África do Sul: Luta pela terra se intensifica

África do Sul: Luta pela terra se intensifica

Camponeses que ocupam há anos um latifúndio próximo de Verulam, ao norte de Durban, enfrentaram dura repressão policial no dia 23 de agosto. Balas de borracha foram disparadas por uma unidade policial especializada em repressão à luta pela terra e feriram dois camponeses, incluindo uma jovem mulher; além disso, vários barracos foram destruídos.

Os pequenos produtores denunciaram que a repressão foi desatada arbitrariamente contra a massa. A camponesa atingida pelas balas de borracha, Nonkululeko Cele, denunciou: “Eu não fiz nada de errado. Meu crime foi tirar fotos e filmar, com meu celular, tudo o que eles estavam fazendo, e por isso me atacaram”, disse ao monopólio de imprensa local All Africa.

As “autoridades” locais do velho Estado semicolonial e semifeudal sul-africano – Estado fundado no ódio às massas populares, aos pretos e no racismo institucional – justificou a ação e qualificou-a como legal, pois “a unidade policial tinha que executar a ordem judicial”.

Os camponeses estão há anos trabalhando na terra, segundo os próprios. “Agora, de repente, eles dizem que são donos da terra, mas desde quando? Têm várias sepulturas aqui cavadas há anos, onde estava o tal proprietário quando nossa família foi enterrada aqui? Essa terra é nossa!”, crava a camponesa Martha Zulu, de 60 anos.

Esse não é um caso isolado de repressão do Estado contra o campesinato que, a propósito, eleva espontaneamente sua luta por terra no país africano.

Na África do Sul, de acordo com a última auditoria pública realizada em fevereiro deste ano, um punhado de latifundiários brancos possuem 72% dos 37 milhões de hectares disponíveis no país – latifundiários herdeiros de um passado colonial e sustentadores da atual subjugação do país ao imperialismo. Os camponeses, principalmente rpetos e povos tribais locais tiveram suas propriedades e posses da terra desbaratadas pela Lei de Terra dos Nativos, de 1913. A concentração da propriedade fundiário se acentuou ainda mais durante o apartheid.

Há um grande movimento espontâneo e até eclético a favor de uma profunda “reforma agrária” – como denominam – no país como uma necessidade para aliviar a imensa miséria que pesa sobre as massas populares, principalmente composta por pretos nativos, demonstrando a vigência do problema agrário para os países de Terceiro Mundo.

Foto ilustrativa 

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