Kunar, Afeganistão. Foto: David Goldman/AP Photo

No dia 15 de abril, o autodeclarado “Emirado Islâmico do Afeganistão” (Talibã) publicou uma declaração rechaçando o anúncio feito no dia anterior pelo representante do imperialismo ianque (Estados Unidos, USA), Joe Biden, de adiar a retirada das tropas remanescentes no país para o dia 11 de setembro, data do 20º aniversário do ataque às Torres Gêmeas. O prazo final acordado entre as duas partes, no Acordo de Doha (firmado em fevereiro de 2020), previa a retirada final de todas as tropas em 1º de maio.

A declaração afirma que o Talibã “exorta a América e todos os países ocupantes a pararem de inventar desculpas para prolongar a guerra e a retirarem todas as suas forças do Afeganistão imediatamente”. 

Ela também deixa claro que, com a violação do acordo por parte do USA, abre-se caminho para que os combatentes do Talibã “tomem todas as contra-medidas necessárias, portanto, o lado americano [ianque] será responsabilizado por todas as consequências futuras”. Antes disso, o grupo já havia afirmado que manteria os ataques contra forças do USA e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) caso as tropas invasoras não saíssem dentro do prazo.

O Talibã, principal expoente da Resistência Nacional do país hoje, havia suspendido a maior parte de seus ataques contra as forças estrangeiras após o acordo de Doha, e voltado seu foco contra o governo fantoche, sediado na capital nacional de Cabul, a fim de tomar o Poder do velho Estado afegão.

Em reportagem, o monopólio de imprensa inglês BBC evidencia que, na maior parte do território afegão, o governo fantoche do USA tem controle sobre a maioria das cidades e vilas maiores, porém o Talibã controla o resto, o interior e as estradas, de forma a cercar essas cidades. Sobre essa situação, a liderança talibã da região de Balkh, Haji Hekmat, declarou aos jornalistas da BBC: “Nós vencemos a guerra. A América perdeu”.

Chamada pelo ex-presidente do USA Barack Obama (2009-2017) de “a guerra inevitável”, a guerra genocida lançada pelo USA contra o Afeganistão constitui a mais longa da história do imperialismo ianque, durando ininterruptamente desde 2001.

Desde então, a Missão da Organização das Nações Unidas no Afeganistão (Unama) afirma que mais de 146,5 mil civis afegãos foram mortos, dos quais 35,5 mil são apenas estimados, uma vez que o USA começou a documentar as baixas civis apenas em 2009, oito anos após o início da guerra. 

É evidente que, por mais que hoje o Talibã cumpra, transitoriamente, uma das tarefas da Revolução Afegão da atualidade, que é a de expulsar as tropas invasoras que ocupam a nação, com a derrocada do atual governo fantoche afegão a sua tendência é a de também capitular e passar a colaborar com os imperialistas em suas outras formas – menos diretas e mais sofisticadas – de dominação. Por conta da sua ideologia feudal e limitada quanto ao caráter de classe, ele é incapaz de libertar plenamente a nação da sua condição de semicolônia, tarefa esta que só pode ser cumprida pelo proletariado, por meio de seu partido revolucionário, que dirija o processo rumo à Nova Democracia e ao Socialismo.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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