A operação deflagrada no dia de hoje pela Polícia Federal após decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes possui tamanha abrangência que pode aparentar que o tal “combate ao golpismo” finalmente chegou às terras brasileiras, mas a realidade não é essa.
Os mandados de busca e apreensão atingem, dentre vários figurões, dois em particular: Walter Braga Neto e Augusto Heleno – ambos generais de quatro estrelas da reserva do Exército. Mas, eles são alvos porque ultrapassaram o limite para a direita liberal no STF, e não por serem partidários de um regime de máxima repressão e cerceamento das liberdades democráticas (o que, inclusive, está acontecendo agora, neste momento).
Os ministros do STF não veem problema em instalar, no Brasil, um regime brutal de repressão à luta popular e revolucionária e o corte de direitos democráticos, desde que não se lhes ameace seu bolsão de poder.
Não nos esqueçamos que, em pleno regime militar, mesmo no Ato Institucional nº 5, o STF nunca foi fechado. Não nos esqueçamos, também, que esse mesmo STF deu toda a aprovação aos abusos da Operação Lava Jato e de um punhado de procuradores federais, cumprindo à risca as orientações do então comandante do Exército Eduardo Villas-Bôas. Bastaria perguntar: por que o STF não vai para cima dos generais da ativa, que seguem em posições de mando, por terem se reunido em novembro de 2022, após as eleições, para deliberar se fariam ou não a intervenção militar naquele instante? (Há prova maior do que esta de que todos os generais da ativa são golpistas?).
Portanto, apenas os tolos podem acreditar que o golpismo, agora, está na mira do STF, que livrará o País da tradição de sofrer golpes militares. Não. O que está sobre a mesa é a punição àqueles que, querendo intervenção militar, se precipitaram e queimaram a largada.