Posseiros dos assentamentos de Lajeiro, Esperança, Baixa Funda e Pista Velha, atingidas pela operação de despejo a serviço da Usina Utinga Leão, protestaram no dia 2 de novembro contra os crimes dos latifundiários. Além dos posseiros, movimentos revolucionários como a Liga dos Camponeses Pobres (LCP) e o Movimento Feminino Popular (MFP), da luta pela terra como a Frente Nacional de Luta – Campo e Cidade (FNL) e outros participaram do protesto.
Na manifestação, foi nítida a grande disposição de luta e a afirmação de uma unidade entre os diferentes assentamentos e movimentos de luta pela terra contra a Usina Utinga Leão. Os presentes gritaram palavras de ordem e demonstraram toda sua indignação com o roubo de suas terras e destruição de seus lares.
O protesto começou nas ruas. Os manifestantes marcharam até a escola onde as famílias despejadas estão alojadas. Várias intervenções foram feitas para condenar os crimes da Usina e chamar os camponeses a luta.
“A justiça agiu para deixar os ricos mais ricos e os pobres mais pobres”, disse o desembargador do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL), Tutmés Airan.
O desembargador enfatizou ainda que não há uma saída jurídica imediata para a situação, e que a saída é política, e que o caminho é desapropriar as terras da usina. Ou seja, para reconquistar as terras é necessário lutar.
No último momento do ato os posseiros, movimentos políticos e figuras democráticas foram até os escombros nos assentamentos do Lajeiro e Esperança. Os camponeses que moravam nas casas aumentaram o sentimento de rebelião e os apoiadores puderam testemunhar o cenário de destruição completa das casas de alvenaria.
O ato foi vitorioso especialmente por ter quebrado o cerco político montado pela Usina, pelo judiciário e pelo monopólio de imprensa. Defender a luta dos posseiros de Messias é papel de todo os trabalhadores, estudantes e intelectuais honestos do País.
Relembre o despejo dos camponeses
O despejo ocorreu no dia 28 de setembro, quando uma reintegração de posse permitiu que tratores entrassem nas comunidades camponesas e destruíssem as casas.
Os camponeses denunciam que quem está por trás é a Usina Utinga Leão, que tem como sócio Eduardo Queiroz Monteiro, primo do ministro da Defesa José Múcio.
Desde então, o município de Messias vive um cenário de guerra, conforme registram as filmagens e publicações do Comitê de Apoio à Luta em Messias.
A LCP tem mobilizado os camponeses contra os crimes da Usina. Além da manifestação, a Liga tem feito ações de cadastro das famílias despejadas e avaliação das perdas. Um dia antes do ato, a LCP também passou a servir comida aos camponeses, porque o Estado parou de oferecer esse serviço às famílias alojadas.