Foto: AP Photo/ Themba Hadebe
Em Joanesburgo, capital da África do Sul, manifestantes protestaram na Universidade de Witwatersrand, no dia 25 de junho, revoltados pela testagem da primeira vacina para a Covid-19 em seu país. A vacina foi desenvolvida na Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha e espera-se a participação de cerca de 2 mil “voluntários” na África do Sul.
Os manifestantes entoavam palavras de ordem como Nós não somos cobaias! e Não às vacinas inseguras! Um manifestante afirmou ao monopólio de imprensa: “Eu acredito na ciência, não sou contra as vacinas, sou contra o lucro”.
Phapano Phasha, organizadora do protesto, disse ao monopólio de imprensa The Associated Press antes do evento que as pessoas estão sendo enganadas e sabem dos riscos a que são submetidas: “As pessoas escolhidas como voluntárias para a vacinação são de origem pobre e não têm condições o suficiente para entender [os riscos]. Acreditamos que eles estão manipulando os vulneráveis. A narrativa que nos é imposta é de que nosso continente é uma lixeira”, disse Phasha.
A ativista também lembrou os comentários reacionários amplamente divulgados no início deste ano por um pesquisador francês, Jean-Paul Mira, que disse: “Nós não deveríamos estar fazendo este estudo [sobre a vacina] na África, onde não há máscaras, não há tratamentos?”. Ele, de forma preconceituosa, comparou a situação dos africanos com relação à Covid-19 com a situação das prostitutas no caso dos estudos sobre a AIDS: “Nas prostitutas, testamos as coisas porque sabemos que elas estão altamente expostas e que não se protegem”.