África do Sul: Operários em greve há quatro meses resistem!

África do Sul: Operários em greve há quatro meses resistem!

Operários da Clover realizam um piquete. Foto: New Frame

Cinco mil trabalhadores de laticínios do monopólio Clover na África do Sul resistem já há quatro meses em greve. Os operários estão contra a retirada de seus direitos mais básicos, contra o aumento brutal da exploração e contra diversos abusos cometidos pelos patrões durante o percurso da greve, como intimidações, sequestros e torturas de trabalhadores. A greve começou em novembro do ano passado e dois seguranças de grupos mercenários de repressão aos trabalhadores foram mortos.

A empresa foi adquirida em 2019 pela Israelense Central Bottling Company, que opera nos assentamentos ilegais de Israel na Cisjordânia e nas Colinas de Golã. Atualmente ela tenta, na África do Sul, impor regimes de superexploração: pretende cortar todos os salários em 20%, aumentar a jornada de trabalho de 9 horas para 12, tornar obrigatório o trabalho em feriados, além de estar fechando fábricas e promovendo demissões em massa. Os operários exigem o fim desse regime brutal de exploração, a reintegração dos 2 mil trabalhadores demitidos e o fim da relação com a Central Bottling Company israelense. 

A Clover é a maior empregadora de trabalhadores no setor alimentício da África do Sul.

Resistindo na greve!

Os operários da Clover não recebem seus salários há pelo menos três meses, mas nem por isso abandonaram a greve. “Tivemos que contar com parentes para nos ajudar com comida e dinheiro para nossas contas”, diz William Satekge, um trabalhador em greve. “Não consegui comprar mantimentos para minha família ou pagar meu aluguel e a paciência do meu locador está se esgotando”, diz ele. Voltar ao trabalho significaria “aceitar as condições de escravidão”, afirma o operário.

Já a trabalhadora Marriam Mamabolo trabalhou por 14 anos embalando e estocando os produtos lácteos da empresa na região de Gauteng. A família de Mamabolo depende de sua renda mensal de cerca de R$ 2.800,00 que tem que cobrir alimentação, despesas escolares de seus dois filhos e outros custos. Ela diz que a Clover propôs um corte de 20% em seu salário, o que significa que ela levará para casa pouco mais de R$ 1.900. “Como é que eu vou fazer face às despesas com essa quantia? Os preços dos alimentos e os custos de transporte estão subindo, mas [a empresa] espera que eu me conforme com um corte salarial”, diz Mamabolo.

Mobilização combativa

Desde que a greve começou, os operários realizam piquetes multitudinários do lado de fora das fábricas nas cidades de Clayville e Ekurhuleni, quase todos os dias das 6h às 17h. Esses piquetes têm sido sistematicamente atacados por bandos mercenários contratados pela empresa imperialista. 

Operários intimidados e torturados

Em 18 de janeiro, seguranças privados dispararam balas de borracha e gás lacrimogêneo contra trabalhadores em greve do lado de fora da fábrica Clover em Clayville. 

No dia 7 de fevereiro, dois trabalhadores foram sequestrados e torturados por seguranças à vista da direção e dentro da instalação da fábrica, enquanto os gerentes não tomaram nenhuma medida. Mercenários atacaram o piquete dos trabalhadores e arrastaram dois deles para dentro da fábrica, onde eles foram despidos, espancados e chicoteados com cintos. Funcionários de altos postos da fábrica estavam parados em frente. Três trabalhadores feridos foram hospitalizados e um deles estava em estado grave.

Além disso, carros de trabalhadores já foram atacados com bombas de coquetel molotov como forma de intimidação contra a greve, e mercenários já os intimidaram em suas casas.

Dois seguranças mortos

Foto dos seguranças da PPS. Foto: PPS

Durante a rebelião dos operários contra a empresa e em defesa do justo direito à greve, dois seguranças que atuavam na repressão contra os trabalhadores foram mortos. A empresa imperialista acusa as massas trabalhadoras de terem os matado atirando pedras e os espancando. Os trabalhadores negam ter sido eles os responsáveis. Um dos seguranças foi morto em janeiro e outro em fevereiro.

O segundo segurança, Terrence Tegg, era ex-membro da Brigada de Forças Especiais da África do Sul e trabalhava para a empresa de Segurança PPS. Os operários Cleta Mohale Shokane e Nkosinathi Mbatha foram presos por sua morte.

Foto dos seguranças da PPS. Foto: PPS

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