O USA está enviando mais tropas para o Afeganistão, confirmou o general Joseph Votel, comandante das tropas ianques no Oriente Médio, no dia 22/08. Os efetivos devem chegar “em alguns dias ou semanas”, afirmou J. Votel.
Embora o número exato oficial não tenha sido revelado, o monopólio da imprensa Fox News afirmou que o arquirreacionário Donald Trump autorizou o envio de mais 4 mil soldados.
Um dia antes da declaração do general ianque J. Votel, Trump pronunciou-se sobre as novas movimentações do USA na guerra contra o Afeganistão.
“Não diremos mais quando iremos atacar, simplesmente atacaremos“, afirmou Trump na ocasião. Ele disse também que a nova estratégia do USA será não revelar planos ou ataques previamente.
RESISTÊNCIA RESPONDE
“Se o USA não retirar suas tropas, o Afeganistão se tornará em breve um cemitério para esta superpotência do século XXI“, afirmou em comunicado o porta-voz do Talibã no Afeganistão, Zabiullah Mujahid, no dia 22/08, após pronunciamento de Trump.
“Simplesmente estão desperdiçando soldados ianques. Sabemos como defender o nosso país“, ressaltou o comandante.
O porta-voz afirmou também que “enquanto houver um soldado do USA em nossa terra impondo-nos a guerra“, a Resistência seguirá respondendo com a guerra de resistência.
Ele também reiterou a inutilidade do incremento da guerra pelo USA e exigiu a retirada das tropas ianques.
O Talibã é a principal força da Resistência nacional afegã, composta por todos os grupos e classes que resistem à ocupação ianque.
IANQUES SE AFUNDAM EM DERROTAS
Segundo apontam analistas do New York Times (porta-voz do monopólio da imprensa ianque), depois de 16 anos de guerra – a maior da história dos Estados Unidos – a Resistência não está apenas longe de ser derrotada, mas está ganhando terreno. Avaliam que os combatentes evoluíram: são mais tenazes e mais experientes do que no início da invasão, em 2001.
“Agora é o momento [para a Resistência] renunciar à violência e reconciliar. Um Afeganistão pacífico e estável é a vitória para o povo afegão e o objetivo da coalizão [Otan]”, sugeriu o general ianque John W. Nicholson, após o pronunciamento de Trump. Nicholson afirmou acreditar que a Resistência “não pode vencer a guerra”.
No entanto, segundo o major-general do Exército títere afegão, Abdul Jabar Qahraman, a Resistência controla já 60% do território e vem ampliando seu domínio.
Segundo analistas, a Resistência é capaz de criar barreiras e emboscadas em quase qualquer parte do país e ditando o ritmo dos combates. Embora a Resistência evacue das capitais provinciais durante as ofensivas militares, quando retomadas as forças pró-USA ficam absolutamente cercadas e são obrigadas a se retirar.
O Talibã também afirmou que não há chances para conversas de paz que não seja para assinar a rendição e retirada ianque.
O último líder talibã que defendia conversações de paz, o mulá Akhtar Muhammad Mansour, foi morto em um bombardeio por drones ianques no ano passado, tal como noticiado em AND nº 170.
Os planos ianques, que há tempos atrás previam a aniquilação completa da Resistência, hoje se resumem a impedir o desmoronamento do “governo” títere.
“Um impasse que leve a um equilíbrio é importante para o governo [afegão]”, afirmou o general ianque Nicholson em pronunciamento no Congresso, em fevereiro.
O Afeganistão também está corroído politicamente por uma crise moral e institucional.
As eleições, questão chave para o imperialismo estabilizar o país, não conseguem angariar confiança e nem mesmo realizar-se. As últimas realizadas para eleger o Executivo, em 2014, foram regadas com corrupção, compra de votos e fraudes à luz do dia.
“Você não pode ganhar essa guerra matando-os. Sempre haverá mais”, afirmou o general afegão aposentado, Abdul Jabbar Qahraman.
“Nós não vamos nos render. Não vamos desistir. Lutamos nesta guerra por 16 anos“, afirmou Hajji Naqibullah, comandante do Talibã na província de Candaar.
Foto ilustrativa. Soldados da Otan emboscados em Cabul, Afeganistão, 30 de junho de 2015