Agrotóxicos são responsáveis pela morte de 123 crianças nos últimos 11 anos

Uma recente pesquisa, divulgada no último dia 30 de outubro, relaciona o aumento de casos de leucemia infantil com a recente expansão do latifúndio baseado na monocultura de soja e grãos, que por sua vez está ligado ao crescente uso de agrotóxicos e pesticidas.
Agrotóxicos foram responsáveis pela morte de pelo menos 123 crianças nos últimos 11 anos. Foto: Pixabay

Agrotóxicos são responsáveis pela morte de 123 crianças nos últimos 11 anos

Uma recente pesquisa, divulgada no último dia 30 de outubro, relaciona o aumento de casos de leucemia infantil com a recente expansão do latifúndio baseado na monocultura de soja e grãos, que por sua vez está ligado ao crescente uso de agrotóxicos e pesticidas.

Uma recente pesquisa, divulgada no último dia 30 de outubro, relaciona o aumento de casos de leucemia infantil com a recente expansão do latifúndio baseado na monocultura de soja e grãos, que por sua vez está ligado ao crescente uso de agrotóxicos e pesticidas. Identificou-se que, num intervalo de 11 anos (entre 2008 e 2019), cerca de 123 crianças morreram em decorrência de intoxicação por agrotóxicos.

O estudo foi realizado por pesquisadores norte-americanos da Universidade de Illinois, que demonstraram a magnitude do crescimento do latifúndio e do cultivo de soja entre os anos de 2000 e 2019.

A área de cultivo de soja no Cerrado brasileiro, triplicou dentro desse período de tempo (de 5 para 15 milhões de hectares). Na Amazônia, cresceu em 20 vezes (0,25 milhão para 5 milhões), e o uso de pesticida nessas regiões cresceu entre 3 e 10 vezes por todo o período. 

Os cientistas observaram que a cada 10 pontos percentuais do aumento da área da soja, houve a morte de 4 crianças adicionais a cada 100 mil habitantes, falecimentos decorrentes de quadros de leucemia ou linfoma. De acordo com os pesquisadores, os resultados apontam que 50% dos casos de mortes por leucemia estão ligados à intensificação do uso de agrotóxicos por parte do latifúndio.

Outro dado preocupante revelado pelo estudo é o que se refere ao alcance da contaminação proveniente dos agrotóxicos. Como o contato com as toxinas em geral se dá através da ingestão de água contaminada, é possível observar que os locais onde as produções do latifúndio ficam próximos às bacias hidrográficas, a contaminação se espalha em maior escala. De acordo com o cientista Marin Skidmore, que realizou o estudo, “o escoamento de pesticida para águas superficiais é um método provável de exposição”.

O agro é morte

Os fatos mostram o contrário do que é massivamente propagado pelo monopólio de imprensa. O latifúndio, eufemisticamente chamado de “agronegócio”, está longe de representar um avanço ou modernização no campo. O crescimento do latifúndio anda junto com o agravamento da repressão impiedosa sobre aqueles que vivem e trabalham na terra, e também sobre a devastação sem precedentes do meio natural, que nessa situação específica se apresenta com a contaminação de bacias hidrográficas. 

Apesar de haver uma grande quantidade de estudos que apontam para os graves efeitos do uso desenfreado de agrotóxicos na saúde humana, não parece haver por parte do latifúndio e do velho Estado alguma iniciativa para lidar efetivamente com esse problema. Pelo contrário, anualmente tem sido dados, pelo governo federal, isenções fiscais indiscriminadas ao latifúndio.

Governo Lula já aprovou o uso de mais de 231 agrotóxicos

Desde o ano de 2016, a legalização do uso de novos agrotóxicos batem recordes a cada ano, tendo os seus mais altos picos durante os anos do governo do fascista Bolsonaro (entre 2019 e 2022). Entretanto, a tendência que se aponta neste primeiro ano de governo do atual gerente de turno Luiz Inácio não é para o freio desse processo. Entre janeiro e julho de 2023, o governo aprovou o uso de mais 231 agrotóxicos.

Além do prosseguimento da aprovação desenfreada do uso dos agrotóxicos, o governo de Luiz Inácio tem sido particularmente generoso com a classe que mais os utiliza. O plano Safra concedido pelo governo agraciou com mais de R$ 324 bilhões os latifundiários do Brasil, o que certamente têm impulsionado a sua expansão sob o território brasileiro, que conforme demonstrado na pesquisa, está intimamente ligado ao aumento do uso de agrotóxicos à morte das crianças que são intoxicadas.

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