Após anunciar o aumento da exportação de ovos para os Estados Unidos, o preço do produto ficou praticamente 20% mais caro em relação ao mês anterior, fevereiro, conforme apresentado pela prévia da inflação de março, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os ovos são um produto majoritariamente produzido por camponeses pobres, que vendem o produto a um baixo preço e, muitas vezes, sob prejuízo, por conta dos contratos leoninos impostos pelas grandes empresas latifundiárias que monopolizam o mercado. Contudo, o preço é inflado pelas grandes empresas ou por latifundiários, que cobram valores exorbitantes para levar o produto aos centros de distribuição ou aos portos, onde são enviados ao exterior. O produto é escoado sem qualquer tratamento industrial, o que é feito só ao chegar em território estrangeiro, diminuindo ainda mais o valor do produto ao sair do Brasil.
Outro produto tradicional na mesa das massas populares brasileiras que voltou a apresentar alta nos preços é o café moído (+8,5%). O produto é majoritariamente monopolizado pelo latifúndio (agronegócio) e, assim como outros produtos primários (commodities), não é taxado ou possui taxações inferiores a 1%, o que faz engordar os bolsos dos latifundiários sem nenhum retorno à Nação. Nesse contexto, os latifundiários e grandes burgueses se aproveitam da alta do dólar para elevar seus lucros.
O impacto da inflação é aprofundado com o aumento da taxa de juros de 1% anunciado na última semana pelo Banco Central, uma vez que os empréstimos ficam mais elevados e os produtos se tornam ainda mais caros para as famílias mais pobres, cujo mais de 80% já se encontram endividadas.
Procurando desviar a culpa, os latifundiários do ramo de suínos, bovinos, aves e ovos organizados no cartel Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a mesma que decidiu pelo aumento das exportações, insistiram na tese de que a alta nos ovos é culpa do período religioso da quaresma. Segundo a desculpa dos economistas da ABPA, a procura por ovos nesse período cresce em detrimento da carne vermelha. Contudo, a própria ABPA, enquanto entidade monopolista, atua em controlar o preço dos alimentos e explorar a sua alta.
Por sua vez, o governo oportunista de Luiz Inácio não faz nada para frear os abusos promovidos pelo latifúndio e os grandes burgueses a serviço das magnatas imperialistas, em especial norte-americanas. Ao contrário, segue elevando as taxas de juros e enviando cada vez mais recursos ao latifúndio. Nesse sentido, o suplemento de R$4,1 bilhões aos latifundiários no plano safra, praticamente o mesmo valor cortado da assistência social neste mês, é uma expressão clara da completa submissão do governo oportunista aos interesses do latifúndio.