Dezenas de moradores afetados por enchente bloquearam, com pneus em chamas, o cruzamento em frente à Secretaria de Habitação, no centro da cidade de Maceió, na manhã do dia 5 de julho. Eles exigiam a construção de casas e o seu aluguel social, ambos negados pela prefeitura de João Henrique Caldas (PL) e o governo do estado de Carlos Brandão Junior (PSB). Os moradores são do bairro Vergel do Lago, e foram afetados pela cheia da Lagoa Mundaú.
Os moradores denunciam que não recebem seu aluguel social há seis meses e que, mesmo tendo sido cadastrados anteriormente para os apartamentos construídos, a prefeitura está os obrigando a passar pelo processo burocrático do cadastramento novamente, sem garantia de que terão acesso às moradias. Outros denunciam que, na verdade, a prefeitura está vendendo os apartamentos.
Em entrevista à TV Ponta Verde, do monopólio de imprensa SBT, uma moradora denunciou: “Eles que estão vendendo nossas casas. Nós queremos a nossa moradia! Agora, por que eles chamam a polícia? Aqui não tem bandido não! Bandido é eles! Ladrão!”. ““Eu quero a minha casa, porque se não me der, eu vou invadir lá!”, afirmou outra manifestante. Após isso, as massas revoltadas entoaram: Vamos invadir! Vamos invadir!.
O bloqueio foi mantido por horas e, mesmo após tentativa de dispersão pela Polícia Militar (PM), os manifestantes iniciaram o protesto em outro local.
O direito à moradia
Na cidade de Maceió, as massas sentem de forma aguda a falta de moradias dignas. Além do usual déficit habitacional pelos preços absurdos dos aluguéis, inviáveis para qualquer família trabalhadora, em julho deste ano completa-se um ano desde que quase 60 mil pessoas foram afetadas pelas chuvas na cidade, destruindo milhares de lares. As massas de maceioenses são, além de tudo, afetadas pelo afundamento do chão em pelo menos quatro bairros desde 2018, por ação predatória da petroquímica Braskem na região.
Dezenas de milhares das massas na cidade perderam suas moradias nos últimos anos e são enroladas pelo velho Estado até hoje, que ou não constrói novas moradias, ou não as entregam, tudo isso enquanto não pagam, também o aluguel social ou indenização, direito do povo.
Entretanto, o acesso a moradias dignas têm sido sistematicamente negado ao povo brasileiro como um todo, segundo revela o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022. O Brasil tem 11 milhões de casas e apartamentos vagos, e o número de casas vazias é o dobro do déficit habitacional. Contra a falta desse direito, massas de todo o país, assim como os moradores do Vergel do Lago em Maceió, se rebelam justamente, e exigem moradias dignas para viver, empregando métodos combativos, como as barricadas em chamas, rechaçando a morosidade do velho Estado e o parasitismo das grandes imobiliárias.