Manifestantes seguram faixa escrita Educaçao gratuita agora!. Foto: Michele Spatari.
Protestos estudantis continuam em Joanesburgo (capital) depois que um transeunte foi morto pela polícia quando essa disparou balas de borracha para dispersar os manifestantes no início do dia 10 de março. As manifestações aconteciam desde janeiro, devido à exclusão de 8 mil alunos de um programa de auxílio do governo para pagar as taxas da universidade. As medidas reacionárias causaram endividamento dos estudantes.
Naquele dia, os alunos foram novamente dispersos pela polícia enquanto tentavam bloquear um cruzamento perto da Universidade de Witwatersrand. Além do homem de 35 anos assassinado, vários manifestantes também foram presos.
Os estudantes exigiam que a universidade permitisse que aqueles que estivessem com suas mensalidades atrasadas – alguns registravam pendências de até 9,8 mil dólares – se registrassem para o ano acadêmico de 2021 e tivessem direito a concluir seus estudos.
Muitos estudantes sofreram intensamente os efeitos econômicos da crise geral do imperialismo, agudizada pela crise sanitária da Covid-19.
O programa de ajuda financeira financiado pelo velho Estado para estudantes, nos últimos anos tem enfrentado déficits de financiamento devido a crise do capitalismo burocrático. O governo confirmou na semana dos protestos que não poderia garantir o pagamento de estudantes que ingressassem no programa.
As aulas foram retomadas no mês passado na Wits, uma universidade de prestígio que foi o epicentro dos protestos #TheFeesMustFall (ou “As taxas devem cair”, em português) que abalaram o país há cerca de cinco anos.
‘Ele levou um tiro, sem mais nem menos’
Testemunhas relataram ter visto estudantes sendo perseguidos pela polícia pouco antes do homem cair e morrer.
“A polícia começou a atirar. Aquele homem estava saindo do prédio ao lado, é uma clínica, ele levou um tiro, sem mais nem menos”, disse uma mulher que trabalha em uma lanchonete próxima e não quis dar seu nome.
“A polícia atirou e foram embora”, disse o estudante de engenharia Thabang ao monopólio de mídia AFP no local, acrescentando que foi “baleado no corpo e na cabeça”.
“Ele nem mesmo fez parte do protesto, ele estava saindo da clínica”, disse Thabang.
Estudantes enfurecidos se reuniram perto do corpo, cantando canções de luta contra o apartheid e gritando para os policiais deixarem a área.