Moradores de Eldorado Park protestam contra assassinato de jovem deficiente pela polícia. Foto: Siphiwe Sibeko/Reuters.
Grandes enfrentamentos ocorreram entre os dias 27 e 28 de agosto entre as forças de repressão e o povo de Johannesburgo após o assassinato pela polícia de um jovem de 16 anos com síndrome de Down, em um bairro pobre da cidade. Os moradores montaram barricadas em chamas e atiraram, em revide, pedras contra os agentes, que já chegaram no protesto atacando o povo com balas de borrachas e granadas atordoantes.
O assassinato do jovem, que deu origem ao protesto, ocorreu depois que os moradores do bairro Eldorado Park foram às ruas protestar contra a falta de moradia, no dia 26/08, e fez as massas locais se levantarem, quebrando as janelas da delegacia local e destruindo viaturas.
A polícia alegou que o garoto, Julius, foi ferido em um “tiroteio entre membros de gangues e policiais” quando uma bala perdida o atingiu; mas a família e a comunidade, testemunhas do assassinato, afirmaram que Julius estava segurando um biscoito em sua mão quando a polícia começou a interrogá-lo, mas ele não foi capaz de responder adequadamente devido a sua deficiência.
O jovem foi então baleado no peito, colocado em uma van e levado para um hospital a vários quilômetros de distância, onde ele veio a falecer.
No dia 28/08, uma mulher, mãe de dois filhos, relatou ao monopólio de mídia Saturday Star que havia sido baleada com balas de borracha oito vezes nos protestos do dia anterior, mas que fora novamente à manifestação em frente à delegacia: “Depois de levar um tiro uma vez, caí no chão. Um policial veio de perto e atirou em mim mais sete vezes como se eu fosse um cachorro”. Pensei que eu ia morrer”.
Ela continuou, afirmando que a comunidade está farta da polícia e exige respostas sobre a morte sem sentido do adolescente: “Há três anos um jovem foi baleado pela polícia e nada foi feito”. Deixe-me garantir-lhe que nada será feito por este menino e sua família”.
E ainda acrescentou que “Eles nem sequer dão tiros de advertência”. Eles apenas atiram em você, seja você uma criança ou não. Estamos sendo tratados como criminosos aqui. Eles têm esta ideia de que nossos filhos são bandidos e gângsteres e abusam deles sem motivo algum”.
Já no dia 27/08, uma moradora da comunidade denunciou ameaças da polícia aos moradores que protestavam na delegacia, após a morte do jovem. “Estávamos na delegacia esta manhã e uma policial apontou uma arma para mim e ameaçou atirar em mim. Outras pessoas chegaram e começaram a nos forçar a sair da delegacia”, disse ela. A polícia também ameaçou disparar balas de borracha contra jornalistas que cobriam os protestos e tentou detê-los.
Na África do Sul, em 2019, foram registrados 400 assassinatos pela polícia, desproporcionalmente atingindo mais os negros sul-africanos.
Nathaniel Julius, jovem com síndrome de Down assassinado pela polícia em Johannesburgo.