AL: PM promove ação criminosa contra moradores do conjunto Carminha, em Maceió

A Polícia Militar entrou na comunidade abrindo fogo contra os moradores, gerando pânico e desespero, entre os que estavam presentes, havia crianças e mulheres gestantes.
Foto: Captura de tela. Banco de Imagens AND

AL: PM promove ação criminosa contra moradores do conjunto Carminha, em Maceió

A Polícia Militar entrou na comunidade abrindo fogo contra os moradores, gerando pânico e desespero, entre os que estavam presentes, havia crianças e mulheres gestantes.

Moradores do conjunto Carminha, no bairro Benedito Bentes, parte alta de Maceió, denunciaram por meio de um protesto no final da tarde da última sexta-feira (21/3) uma ação criminosa da Polícia Militar na comunidade. A operação deixou uma mulher, um jovem e quatro crianças feridas, dentre elas duas de três anos de idade. Os moradores relataram que a polícia forjou provas contra inocentes durante a operação para justificar suas ações criminosas contra o povo.

A Polícia Militar entrou na comunidade abrindo fogo contra os moradores, gerando pânico e desespero, entre os que estavam presentes, havia crianças e mulheres gestantes. Policiais militares relataram que foi uma “troca de tiros”, porém isso foi desmentido pelos próprios moradores que relataram que não tinha ninguém armado.”Quando eles vêm na comunidade, antes de entrar, eles removem as placas das viaturas, e removem suas identificações e se encapuzam, eles já vem para matar. Eles não vêm para matar bandidos, eles vêm para matar a comunidade”, disse uma moradora revoltada.

Uma idosa de 60 anos foi atingida na perna ao tentar ajudar a crianças que foi atingida no braço, outra criança foi atingida de raspão na região da costela.

A criança, que foi atingida no braço, com um tiro que ricocheteou no chão, ficou com uma fratura exposta e passou por uma cirurgia, onde o osso da criança foi colado e logo depois submetido ao gesso. “Eles afirmam que foi uma ‘troca de tiros’, mas como é que minha mãe e duas crianças iam trocar tiros com a polícia? Na comunidade não só existe bandido… Eles chegaram atirando com fuzis, com a rua cheia de crianças. Queremos justiça por ele e por minha mãe”, afirmou o pai da criança que ficou com uma fratura exposta no braço.

Os pais da outra criança, que também sofreu ao ser atingida de raspão na região da costela, afirmam que houve uma falsificação do prontuário do HGE (Hospital Geral do Estado) sobre a situação da criança. “Na UPA, foi registrado como um tiro de raspão, e quando chegou no HGE afirmaram que foi uma queda. Só não fui fazer ainda o exame de corpo de delito nele, porque estou sem dinheiro para levá-lo no IML. Vou fazer o exame nele para entrar com uma ação na justiça, isso não pode acontecer”, afirmou pai da criança que foi atingida na região da costela.

O monopólio de imprensa afirmou que foi uma “troca de tiros”, e que havia “drogas”, “balança de precisão” e “armas”, e que o protesto feito pelos moradores, era para “encobrir” os “bandidos”, mas a população desmente todas essas afirmações enganosas. E que todos os disparos vieram da Polícia Militar. “Ninguém aqui no Conjunto Carminha deu um tiro, tudo quem deu foram eles. Os policiais dizem que somos nós que falta com respeito a eles, mas é mentira! Quem falta com respeito a nós são eles”, falou uma moradora indignada.

O povo alega que essas atitudes da Polícia Militar não são de agora, isso é recorrente. “Eles entram aqui, se for mãe de família ou pai de família, eles não respeitam. Para eles, uma mãe de família é rapariga. ‘Quer que eu dê na sua cara, vagabunda?’ Essas são as palavras que eles usam”, disse uma moradora revoltada. Os moradores também reclamam das invasões truculentas feitas pela polícia militar em suas residências e os xingamentos que são ditos a elas. “Quando abrimos a porta, eles já estão apontando um fuzil para a sua cara. Quando eles entram em sua residência, você é agredido e humilhado. É assim que eles fazem”, declarou uma residente.

A situação também se agrava, além de invasões nas residências dos moradores, os furtos vindos da polícia militar nas casas da população, também são frequentes. “Eles levam tudo que nós temos de valor, um relógio, um anel, uma correntezinha de prata e até nossos perfumes”, afirmou um morador. “Quando eles não roubam, eles forjam armamento e drogas e dizem que é seu, e te levam para a central de flagrante para assinar”, afirmou com revolta um morador.

A população se sente abandonada pelo estado, e afirmam que não existem direitos humanos para eles. A idosa, que foi atingida pelos disparos, afirma que nem ela e nem a criança receberam socorro dos polícias. O protesto feito pela população, foi em defesa das crianças e da idosa atingida, fazendo assim com que fosse desmentido o que foi dito pelo monopólio de imprensa, que foi um protesto para “defender os bandidos”. Enquanto as vítimas permaneciam no chão, sangrando, a população gritava para os policiais “não vão ajudar, não?”. Em resposta a isso, os policiais responderam “Liguem para a SAMU”. Um vizinho da vítima foi quem conseguiu um carro para levá-los à UPA local. “Agora eu me pergunto, como eu vou trabalhar? Eu não sei o que eu vou fazer agora”, disse a idosa atingida.

“Eles estão fazendo uma guerra contra o povo, aí quando a comunidade se revolta, eles dizem que estamos fazendo isso em prol dos bandidos. Querendo enganar quem está de fora”, disse uma moradora do bairro.

A Polícia Militar, ao invadir a comunidade, disparou contra um jovem de 15/16 anos que estava segurando dois pneus. Não se sabe ainda como está o estado do jovem. Moradores que estavam próximos, disseram que o jovem não era uma ameaça e que o mesmo tinha problemas neurológicos. Os moradores também avistaram os próprios policiais atirando no próprio parabrisa da viatura, mas afirmaram que foram “bandidos”. “A polícia forjou toda a situação”, afirmou um morador.

Crianças que passaram por essa situação hedionda, falaram para seus pais que estavam com medo de voltar para o bairro e mencionaram medo dos policiais militares. “Se uma criança de 3 anos falou isso, quem dirá um adulto”, disse a mãe da criança.

Vídeo: Banco de dados AND

Inconformados com os atos criminosos da polícia, a população resolveu se unir para fazer um protesto combativo em resposta à ação da polícia. Durante esse momento, ameaças vindas da polícia foram feitas para um morador que estava gravando o protesto e teve seu aparelho celular destruído, o mesmo também foi agredido pelos PMs: “Se você vier a publicar algo, vamos te encontrar nem que seja no inferno”, palavras de um PM ditas para o morador.

A equipe de AND seguirá acompanhando o caso.

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