Em 5 de outubro, 155 mil operários siderúrgicos na África do Sul entraram em greve após rejeitarem a proposta de um novo contrato leonino de 3 anos com a Federação das Indústrias de Aço e Engenharia da África do Sul (FIAEAS). A greve geral por tempo indeterminado segue até agora e um trabalhador foi morto pelas forças de repressão durante as manifestações.
Em cinco das nove províncias do país, onde os trabalhadores entraram em greve, foram realizadas marchas e piquetes. No distrito comercial central de Joanesburgo, cerca de 2 mil trabalhadores marcharam para entregar um documento com sua exigência salarial até a FIAEAS.
A FIAEAS oferecera, inicialmente, um aumento de 4,4% para 2021, ajuste à inflação mais 0,5% em 2022 e ajuste à inflação mais 1% no terceiro ano. Já os operários exigem um aumento de pelo meos 8% para 2021 e um aumento de 2% nos próximos dois anos sobre a taxa de inflação.
Quando a crise de superprodução desatou, e junto com ela a pandemia da Covid-19 começou, os fabricantes de automóveis interromperam a produção, levando a produção na indústria do aço a diminuir. No final, foram os trabalhadores siderúrgicos que pagaram o preço, uma vez que os proprietários recuperaram as perdas ao se recusarem a aumentar os salários apesar do aumento da inflação no país. No mês de agosto deste ano a inflação para o consumidor foi de mais de 4%.
A greve dos operários afeta não apenas o setor siderúrgico. Ela afeta também as indústrias de mineração, construção, engenharia e metalurgia e acabará atingindo as montadoras se elas não conseguirem garantir o fornecimento de aço. As montadoras de automóveis correspondem a 12% das exportações do país.
De acordo com o Sindicato Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (NUMSA) da África do Sul, espera-se que 300 mil trabalhadores siderúrgicos da NUMSA e de outros sindicatos participem da greve.
Repressão à luta dos siderúrgicos
Na cidade de Boksburg, os trabalhadores siderúrgicos realizavam uma marcha quando, em dado momento, um saque começou a acontecer em uma loja. Um segurança atirou contra a marcha e matou um trabalhador.
Já em Booysens, subúrbio de Johannesburgo, os trabalhadores se manifestaram em frente a uma fábrica de aço. Quando trabalhadores se recusaram a sair do local após aviso da polícia e seguranças, a polícia abriu fogo com balas de borracha, ferindo pelo menos um trabalhador.
Manifestação dos siderúrgicos grevistas. Foto: Xanderleigh Dookey Makhaza