Dezenas de trabalhadores sul-africanos da área de saúde protestaram contra as más condições de trabalho, em Pretória (capital), no dia 3 de setembro. Foto: Themba Hadebe/Associated Press.
Dezenas de trabalhadores sul-africanos da área da saúde protestaram contra as más condições de trabalho, em Pretória (capital), no dia 3 de setembro, e denunciaram os crimes do velho Estado contra o povo durante a pandemia do coronavírus, na corrupção durante a compra de Equipamentos de Proteção Individual (EPI).
Os manifestantes marcharam em frente aos escritórios do Presidente Cyril Ramaphosa nos Edifícios da União, erguendo cartazes e entoando palavras de ordem, devido a diversos escândalos relacionados a compras de EPI pelo velho Estado.
A porta-voz do Presidente Cyril Ramaphosa, Khusela Diko, inclusive, renunciou após compras irregulares à empresa de seu marido, que cobrou mais de cinco vezes o valor regulamentado para máscaras cirúrgicas e desinfetantes.
O ministro da saúde da província de Gauteng, Bandile Masuku, também foi obrigado a renunciar devido a alegações de que ele estava ligado à aquisição irregular de equipamentos de saúde. A Unidade Especial de Investigação do país disse que atualmente está investigando mais de 20 casos de corrupção relacionados com os contratos de fornecimento de equipamentos de saúde ao velho Estado.
Entre outras exigências dos trabalhadores (as mais básicas) estão que os trabalhadores que apresentarem resultados positivos para a Covid-19 não devem ser forçados a trabalhar até que tenham se recuperado completamente, de acordo com denúncias de que alguns gerentes forçaram os trabalhadores a voltar ao trabalho antes mesmo de terem terminado a quarentena obrigatória ou o tempo de isolamento.
Eles também exigiram ser informados sobre o número de novos casos de COVID-19 nas unidades de saúde, informação a qual são privados pelas gerências dos hospitais, e exigiram que os trabalhadores que exercem a profissão em meio à pandemia sejam pagos de acordo com os riscos que isso apresenta.
Diante disso, eles colocam que se tais exigências não foram cumpridas, 200 mil trabalhadores públicos entrarão em greve no dia 10 de setembro.
Como o coronavírus afetou a África do Sul?
A crise sanitária da pandemia do coronavírus (e todas as ingerências do establishment em geral relacionadas a ela, agravadas ainda pela crise econômica) já ceifou a vida de mais de 14.300 pessoas na África do Sul, de acordo com dados oficiais. A África do Sul registrou 630.595 casos positivos de Covid-19, o mais alto da África, e o sexto maior do mundo. Mais de 27.300 trabalhadores da área de saúde deram positivo para a doença e 230 morreram, de acordo com os números oficiais do mês passado.