Moradores protestam contra a mineradora Braskem, em Maceió. Foto: Cortesia
No dia 28 de agosto, moradores do bairro Bebedouro, em Maceió, estado de Alagoas, realizaram uma manifestação no portão principal da fábrica da Braskem, na avenida Assis Chateaubriand, no pontal da barra, também em Maceió. A região é afetada pela instabilidade do solo por consequência da extração de sal-gema.
Os manifestantes cobravam rapidez nas indenizações e exigiram a avaliação e a definição da data de pagamento combinada no momento das desocupações dos imóveis atingidos pelo desastre geológico provocado pela mineradora que fez surgir rachaduras nas casas e no solo durante os anos de 2018 e 2019. Mesmo após um ano do desastre, a mineradora ainda não pagou as indenizações.
Os manifestantes se concentraram às 7h na praça Lucena Maranhão, e seguiram de carro e ônibus em carreata até a porta da fábrica, na praia de Sobral, onde o ato foi realizado. Durante a manifestação, moradores vitimas da Braskem externaram revolta e cobraram seus direitos numa só voz, exigindo respeito e agilidade do processo que vem afetando a saúde da população. O protesto foi encerrado por volta das 10h30.
Para participar do protesto, todos os moradores foram orientados a estar de máscara, usar álcool em gel e manter um distanciamento mínimo, medidas importantes para se proteger contra o novo coronavírus.
Seu Expedito, morador do bairro há mais de 40 anos, se emocionou ao acusar a mineradora pelo seu estado de saúde “Eu estou nessa situação por causa deles, desde o dia em que as máquinas deles funcionaram lá durante um estudo, o chão e as paredes da minha casa tremeram, por isso fiquei assim doente”, disse o homem chorando.
Outro morador do bairro, Marcos Braga, desabafou que cobra apenas que se faça justiça. “Nós queremos sair das nossas casas sabendo quanto e quando vamos receber. Essa é a maior reivindicação, não só nossa, mas de moradores das áreas atingidas, porque a nossa manifestação é em comum a todos os afetados. A gente foi obrigado a sair da nossa casa por causa desse desastre causado pela Braskem. Eles nem sequer sabem o valor do nosso imóvel e a gente não faz ideia de quando vai receber a indenização” e continuou “estamos aqui para exigir que as indenizações sejam mais rápidas. Tem gente no Pinheiro que saiu de sua casa há mais de um ano e até hoje não recebeu indenização”, finalizou o morador.
Mesmo correndo riscos muitos moradores ainda continuam morando em Bebedouro pois o valor que a mineradora quer pagar não dá para pagar aluguel, como relatou em entrevista ao monopólio de imprensa G1 a moradora Marluce Lamenha. Segundo ela, o valor oferecido pela Braskem para o aluguel de um imóvel é muito baixo, por isso, decidiu permanecer em sua casa, mesmo correndo risco. “O valor que eles oferecem não encontro nenhum imóvel, enquanto isso, continuo morando na área de risco”, desabafou.
Este é o segundo protesto que moradores fazem na porta da empresa em menos de dois meses, o primeiro ato foi no dia 10 de julho.