O mês de fevereiro registrou a maior inflação desde 2003 (1,31%) com o aumento de itens como ovos, café e energia elétrica, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados hoje (12/3). A alta foi divulgada dois dias depois do anúncio do aumento de 4,4% na cesta básica pelo Dieese.
As maiores altas foram nos ovos, que subiram 15,38% em relação ao mês de janeiro, e na energia elétrica residencial, que registrou alta de 16,8%, o maior aumento mensal desde 2003. Além disso, o café moído subiu 10,77%.
A disparada no preço dos alimentos, em especial do ovo, se dá em um contexto de aumento das exportações de itens produzidos pelo latifúndio (“agronegócio”). Com o avanço da gripe aviária nos EUA e a alta no dólar, o latifúndio, objetivando seus superlucros, elevou a exportação, enquanto sufocam o mercado interno. Além disso, o regime latifundista, com a alta concentração de terras nas mãos dos poucos latifundiários, impede a distribuição de terras para as amplas massas camponesas e entrava o desenvolvimento das forças produtivas do País.
Os economistas burgueses, chancelados pelo monopólio de imprensa, não perdem tempo para desviar a culpa do latifúndio. Alguns chegam a indicar que a causa da inflação do ovo estaria no período religioso da quaresma, que, supostamente aumenta a demanda de ovos em detrimento da queda no consumo de carne vermelha.
A exportação também justifica o aumento do preço da carne. Foram mais de 219 mil toneladas exportadas somente em fevereiro, um aumento de 7,5% em relação ao mesmo período do ano passado. No total, mais de 428 mil toneladas de carne foram enviadas para o exterior somente em 2025, verificando uma alta de 4,7% em relação a fevereiro de 2024. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, divulgados pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne. Segundo o IBGE, o preço da carne subiu em mais de 20% durante o ano passado.
Conforme foi noticiado por AND essa semana, o governo, eleito sob a promessa de diminuir o custo de vida das massas populares, nada tem feito para limitar as exportações do “agronegócio”. Mesmo com a oportunidade de impôr tarifas sobre os produtos agropecuários como forma de retaliação ao “tarifaço” do presidente ianque Donald Trump, o governo de Luiz Inácio (PT) se recusa a impor qualquer medida que mexa nos interesses dos latifundiários e dos imperialistas.
Preços da energia elétrica e combustíveis disparam
Outro fator que favorece o aumento do preço dos alimentos é o custo com o transporte, ainda mais no antiquado modelo rodoviário brasileiro. A situação é pior ao considerar a alta dos combustíveis: a gasolina subiu 2,78%, o óleo diesel 4,35% e o etanol 3,62%. A alta foi arbitrária, decidida pelos parlamentares no reajuste do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Antes disso, o combustível havia sido reajustado para ficar equiparado ao mercado internacional, algo que prejudica o povo e beneficia os bilionários do ramo do petróleo. Aqui, Luiz Inácio ou a atual direção da Petrobras também se recusa a fazer mudanças de peso, conforme denunciado pela Associação de Engenheiros da Petrobras (Aepet) essa terça-feira.
O aumento de 16,8% no valor da luz elétrica em residências está intimamente ligado ao precário sistema energético brasileiro, benéfico apenas para o imperialismo e as classes dominantes locais. Vários municípios brasileiros ainda não estão integrados no sistema Interligado Nacional, o que força o uso de óleo diesel para gerar energia, encarecendo o preço final.
Ao mesmo tempo, os sucessivos governos de turno nunca montaram um plano para o uso de petróleo na geração de energia, algo que poderia baratear a produção energética. A maior parte do combustível fóssil é exportado de forma crua para países imperialistas.