Há cerca de sete meses, camponeses da comunidade Marielle Franco, no município de Lábrea, Sul do Amazonas, sofrem constantes ataques de latifundiários locais que se dizem donos do que eles denominam de ‘Fazendo Palotina’, uma área de 150 mil hectares.
Os ataques envolvem torturas, ameaças e sequestros feitos por pistoleiros, incluindo ex-policiais. São acusados de serem os mandantes dos crimes Sidney Zamora e Sidney Zamora Filho, pecuaristas paulistas que detém grandes terras na região. Em investigação exclusiva do The Intercept, foi revelado que os latifundiários vem usando clubes de tiro como mecanismo de armamento de seus jagunços.
Segundo a reportagem, o Clube de Tiro Tita só existe no papel, não tendo sede real e sequer contando com atiradores registrados. Entretanto, Haroldo Martins, um dos líderes dos camponeses afirma que o pecuarista e seus seguranças chegam a fazer exercícios de tiro dentro da fazenda, em uma área próxima ao Acampamento Marielle Franco. E que seguranças ostensivamente armados costumam circular fazendo ameaças aos moradores.
Este não é um caso isolado, segundo a matéria do ‘The Intercept’ e do ‘Outras Mídias’, sobre esse caso em questão e sobre clubes de tiros na Amazônia, esses clubes tiveram seu aumento durante o governo Bolsonaro, houve flexibilização de regras ambientais, deixando com isso, uma enorme brecha para os latifundiários se armarem para intimidar a crescente luta pela terra.
O caso da Comunidade Marielle Franco
Segundo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), as terras ocupadas pertencem à União, ou seja, são terras públicas. O presidente do Incra do Amazonas, Denis Silva, afirma que os latifundiários não apresentaram escrituras que comprovem com propriedade a posse da fazenda.
Entretanto, mesmo com todas as irregularidades, os reacionários conseguiram decisões judiciais de reintegração de posse da propriedade, sendo elas suspensas após a União apresentar interesse na área e o caso passar para a esfera federal, atual estágio do conflito no meio judicial.
A violência no meio rural tem se mostrado cada vez mais constante, vendo-se a partir da resistência das comunidades camponesas e dos povos indígenas contra os grileiros e oligarcas que tradicionalmente dominam essas áreas.
A Comunidade Marielle Franco é um desses exemplos de resistência para permanecer nas suas terras em contraposição ao terror no campo que sempre ocorreu patrocinado por latifundiários;