Camponeses que vivem em Manacapuru, no Amazonas, acampam em frente ao Tribunal de Justiça (TJ-AM) em protesto contra a reintegração de posse expedida em janeiro deste ano. As famílias, representando ao menos 400 outras, estão acampadas desde a madrugada do dia 16/04. Elas denunciam ainda que foram vítimas de ameaças com armas de fogo feitas por capangas e policiais.
A ação de reintegração de posse beneficiou a empresa latifundiária Agropecuária Exata que, como já noticiado por AND, é de propriedade de Otavio Raman – dono do Grupo Raman Neves de Comunicação (monopólio de comunicação vinculado ao SBT). Ele também é o atual sócio na Construtora Exata, à qual Amazonino (governador do Amazonas) associou-se, em 1990, por meio de um contrato de mútuo (empréstimo). A empresa está envolvida em denúncias de escândalos de fraudes e corrupção envolvendo o próprio governador.
Uma camponesa residente na área, Artemisa Vasconcelos, relatou a difícil situação criada pelo latifundiário. “Nós estamos há três meses lutando para provar que essa terra não é deles, nós temos documentos do Ministério Público falando que a terra é pública” denuncia, e prossegue: “Nós não aguentamos mais a situação, estamos padecendo, perdemos nossa plantação. Nós somos agricultores, precisamos de nossas terras de volta.”, conclui, em entrevista à imprensa local.
De acordo com denúncia de uma outra moradora da área, Marli da Silva, no dia 12/04 o próprio Otávio Raman esteve na área com capangas e policiais, ameaçando camponeses, saqueando e roubando alimentos e equipamentos. “Otavio Raman apareceu com policiais e eles roubaram nossos alimentos, levaram nossa comida, tiraram o terçado das mãos do meu filho e do meu marido. Saíram de lá ameaçando e dando tiro.”, afirmou à imprensa local “Amazonas atual”.
Famílias ocupam TJ para exigir justiça.