AL: Camponeses bloqueiam rodovia de Maceió contra ordem de despejo ilegal em Messias

Dezenas de camponeses da Área Revolucionária Renato Nathan fecharam a rodovia BR-104.
Camponeses fecharam rodovia com barricada em chamas. Foto: Banco de Dados AND

AL: Camponeses bloqueiam rodovia de Maceió contra ordem de despejo ilegal em Messias

Dezenas de camponeses da Área Revolucionária Renato Nathan fecharam a rodovia BR-104.

Na última quarta-feira (15) a rodovia federal BR-104 amanheceu bloqueada com pneus em chamas na altura do trevo com a BR-101 no sentido Maceió/AL por dezenas de camponeses da Área Revolucionária Renato Nathan (Sítio Lajeiro) do município de Messias em protesto contra uma ordem de despejo ilegal em favor da Usina Utinga Leão. 

Os camponeses, mobilizados pela Liga dos Camponeses Pobres (LCP), denunciam que a decisão emitida no início de maio pelo Juiz da Vara Agrária do estado, José Afrânio dos Santos Oliveira, é um flagrante descumprimento de decisão do STF de setembro de 2022, quando a então presidente Rosa Weber decretou o encerramento do processo movido pela usina contra os camponeses há vários anos por não comprovar algo que nunca teve: a propriedade daquelas terras.

A decisão absurda do juiz, em desrespeito completo às próprias leis que regem o Poder Judiciário no país, pretende despejar, com uso de força policial, várias áreas de camponeses posseiros em Messias, além do sítio Lajeiro, como os sítios Canjica, Esperança e Baixa Funda, somando mais de 700 famílias, que moram e produzem na zona rural do município há mais de 15 anos, atendendo a reivindicação dos usineiros de que aquelas comunidades se tratam de “invasões de sem-terra” em propriedade da usina.

No entanto, essas comunidades, longe de se tratarem de “ocupações recentes em barracos de lona”, se tratam de sítios bem estabelecidos, com casas de alvenaria e ampla produção de variados itens alimentícios comercializados no próprio município, bem como nas centrais de abastecimento (CEASA) de Maceió, Recife e Caruaru, dentre outras. O impacto desta decisão já está sendo sentido na própria economia do município, onde as vendas de materiais de construção já decaíram em 80% desde a emissão do despejo.

Os camponeses anunciaram ainda que este foi só um primeiro anúncio e que novas ações serão tomadas para barrar este crime que pretende cometer o Juiz José Afrânio contra os posseiros de Messias e que não aceitarão serem despejados de suas casas e terem o seu sustento roubado por esta usina milionária. Tendo já conquistado, com dura luta, no INCRA e no Instituto de Terras de Alagoas (ITERAL) decisões contrárias ao despejo e que reconhecem a posse dos camponeses.

Durante o protesto, os camponeses ergueram uma faixa em solidariedade à luta por moradia do povo chileno, onde centenas de famílias em Santiago enfrentam uma “lei anti-ocupação” reacionária e antipovo do gerente de turno Boric. 

Faixa condenou repressão à luta por moradia no Chile. Foto: Banco de Dados AND
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