O Comitê em Defesa da Revolução Agrária (CDRA) e a Liga dos Camponeses Pobres do Nordeste promoverão no dia 11 de outubro na Universidade Federal de Alagoas (Ufal) um ato público em solidariedade ao Acampamento da Fazenda Várzea Grande e contra a criminalização da luta pela terra. O evento será realizado às 16h na sala 17 da Faculdade do Serviço Social (FSSO).
Local: Sala 17 da Faculdade do Serviço Social (Universidade Federal de Alagoas)
Data: 11/10
Horário: 16h
Reproduzimos a seguir o panfleto da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) do Nordeste em denúncia à Operação de intimidação das forças militares e policiais do velho Estado contra o Acampamento da Fazenda Várzea Grande, em Rio Largo (AL).
Operação de Guerra contra camponeses é crime e desespero do velho Estado
Denunciamos a situação Gravíssima por que passam os camponeses da Área Revolucionária Rosalvo Augusto, acampamento organizado pela LCP na fazenda Várzea Grande, em Rio Largo/AL, desde 27 de agosto deste ano.
No dia 05 de outubro, o velho Estado burguês-latifundiário montou uma verdadeira Operação de Guerra contra as famílias camponesas, deslocando 800 policiais do Bope para um suposto “treinamento” na mata, bem ao lado do acampamento e dentro da propriedade reivindicada pelos camponeses pobres. Em mais uma abordagem totalmente ilegal da Polícia e da Usina Utinga Leão, por volta das 13 horas do dia 05 de outubro, um helicóptero do Bope/PM fez vários voos rasantes na área, enquanto, ao mesmo tempo, um contingente de policiais invadiram o acampamento e, sem qualquer mandado judicial, revistou todos companheiros e seus barracos. Neste momento, enquanto os camponeses eram desrespeitados e mais uma vez tratados como criminosos, o Bope, usando inclusive dois caminhões do exército reacionário, entrou na fazenda pelo outro lado e se instalou justamente na mata que dá acesso ao acampamento.
Desde então, sons de tiros e explosão de bombas são ouvidos pelos companheiros, assim como macabras gravações com gritos de tortura, tiroteios, comandos policiais, gritos de guerra, etc. Sons de motosserra são frequentemente ouvidos por muito tempo seguido, o que isto pode representar? Vão derrubar e retirar ilegalmente madeira da mata e depois nos acusar falsamente, como de costume? Isto faz parte do “treinamento” das forças policiais? Além do claro objetivo de intimidar e criar o terror entre as famílias de camponeses acampadas, perguntamos: o que mais pretendem ou podem fazer as forças da repressão, fortemente instaladas a poucos metros do acampamento?
Não aceitamos nossa luta ser tratada como caso de polícia e os camponeses como criminosos! Queremos terra para nela trabalhar e viver, e não arredaremos o pé dos nossos objetivos! Levantamos uma reivindicação democrática, que levará mais fartura e comida fresca pra mesa de nossas famílias e de toda a cidade!
Exigimos imediata retirada das forças policiais do lado do acampamento! Exigimos imediato pronunciamento do governo do estado de Alagoas, INCRA e Vara Agrária sobre a operação de guerra montada na Fazenda Várzea Grande pela repressão! Exigimos posicionamento do Ouvidor Agrário Nacional, Gercino Silva, sobre esta gravíssima situação!
Conclamamos todos democratas e organizações democráticas do campo e da cidade a virem conhecer a área, investigar urgentemente o que a polícia está fazendo na mata e apoiar nossa justa luta!
No dia 03 de outubro, terça-feira, uma farsa de reunião foi montada pelo governo do estado de Alagoas, através do Instituto de Terras de Alagoas (Iteral) e a Secretaria de Segurança Pública do estado. Convocaram os camponeses para o que supostamente seria uma reunião para denunciar os crimes cometidos até então pela usina e a polícia militar, porém, um circo foi montado para criminalizar a luta camponesa e tentar intimidar os companheiros e apoiadores que estavam ali representando o acampamento Várzea Grande nesta reunião. Além de não deixarem os companheiros falar, as forças do velho estado, governo, polícia e usina ficaram atacando e acusando os camponeses da área de bandidos, enquanto não responderam por nada do que fizeram neste período, como atirar contra os camponeses, vasculhar a área sem mandado judicial, enfim, tratando mais uma vez nossa luta como caso de repressão policial.
FARSA DE REUNIÃO DO GOVERNO ESTADUAL DEU COBERTURA À REPRESSÃO E À USINA UTINGA LEÃO
Toda esta mega operação do governo de Alagoas, Usina Utinga Leão e forças da repressão, além de tentar intimidar e abafar a luta, demonstra o desespero do velho Estado e dos usineiros com a iminência de grande levantamento de massas no campo. As terras da Fazenda Várzea Grande, que até agosto deste ano só tinha mato e cana velha, agora está cortada pelos camponeses da área e já tem plantio de feijão, batata e macaxeira. Em pouco tempo, as famílias que antes estavam desempregadas, vivendo de bicos ou “alugadas” pro latifúndio, passaram a ter uma perspectiva concreta de onde tirar o sustento de suas famílias. Os camponeses acampados cada vez mais se unem no objetivo de conquistar a terra e destruir o latifúndio explorador!
Esta repressão é parte da ofensiva do latifúndio e do velho Estado contra a luta camponesa, sabemos que não é apenas uma área que está sendo reprimida, mas que representa um ataque a todas organizações democráticas e massas em luta. É parte, ainda, da ofensiva que os milicos golpistas e lambe botas do imperialismo querem dar novamente no Brasil, se preparam para isto, e sabem perfeitamente que a força camponesa é grande perigo contra as classes dominantes e a reação. Porém, quanto maior a repressão, maior a resistência! O povo, e principalmente os camponeses pobres, se levantarão cada vez mais em lutas!
O povo quer terra, não repressão!
Viva a Revolução Agrária!
Liga dos Camponeses Pobres do Nordeste